O SUJEITO DA INFALIBILIDADE
Sujeito da Infalibilidade significa aqueles a quem Nosso Senhor Jesus Cristo confiou o poder de ensinar, e prometeu a Infalibilidade. São dois: a) O Papa. b) Os bispos em comunhão com o Papa.
Vamos explicar ambos; mas antes vamos falar sobre o Magistério Eclesiástico. Na verdade, Nosso Senhor Jesus Cristo deu a Sua Igreja três poderes: 1º - de governar; 2º - de ensinar; 3º - de santificar.
Em primeiro lugar, vamos ver mais detalhadamente em que consiste o poder de ensinar. Em outras palavras, vamos tratar do Magistério da Igreja, isto é, MAGISTÉRIO ECLESIÁSTICO.
MAGISTÉRIO ECLESIÁSTICO
A Teologia Tradicional formula a seguinte tese: "O Magistério autêntico e vivo, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, é infalível ao transmitir a doutrina revelada".
Explicação das palavras: Magistério autêntico: isto é, aquele que é concedido e firmado por um poder legítimo. Portanto, para que alguém ensine autenticamente é preciso uma delegação legítima para ensinar.
Devemos observar que o simples magistério autêntico eclesiástico não é necessariamente um magistério infalível. Por exemplo: cada bispo tomado isoladamente e mesmo os bispos reunidos num concílio e até mesmo o Romano Pontífice, podem ensinar autenticamente, sem que a doutrina seja proposta infalivelmente; porque para isso (isto é, propor de maneira infalivel) requer-se pelo menos a intenção de ensinar alguma doutrina como infalível. Além desta intenção são requeridas ainda outras condições, como veremos depois.
Vamos aqui, mais uma vez, explicar melhor o que é infalibilidade.
DEFINIÇÃO DE INFALIBILIDADE: Infalibilidade é uma prerrogativa sobrenatural, que a Igreja docente (isto é, que ensina) goza em virtude de uma assistência divina, pela qual ela não pode errar (nem de fato nem de direito) ao propor uma doutrina revelada. Em duas palavras: é imunidade de erro. Não pode errar.
Por que dissemos que a infalibilidade é uma prerrogativa sobrenatural? Porque o homem por sua natureza é falível, portanto, precisa de uma graça especial para não errar quando ensina.
Por que dissemos na definição: da Igreja docente? Porque aqui se trata da infalibilidade ativa. Pois, existe a infalibilidade passiva, isto é, a infalibilidade da Igreja discente, isto é, infalibilidade daqueles que aprendem. A infalibilidade da Igreja docente é chamada ativa porque deve influenciar nos fiéis.
A infalibilidade da Igreja discente é chamada passiva porque recebe a doutrina infalível da Igreja docente. Em outras palavras: a adesão por parte dos fiéis à doutrina proposta pela Igreja docente de modo infalível, faz com que a Igreja discente que aceita, se torne infalível. Depois vamos, se Deus quiser, explicar isto melhor, ao falarmos do "Sensus Fidei". Pelo que acabamos de expor, observemos de passagem, que não é vício capital de orgulho, conservar com firmeza, as verdades que a Santa Madre Igreja sempre nos propôs como infalíveis; mas, pelo contrário, é a virtude da fé, pela graça de Deus.
Por que dissemos na definição: em virtude de uma assistência divina? Porque a assistência divina é causa eficiente. Portanto, a infalibilidade não vem nem da ciência, nem da santidade do sujeito, nem do talento natural.
Por que dissemos na definição: ao propor uma doutrina revelada? Porque o objetos em torno do qual o Magistério autêntico da Igreja se diz infalível, são a doutrina revelada e todas aquelas que são necessariamente conexas com as verdades reveladas. Por exemplo: A imortalidade da alma é uma verdade revelada, é um dogma, e portanto, objeto direto da infalibilidade. A espiritualidade da alma é uma verdade necessariamente conexa com a imortalidade da alma, e portanto, é indiretamente, objeto da infalibilidade.
