sexta-feira, 26 de agosto de 2011

UMA PÁGINA DO PAPA BEATO PIO IX - Encíclica "Quanta Cura"

   "Sabeis muito bem, Veneráveis Irmãos, que em nossos dias não poucos há que, aplicando à sociedade civil o ímpio e absurdo naturalismo , se atrevem a ensinar que a razão de ser da vida pública e o próprio progresso civil requerem que a sociedade humana se constitua e governe sem preocupar-se em nada com a religião, como se ela nem existisse, ou, pelo menos, sem fazer distinção alguma entre as religiões falsas e a verdadeira. E, indo de encontro com a doutrina das Sagradas Escrituras e dos Santos Padres, não duvidam em afirmar que a melhor condição da sociedade civil é aquela em que não se reconhece ao poder civil autoridade para coartar com sanções os violadores da Religião Católica, sempre que a paz pública o não exija. E partindo dessa falsa idéia social, seus propagadores não temem em fomentar a opinião, desastrosa para a Igreja Católica e a salvação das almas, desastrosa opinião esta denominada por Nosso Predecessor, de feliz memória, de "loucura" ("Mirari vos"), de que "a liberdade de consciência e de cultos é direito próprio e inalienável do indivíduo, que há de proclamar-se nas leis e estabelecer-se em todas as sociedades retamente constituídas; de que aos cidadãos assiste o direito de toda liberdade sem que a lei eclesiástica ou civil a possa reprimir, liberdade para manifestar ou declarar publicamente qualquer idéia, já pela palavra, já pela imprensa, ou enquanto pensam e excogitam todas estas coisas, estão pregando a "liberdade de perdição" ( Santo Agostinho, epíst. 105, al. 166) e que, "se é sempre livre disputar das coisas humanas, nunca hão de faltar os que irão além da verdadeira sabedoria, confiados em sua loquacidade natural, cônscios, como se sabe, de que modo se há de evitar, para o bem da fé e da sabedoria cristã, essa perniciosíssima maneira de sentir, segundo determinou o mesmo Cristo Senhor Nosso" (São Leão, Epíst. 14, a. 133).
   ... "Alguns, pondo de lado os santíssimos e certíssimos princípios da razão, ousam dizer que "a vontade do povo, manifestada na chamada opinião pública ou por outro modo, é a suprema lei, livre de todo direito divino ou humano; que na ordem pública os fatos consumados, pelo mesmo fato por que se hão consumado, possuem força de lei". Mas quem não prevê e não percebe que a sociedade, livre de todo laço de religião e justiça, outro ideal não pode mirar que o de conquistar e acumular requezas e que outra lei não seguirá senão a infrene concupiscência do coração, posta ao serviço de suas próprias comodidades e caprichos?
   ... Todas e cada uma das opiniões e preversas doutrinas, explicitamente especificadas neste documento, por Nossa autoridade apostólica, reprovamos, proscrevemos, e condenamos; queremos e mandamos que os filhos da Igreja as tenham, todas, por reprovadas, proscritas e totalmente condenadas.

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