quarta-feira, 22 de outubro de 2014

AS FONTES FILOSÓFICAS DA FALSA NOÇÃO DE FÉ MODERNISTA

  São Pio X na Encíclica "Pascendi" diz: "Se, pois, de uma só vista de olhos atentarmos para todo o sistema (dos modernistas), a ninguém causará pasmo ouvir-nos defini-lo, afirmando ser ele a síntese de todas as heresias. Certo é que se alguém se propusesse juntar, por assim dizer, o distilado de todos os erros, que a respeito da fé têm sido até hoje levantados, nunca poderia chegar a resultado mais completo do que alcançaram os modernistas". 
  Este diabólico sistema elaborado sobretudo por católicos mas também por protestantes máxime nos inícios do século XX, teve como finalidade precípua ADAPTAR OS DOGMAS À MENTALIDADE MODERNA. 
  Seus chefes foram: em França, Loisy, Turmel, Le Roy, Wilbois, e os protestantes A. Sabatier e Réville; na Alemanha, os protestantes liberais, chefiados por A. Harnack; em Inglaterra, o jesuíta J. Tyrrel; em Itália, A. Fogazzaro, etc. ...
  Os modernistas empregaram duas táticas: permanecer dentro da Igreja e usar a dissimulação. Mas foram desmascarados por São Pio X, que excomungou os hereges formais como o Padre Loisy. Fingiram abaixar a cabeça, como serpentes que, diante do perigo, se enrolam, aguardando o momento azado para dar o bote. Este momento, talvez tenha sido o Concílio Vaticano II, no qual houve (arredondando os números)  proporcionalmente 2000 modernistas (de todas as gamas) contra 200 tradicionalistas. O resultado não poderia ser outro, levando em conta ser um Concílio Pastoral. 
  Mas, voltemos ao assunto proposto. Os modernistas, na verdade, não desenvolveram uma filosofia completa; nem era seu intento. Só lhes interessavam a natureza de nosso conhecimento de Deus e o valor dos dogmas. Ensinaram um conhecimento sentimental de Deus; e, quanto aos dogmas, simplesmente tiraram-lhes todo valor, pregando sua contínua evolução. Só com isto, teriam destruído a Santa Religião pelos fundamentos, caso tal coisa fosse possível. 
   O AGNOSTICISMO ABSOLUTO foi a alavanca secreta do Modernismo. Estriba-se nas críticas de Kant e de Bergson. Dizem os modernistas que, a exemplo dos místicos, tomamos consciência do Divino por meio de um contato imediato, de um conhecimento de ordem sentimental. Este é o fundamento de toda verdadeira religião. Dizia Loisy na sua obra "Autour d'un petit livre, p. 198: "É antes de tudo e principalmente o trabalho de Deus no homem e com o homem". Pretendem os modernistas salvar a religião do intelectualismo escolástico, que foi o responsável pela ruína da religião. Desenvolvem a parte metafísica da hipótese da subconsciência de William James. A inteligência é radicalmente incapaz de conhecer a verdade. Ela entra no ato de fé, mas é impulsionada sempre pelo coração, ou sentimento religioso. Citando São Paulo em Atos XVII, 28: "In Ipso, enim, vivimus, movemur et sumus", dizem os modernistas que não devemos procurar Deus fora de nós, Ele está no meio de nós, ou melhor, Ele está no íntimo de nossa alma. 
   Não há dúvida que os místicos têm um conhecimento mais imediato de Deus, mas isto é pouco frequente e particular. Também é verdade que Deus está dentro de nós pela graça santificante. Mas só quem é batizado e está sem pecado mortal. Mas muito diferente é o contato imediato com Deus em nós, segundo os modernistas. Sem as precisões da Teologia Escolástica (que os modernistas odeiam) a sua doutrina da imanência ou da experiência do divino, leva diretamente ao panteísmo, como demonstra São Pio X na "Pascendi". Pois, segundo eles, é uma união íntima entre o Eu e o Divino que nos faz pensar que nos identificamos com Deus na subconsciência. Esta era, aliás, a hipótese de William James. 
