sexta-feira, 5 de julho de 2019

A MEDITAÇÃO SOBRE A MORTE É UMA PREPARAÇÃO PARA A MESMA



Tomemos a morte como mestra que nos instrui sobre como torná-la a coisa mais benéfica.


Consideremos, então, as lições da morte: 1ª - Devemos fazer agora o que talvez não possamos fazer na hora da morte; 2ª - Devemos fazer agora o que será indispensável fazer na hora da morte; 3ª - Devemos fazer agora o que se quereria ter feito, quando for necessário morrer.

FAZER AGORA O QUE TALVEZ NÃO SE POSSA FAZER NA HORA DA MORTE. Há mortes repentinas e mortes previstas com certeza, a menos que haja um milagre. Quantas doenças incuráveis! Pois bem, à aproximação do último momento qual a primeira coisa que se oferecerá ao nosso espírito? Sem dúvida, será a imagem de nossa vida, tal qual tiver sido realmente. Durante a vida, na verdade, nunca se aprofunda as coisas tanto como na proximidade da morte. Frequentemente iludimos nossa consciência, nos desculpamos e, pode acontecer, de a gente fazer vistas grossas até sobre coisas necessárias para a salvação. Deixo-me enganar pelos elogios e não procuro me corrigir de pecados secretos. Durante a vida, quem sabe? a pessoa usou de espertezas para ganhar dinheiro em negócios? Não gostaria que o outro fizesse consigo o que fez com ele. Quantos ressentimentos secretos que certamente extinguiram a caridade no coração! Estarei tranqüilo a respeito das minhas penitências? Sei que pequei, mas fiz a penitência devida? Não haverá confissões mecânicas e por formalidade? Pior: sacrílegas? E como será difícil (caso for possível) fazer uma confissão geral na proximidade da morte para reparar tudo o que durante a vida ou uma grande parte dela, não se teve força e coragem para fazer!

A saída para todas estas coisas é fazer agora o que talvez não se possa fazer na hora da morte: Fazer confissão geral  e extraordinárias(só os escrupulosos não precisam e nem podem se já a fizeram uma vez). Reparar todo dano causado aos bens materiais e/ou espirituais dos próximos; praticar mais a caridade, fazer mais penitência e orações. Em poucas palavras, se tenho a peito a minha salvação, devo dispor a minha consciência de tal sorte, que ela não possa na proximidade da morte, arguir-me de ter sido negligente nos exames de consciência, de não ter tido sincera dor, e de não ter cumprido bem a penitência, de não ter perdoado do fundo do coração aqueles que me ofenderam ou deram prejuízo.  Caríssimos, feliz de quem, pelo menos uma vez na vida, tenha feito um santo retiro! Este é o tempo mais favorável, é um tempo de salvação! Uma santa confissão geral feita num santo retiro, não precisa ser repetida nem na hora da morte. Devemos frequentemente fazer atos de amor a Deus durante a vida, para que, nas proximidades da morte, seja esta a nossa exclusiva ocupação.

FAZER AGORA O QUE SERÁ INDISPENSÁVEL FAZER NO HORA DA MORTE: Quer queiramos quer não, na hora da morte teremos que abandonar tudo. Se não nos desapegarmos agora de tudo voluntariamente, por amor a Deus e, portanto, com merecimento, seremos forçados pela morte a fazê-lo e sem merecimento. Deus, nosso Pai do Céu, pede-nos com toda bondade, que renunciemos a tudo por Seu amor. "Estais mortos, e a vossa vida está escondida com Jesus Cristo em Deus" (Coloss. III, 3). S. Paulo entendia assim que os primeiros cristãos tinham renunciado a todas as sua afeições carnais e terrenas. Os que tinham bens, não lhes tinha apego; se até então antes da conversão, tinham hábitos viciosos, tinham-nos sepultado na água do Batismo. Devemos estar mortos para todos os falsos bens do mundo, para todas as paixões, para todos os vícios. Assim tudo estará em ordem: "As despedidas estão feitas", dizia S. Francisco de Sales. Mas, como chegar a ter esta morte mística? A oração, o exercício da presença de Deus, a mortificação dos sentidos, a cruz de Jesus Cristo abraçada por amor, são os meios que devemos empregar agora, enquanto é dia, porque, vindo a noite da morte, não se poderá fazer mais nada.

FAZER AGORA O QUE SE QUERERIA TER FEITO, QUANDO FOR NECESSÁRIO MORRER: Um dos maiores pesares do moribundo é ver o mau uso que fez do tempo, este tempo que, podemos dizer, vale o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Então compreende que a vida só lhe foi dada para merecer o Céu. Enquanto a vida dura, podia fazer valer os talentos que Deus lhe deu; podia juntar merecimentos, e, agora, está prestes a ouvir esta sentença: "Já não poderás mais administrar; presta conta da tua administração". Levarás agora para a eternidade o que tens neste momento. Caríssimos, vivamos e não cessemos de viver como quereríamos então ter vivido. A verdade é que nunca faremos tanto bem, que na hora da morte não desejemos ter feito mais. O avarento nunca julga ter conseguido o suficiente! Por que não pensemos o mesmo em relação ao tesouro no Céu?!

Quem pensa na morte não peca. Por este meio evitarei todos os pecados e sempre. O pensamento da morte reprime e torna impotentes as duas paixões que ocasionam todos os pecados: a soberba e a sensualidade. E se pecar, não permanecerei no pecado. Penso: se o meu coração deixa de palpitar, o meu corpo cai sobre a terra. E a minha alma cairá, onde? Por conseguinte, vivo sempre no estado de graça.

O pensamento da morte desapega de todas as coisas perecedoras, e deixa ao nosso coração a liberdade para se unir a Deus. Pois, mostra o nada das coisas deste mundo. Tudo é vaidade e aflição de espírito: riquezas, honras, prazeres, amizades humanas.

O pensamento habitual da morte concorre para morrer com o coração cheio de confiança: o homem terá a prudência de empregar bem todos os seus instantes; daí, os dias cheios, em que tudo é para o Céu, porque tudo é para Deus. O pensamento da morte fará que eu ande diante de Deus em santidade e justiça, e assim, conduzir-me-á à felicidade de morrer na paz da confiança, na alegria do amor de Deus.

Senhor, que eu aproveite verdadeiramente a minha vida para juntar um tesouro no Céu, tesouro este, que, como dissestes, o ladrão não rouba, a traça não rói e a ferrugem não consome. Amém!

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