Para terminar a explicação dos termos da definição de infalibilidade, quero lembrar mais uma vez que infalibilidade não significa que o sujeito (o papa e/ou os bispos em comunhão como o papa) seja onisciente, isto é, saiba todas as coisas; ou seja impecável, isto é, que não peca nunca. Só Deus é onisciente e não comunicou a onisciência a ninguém; e entre as criaturas humanas, só Nossa Senhora foi impecável.
Ainda falta explicar por que na Tese sobre o Magistério Eclesiástico se diz Magistério VIVO?
Antes de responder, devemos saber que os modernistas atualmente dizem Magistério Vivo num sentido ambíguo. Isto aconteceu sobretudo depois do Concílio Vaticano II. Para os modernistas o dogma deve evoluir segundo os tempos e as circunstâncias; e a Igreja deve estar sempre procurando se adaptar as novidades que o Povo de Deus vivencia, criando-as pelo sentimento religioso que vem do coração. As palavras: evolução, novidades, progresso, vivência, são capitais para os modernistas. Em outras palavras: o Magistério da Igreja é vivo, segundo os modernistas, porque tem que acompanhar o progresso do mundo. Os modernistas dizem que a Igreja é infalível, enquanto aprova as opiniões comuns do Povo de Deus. Portanto, invertem os papéis.
Observação: Depois, ao tratarmos do Concílio Vaticano II, vamos explicar que o "aggiornamento" desejado por João XXIII, naquele concílio, era no sentido tradicional. Inclusive o Papa João XXIII, hoje Santo, que convocou o Concílio Vaticano II, havia incumbido alguns cardeais de confiança como o Cardeal Ottaviani, de preparar os esquemas do Concílio. Por exemplo, foi feito um esquema sobre a Igreja e lá fala do Magistério da Igreja. É o capítulo VII, "De Ecclesiae Magisterio", da 2ª parte do esquema "De Ecclesia", proposto pela Comissão de Teologia preparatória para o Concílio.O Cardeal Ottaviani era o presidente desta Comissão Teológica. Na confecção deste esquema sobre a Igreja trabalharam 31 membros, mais 36 consultores pertencentes a 15 nações, a maioria professores de universidade ou que ensinavam em grandes instituições eclesiásticas do mundo inteiro. Cada um deles estava credenciado por várias publicações de grande valor, algumas das quais eram utilizadas como manuais nos seminários e universidades. E levaram em conta até o lado pastoral do Concílio. Acontece que os modernistas queriam outra coisa, como veremos mais tarde, se Deus quiser.
Vê-se claramente que o Papa João XXIII pretendia fazer como fizera o beato Pio IX no Concílio Vaticano I. Só que no Concilio Vaticano I não foram mudados os esquemas preparatórios por outros; e no Vaticano II, infelizmente foram mudados. Neste ponto o Papa João XXIII não teve a mesma força que teve o Papa Pio IX. Vejam o que fizeram no Vaticano II: Dos 11 capítulos do esquema "De Ecclesia", ficaram só 4 e mesmo assim inteiramente mudados. O Capítulo VII sobre o Magistério foi simplesmente morto antes de nascer. Neste Capítulo VII não há nada de ambíguo: está inteiramente correto à luz da Tradição. E são grandes teólogos tradicionais que o afirmam. Lá diz: "Magistério Perene e Vivo". D. Antônio de Castro Mayer nos dizia que o seu grande amigo, o cardeal Ottaviani ficou triste e revoltado com esta troca dos esquemas e isto feito na última hora). Costumo dizer que os Modernistas trabalham muito mas onde não se deve: são como as formigas. O Cardeal Ottaviani, que era o Presidente da Comissão Teológica Preparatória, alertou várias vezes que havia muitas ambiguidades naqueles novos esquemas. E uma delas é o "subsistit in". Hoje já foi dado o sentido correto (embora até grandes teólogos tenham dificuldade em entender o emprego desta expressão) mas não foi retirada a expressão que deu azo ou espaço a tantos erros. Na minha opinião foi uma ponte para o ecumenismo, a ideia central de todo o Concílio Vaticano II.
No próximo post, veremos o que escreveu D. Antônio de Castro Mayer sobre o Magistério Perene e Vivo.
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