   Os modernistas rechaçam a autoridade da Igreja Católica e transformam a significação dos dogmas segundo a filosofia pragmatista. Pensam que a "experiência religiosa" ou o conhecimento sentimental do Divino é o fruto primordial e a base de toda religião. Empregam o vocabulário católico, mas mudam radicalmente o seu conteúdo. Deixam a casca, mas tiram a substância. A Revelação, por exemplo, reduz-se a esta experiência fundamental que todo homem leva em si mesmo. Os dogmas e os mistérios da fé, não têm, segundo os modernistas, nenhum valor absoluto. Sua verdade consiste em sua utilidade para a vida religiosa individual ou social. O homem deve estar aberto às surpresas de Deus que em cada tempo usa da sua misericórdia segundo à utilidade presente.  Se inspiraram nos filósofos: W. James, Bergson, Schiller (ao pragmatismo deu o nome de humanismo) e muitos outros que têm outra noção de VERDADE. A concepção pragmática da verdade, para eles, deixa de ser uma equação entre o pensamento e o seu objeto, para ser apenas o índice da utilidade de uma afirmação. É verdade aquilo que é proveitoso. Como a utilidade de uma coisa é relativa, os modernistas tomam esta noção errada para daí poderem chegar à evolução dos dogmas.
   Individualmente, isto se dá da seguinte maneira: O indivíduo, dizem os modernistas, querendo conformar sua vida com sua fé e expressar seus sentimentos religiosos na vida prática, sente a necessidade de dissipar a imprecisão que o rodeia e de possuir fórmulas claras que dirijam sua atividade. Assim, então, entra a inteligência, mas movida pelo coração, para elaborar os dados imanentes. São, no entanto, apenas símbolos  ou instrumentos. Devem, mudar com o tempo, de acordo com a utilidade presente. 
   Depois vem a organização social. Os homens que gozam de experiências mais interessantes para a vida desejam que os demais participem delas, e empregam fórmulas diversas. Entre estas, a sociedade religiosa sanciona as melhores e aprova as práticas mais fecundas, isto é, as que melhor fomentam a conservação e o progresso do sentimento religioso. Assim é que se formam os DOGMAS. Portanto, é verdadeira qualquer religião que dê bons resultados, tanto mais quanto mais intensa for a vida interior (sentimental) dos fiéis. Mas, os dogmas já antiquados necessitam renovar-se, posto que todo seu valor e verdade residem em sua conveniência com o sentimento religioso, que vive e progride na massa dos fiéis. É da massa que sai o impulso reformador. Por sua função conservadora, a autoridade reprova a princípio e combate as reformas, mas termina por aceitar e sancionar como novos dogmas o que a massa na sua vivência descobriu pela experiência religiosa e sentimental o que era mais proveitoso. Daí a Igreja não só deve aceitar as reformas que o povo pede mas até estabelecê-las como dogmas (que, na verdade, não são dogmas, mas ficam à mercê da massa). A Igreja tem que estar de ouvido atento aos "sinais dos tempos" indicados pelo povo. Os modernistas certamente gostaram, e como! da palavra chave do Concílio Vaticano II, "AGGIORNAMENTO". Não era esta a intenção do então Papa João XXIII. Mas, na verdade, os modernistas estavam com a faca e o queixo na mão. E este foi o veneno que o Reno lançou no Tibre. 

  RESUMINDO: O Modernismo, começou por colocar como fundamento filosófico o Agnosticismo absoluto da inteligência. Feito isto, estabeleceu um só conhecimento verdadeiro: - A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA - SENTIMENTO VAGO DO DIVINO. Vida interna e identificada com a própria vida de Deus. Toda a utilidade da atividade intelectual, teodiceia e dogma, consiste, segundo eles, em conservar e, exteriorizar e aperfeiçoar aquele sentimento em que compendia todo nosso conhecimento. O Modernismo é uma aplicação atrevida e temerária da mentalidade moderna pragmatista à doutrina religiosa. 
   

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