domingo, 25 de outubro de 2020

AS VIRTUDES INFUSAS


SENTENÇA: 1 - "Salvou-nos mediante o batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós abundantemente por Jesus Cristo, Nosso Salvador" (Tt III, 5 e 6). 

REFLEXÕES:  S. Agostinho, explicando as palavras "derramou com abundância", acrescentou o comentário: "isto quer dizer, para remissão dos pecados e abundância de virtudes.

Deus, Bondade infinita, depois de ter criado o homem com dons naturais espirituais e extraordinários (a inteligência para conhecer a verdade; a vontade para desejar e amar o bem) na sua infinita liberalidade, quis vir morar em nós. E mais: veio para nos santificar e tornar o homem seu filho, e, portanto, herdeiro de seu reino. Em outras palavras: quis tornar-nos participantes da sua Vida, da sua Natureza e assim divinizar a criatura humana e torná-la semelhante a Si, dando-lhe a capacidade de fazer obras meritórias para o Céu.

Para tanto, o nosso Pai do Céu, elevou as nossas faculdades naturais (de si boas, porque feitas por Ele) a uma ordem acima da natureza, i, é, SOBRENATURAL. A graça santificante é o princípio vital desta vida que está acima de toda natureza criada. Juntamente com esta graça habitual que recebemos no santo Batismo, Deus infunde na alma as virtudes teologais, e, segundo doutrina comum dos teólogos, também as cardeais.

Virtude é uma disposição habitual e firme de fazer o bem. Há as virtudes morais (humanas) e as teologais (divinas). As humanas (das quais as principais são as cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança) são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e orientam a nossa conduta em conformidade com a razão e a fé. As teologais (fé, esperança, caridade) têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus (teologal=que se refere a Deus). Infundidas no homem com a graça santificante, elas nos tornam capazes de viver em relação com a SS. Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes morais.

Observação importante: Estas virtudes cardeais infundidas por Deus juntamente com a graça santificante não nos dão a facilidade, mas o poder sobrenatural próximo de praticar atos sobrenaturais.  Ao chegar ao uso da razão, iluminado e movido pelas graças atuais, será necessário que o homem repita atos destas virtudes e assim, adquira o hábito delas, isto é, uma facilidade em colocar em prática aquele poder infundido por Deus.

Com os atos relativos a cada virtude teologal, porém, nós não as adquirimos, mas exercitamo-las.

EXEMPLOS: 1 - Um dia um menino de Turim, o Marques Máximo de Azeglio, dirigiu às pessoas de sua família esta pergunta: "Somos nobres?" O seu pai respondeu: "Serás nobre se fores virtuoso!"

Este pai disse uma grande verdade. Eram marqueses e, portanto, de linhagem nobre. Mas, na verdade, a nobreza da linhagem nenhum mérito tem perante Deus, ao passo que só a da alma, dada precisamente pela prática da virtude, tem grande valor perante Deus.

2 - A princesa Luíza de França (que mais tarde havia de entrar no Carmelo para expiar os crimes de seu pai o Rei Luis XV) um dia, num momento de cólera, disse para sua ama: "Não sabes que sou a filha de teu rei? --- E vós, replicou a ama, não sabeis que sou filha de vosso Deus?

A esta resposta inesperada, que lhe recordou a sua fé e a sua origem divina, a irascível princesa instantaneamente se acalmou e passou a meditar na verdadeira nobreza de ser filha de Deus. Terminou se convertendo, como veremos no próximo artigo.

 "O fim de uma vida virtuosa, diz S. Gregório de Nissa,  consiste em se tornar semelhante a Deus" Amém!

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