Que são fatos dogmáticos? É qualquer fato, não revelado, unido porém tão estreitamente com o dogma revelado, que negar este fato era o mesmo que abalar os fundamentos do próprio dogma.
Exemplos: Dizer que o Concílio Vaticano I é um concílio legítimo e dogmático. Pois bem! Negar este fato dogmático seria abalar os fundamentos do dogma da Infalibilidade definido neste Concílio.
Outro fato dogmático: A tradução da Bíblia chamada Vulgata feita por São Jerônimo, é conforme substancialmente ao texto original.
Observação: Digamos de passagem que este fato dogmático é de grandíssima importância porque vários papas elogiaram e aprovaram a Vulgata de São Jerônimo. Entre eles o Papa Bento XV, que na Encíclica "Spiritus Paraclitus" diz: "É por consenso unânime que se coloca na primeira linha desse escol (de numerosos exegetas tão notáveis pela santidade como pela ciência) São Jerônimo, em quem a Igreja Católica reconhece e venera o maior Doutor que o céu lhe deu para a interpretação das Santas Escrituras". São Pio X, condenou no seu Sílabo "Lamentabilis" a proposição modernista: "Os exegetas heterodoxos interpretam o verdadeiro sentido das Escrituras com mais fidelidade do que os exegetas católicos".
O Papa Pio XII na Encíclica "Divino Afflante Spiritu" declara que a autoridade preeminente ou autenticidade da Vulgata vem da tradição; ou seja pelo uso legítimo que dela se fez na Igreja durante tantos séculos; "uso, diz Pio XII, que prova estar ela no sentido em que a entendeu e entende a Igreja, completamente isenta de erros no que toca à fé e aos costumes; de modo que, como a mesma Igreja atesta e confirma, se pode nas disputas, preleções e pregação alegar seguramente e sem perigo de errar".
Pio XII é mal interpretado pelos modernistas quando diz: "Nem a autoridade da Vulgata em matéria de doutrina impede - antes nos nossos dias exige - que a mesma doutrina se prove e confirme, também com os textos originais, e que se recorra aos mesmos textos para encontrar e explicar cada vez melhor o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras".
Nós sabemos que os modernistas e neomodernistas no Concílio Vaticano II e após ele, a exemplo do que fizeram com o "aggiornamento" querido por João XXIII, assim também fizeram com esta encíclica de Pio XII, ou seja, não procuraram guardar a doutrina no mesmo sentido, mas mudar a tradução e a exegese. Assim como há um verdadeiro progresso nos dogmas, há também um verdadeiro progresso na exegese. Mas o modernistas, olham o progresso das ciências e pregam a evolução dos dogmas. Pela constante evolução em nome da ciência, prejudicaram a Tradição da Igreja e as Sagradas Escrituras, que são justamente as fontes da Revelação, dos dogmas. Por isso, dizia São Pio X que os modernistas destruiriam a Igreja pelos fundamentos, se isso fosse possível. Já antes de São Pio X, o Concílio Vaticano I condenara todos aqueles que pregam a evolução dos dogmas em nome da ciência. Na Constituição Dogmática que trata da Fé e da Igreja, no capítulo IV que fala sobre a fé e a razão, cânon 2 diz: "Se alguém disser que as ciências humanas devem ser tratadas com tal liberdade que as suas conclusões, embora contrárias à doutrina revelada, possam se retidas como verdadeiras e não possam ser condenadas pela Igreja - seja excomungado". E no cânon 3 diz: "Se alguém disser que às vezes, conforme o progresso das ciências, se pode atribuir aos dogmas propostos pela Igreja um sentido diverso daquele que ensinou e ensina a Igreja - seja excomungado".
No entanto, o Código de Direito Canônico (promulgado em 1983) assim reza no § 2º do cânon 825: "Com licença da Conferência Episcopal, os fiéis católicos podem preparar e editar em colaboração dos irmãos separados (= os protestantes) versões das Sagradas Escrituras, anotadas com as explicações convenientes".
Logo após a criação da Administração Apostólica, passei a receber frequentemente coisas dos progressistas e entre elas "Campanhas para o dízimo". E, um dia mandaram-me de presente um Novo Testamento. Fui logo examinar o presente: "Timeo Danaos et dona ferentes". Abri o "Cavalo de Tróia, e lá estavam os inimigos". Assustei-me já com a primeira página onde se lê: "NOVO TESTAMENTO - Tradução Ecumênica". Na segunda folha está a RECOMENDAÇÃO, e nesta, entre outras coisas, se lê: "A Bíblia - Tradução Ecumênica baseia-se nos textos originais e reproduz fielmente o modelo da mundialmente reconhecida "Traduction Oecuménique de la Bible". Contém o texto integral do Antigo Testamento, com os livros deuterocanônicos ou apócrifos, e o do Novo Testamento, traduzidos, introduzidos e anotados por ampla equipe de estudiosos de diversas confissões cristãs e do judaísmo, representando a harmonia da unidade e o respeito da diversidade na leitura fiel do livro acolhido como Palavra de Deus. Recomendamo-la, portanto, aos leitores desejosos de aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus, consignada na Bíblia, Escrituras Sagradas do Judaísmo e do Cristianismo, patrimônio da humanidade. A Edição da Bíblia - Tradução Ecumênica - mereceu o louvor das Instituições Ecumênicas de nosso País e a Aprovação da Presidência da CNBB, conforme o cânon 825 §§ 1 e 2."
