sábado, 25 de agosto de 2018

A PROVIDÊNCIA DIVINA



"A tua providência, ó Pai, é que o governa" (Sab. XIV, 3). Temos a tentação de achar que a Providência de Deus só governa o mundo nos grandes acontecimentos; mas devemos reconhecê-la e adorá-la até nas menores circunstâncias da nossa vida. Na verdade, tudo está sujeito ao domínio da Providência, até o passarinho que morre: "Porventura não se vendem dois passarinhos por um asse? E todavia nem um só deles cairá sobre a terra sem a permissão de vosso Pai" (S. Mat. X, 29). E Nosso Senhor Jesus Cristo, no versículo seguinte, diz ainda: "Até os próprios cabelos de vossa cabeça estão todos contados". Por isso, caríssimos, devemos nos elevar sempre até à primeira causa, que é o mesmo Deus. A primeira homenagem que devemos prestar à Providência, é a de fé, e depois a de submissão. O Espírito Santo na Sagrada Escritura apresenta-nos o exemplo belíssimo do santo varão Jó: "O Senhor o deu, o Senhor o tirou, como foi do agrado do Senhor, assim sucedeu: bendito seja o nome do Senhor" (Jó, I, 21). Verdadeiramente, Deus, Nosso Senhor tudo regula; tudo o que acontece é efeito da vontade divina, que ordena ou que permite.

Deus é o Senhor e, portanto, quando manifesta sua vontade, compete aos homens submeter-se a ela. É Senhor de direito, porque pode, sem que tenhamos motivo para queixar-nos, mandar o que quer; Senhor de fato, porque realiza realmente tudo o que quer. Por justiça, Deus tem direito de regular tudo segundo a sua vontade e não segundo a nossa. Não temos poder nem direito de resistir à Deus. Que força pode prevalecer contra o Onipotente!? Devemos fazer da necessidade virtude. Nas provações devemos estar sempre resignados a santíssima vontade de Deus. Mas, caríssimos, devemos pensar que Deus é um pai, e, portanto, devemos confiar em sua bondade.

E ninguém é excluído dos cuidados paternais de Deus Nosso Senhor. É óbvio, porém, que tem atenções especiais com aqueles que se entregam a Ele. A sua Providência vigia sobre nós; conhece as nossas necessidades, e pensa em socorrer-nos primeiro que nós pensemos em pedir. É o que constatamos na multiplicação dos pães: Jesus viu aquela grande multidão e teve compaixão de todas aquelas pessoas (Cf. S. Marc. VI, 34 e 42). E o seu poder é igual à sua bondade: os poucos pães e peixes se multiplicam nas suas mãos e todos são saciados.

E, caríssimos, consideremos que, se tal é a sua solicitude pelos corpos, que não fará pelas almas? Daí devo dirigir-me sempre pela fé, pois ela ensina-me que nada detém Deus na execução dos seus desígnios. Ensina-me, outrossim, a fé que a sabedoria de Deus é infinita e dispõe todas as coisas com admirável fortaleza e suavidade: "(A sabedoria de Deus) atinge, pois, fortemente desde uma extremidade à outra; e governa tudo convenientemente" (Sab. VIII, 1). Ela sabe tirar o bem do mal, e converter os obstáculos em meios. José do Egito nunca esteve tão perto do trono como quando o prenderam!

Deus considera os meus sofrimentos e as minhas necessidades com os olhos de um pai: "Vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós o peçais" (S. Mat. VI, 8). E o próprio Deus na Santa Escritura nos afirma que não há mãe que tenha para seu filho os carinhos que Ele tem para conosco: "Porventura pode uma mulher esquecer-se do seu menino de peito, de sorte que não tenha compaixão do filho de suas entranhas? Porém, ainda que ela se esquecesse dele, eu não me esquecerei de ti" (Isaías, XLIX, 15).

Compenetremo-nos, caríssimos e amados irmãos, destas verdades tão consoladoras. Amém!

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