D. Luciano Mendes de Almeida
Presidente da CNBB
Arcebispo de Mariana
Ylanco S. de Lima
Bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Presidente do Conselho N. de I. Cristãs
Este Novo Testamento foi editado pelas Edições Paulinas e Edições Loyola em 1996.
D. Luciano Mendes de Almeida que o aprovou, era então o Presidente da CNBB.
Faleceu em 27 / 08 / 06.
Pois bem! Em seguida fui examinar a tradução e, como sempre faço, fui direito ao capítulo I, v. 28 do Evangelho de São Lucas. É a saudação do Arcanjo São Gabriel a Nossa Senhora. E neste Novo Testamento Ecumênico assim está traduzido: "Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus. O Senhor está contigo".
Eu tinha dez bíblias protestantes. Foram protestantes que se converteram e entregaram-me suas bíblias e dei-lhes a Bíblia Católica - a Vulgata de São Jerônimo. Fui lá conferir como era a tradução protestante; e verifiquei que, com pequenas variantes, a tradução é substancialmente igual a tradução ecumênica.
Conferi na Vulgata do Padre Mato Soares, que recebeu o imprimatur em 1933 e a aprovação e elogios da Secretaria de Estado de Sua Santidade o Papa Pio XI. Documento este assinado pelo então Presidente da Secretaria de Estado, o cardeal Pacelli que foi o sucessor de Pio XI, o grande Pio XII. E lá está a tradução bem fiel a Vulgata Latina de São Jerônimo: "E, entrando onde ela estava, disse-lhe: Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres". (S. Luc. I, 28).
Vejam, caríssimos leitores, como são terríveis as conseqüências deste ecumenismo conciliar! Por exemplo: o Papa Pio IX na Encíclica "Ineffabilis Deus", baseado na Tradução da Vulgata de São Jerônimo,faz a seguinte argumentação a favor da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria (nº 26): "Depois, quando os mesmos Padres e escritores eclesiásticos consideravam que, ao dar à beatíssima Virgem o anúncio da altíssima dignidade de Mãe de Deus, por ordem do próprio Deus, o anjo Gabriel lhe chamara - cheia de graça - ensinaram que com esta singular e solene saudação, até então nunca ouvida, se demonstrava que a Mãe de Deus era a sede de todas as graças de Deus, era exornada de todos os carismas do Espírito Divino; antes, era um tesouro quase infinito e um abismo inexaurível dos mesmos carismas; de modo que, ela não somente nunca esteve sujeita à maldição, mas foi também, juntamente com seu Filho, participante de perpétua bênção: digna de, por Isabel, movida pelo Espírito de Deus, ser dita: "Bendita és entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre". No nº 27 continua: "Destas interpretações se infere, clara e concorde, a opinião dos Padres da Igreja. A gloriosíssima Virgem, pela qual "grandes coisas fez Aquele que é poderoso", resplendeu de tal abundância de dons celestes, de tal plenitude de graça e de tal inocência que se tornou como que o milagre de Deus por excelência, ante a culminância de todos os seus milagres, e digna Mãe de Deus; de modo que, colocada, tanto quanto é possível a uma criatura, como a mais próxima de Deus, ela se tornou superior a todos os louvores dos homens e dos Anjos."
Pio IX com a tradução ecumêncica, não teria como extrair tão belos argumentos a favor da Imaculada Conceição. O mais grave na tradução ecumêncica é que os protestantes fazem esta tradução justamente para deturpar o sentido original da palavra empregada por São Lucas, que escreveu inspirado pelo Espírito Santo. Escreveu em grego. E a palavra em grego é kecaritoméne. A tradução de São Jerônimo não podia ser mais exata: "gratia plena". Em português: "cheia de graça". A palavra original grega - kecaritoméne - significa PLENITUDE de alguma coisa. É realmente uma saudação, como diz o papa Pio IX, nunca ouvida. Só Nossa Senhora, foi a simples criatura humana que teve a plenitude da graça, ou seja, nunca lhe faltou a graça, e teve-a num grau máximo como nenhuma criatura humana por mais santa que fosse poderia ter. Isto porque foi predestinada pelo próprio Deus para ser a Sua Mãe. Sua digna Mãe. Deus empregou todo seu amor e todo seu poder para preparar a Sua Mãe.
Agora podemos compreender mais facilmente como os "fatos dogmáticos" fazem parte o objeto da Infalibilidade. Mas alguém poderia perguntar: Mas também a Igreja não é infalível nas leis universais, como é o caso do Código de Direito Canônico? Respondo que sim, mas, nem sempre, como veremos, se Deus quiser, em algum post em breve.
Num sermão que tive oportunidade de fazer numa paróquia vizinha, discordei desta tradução ecumênica da Bíblia. E, depois eu soube que um padre, meu colega não gostou. Aconteceu, porém, que poucos dias após, o Santo Padre, o Papa, Sua Santidade Bento XVI, na sua Encíclica "SPE SALVI", ele discorda da Tradução Ecumênica Alemã, e, como Sua Santidade fez questão de frisar, tradução esta ecumênica feita com a aprovação dos Bispos. A verdade é que nunca mais em lugar nenhum do mundo fui convidado para pregar. Mas tenho o meu querido Blog! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!
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