quinta-feira, 26 de maio de 2016

NA CHINA - O VIÁTICO DA MÁRTIR

   O inspetor escolar, acompanhado de quatro policiais armados até aos dentes, entra na escola paroquial clandestina do Padre Fransen. Em pé diante dos alunos, manda arrancar o crucifixo da parede: "As imagens religiosas são antipatrióticas...". Depois ordena às crianças: "Adiantem-se em fila, e entreguem todas as imagens". A maioria obedece. A única rebelde é uma menina de treze anos. Segura entre as mãos uma imagem já deteriorada. O inspetor, furibundo, tenta constrangê-la. Em vão. Esbofeteia-a no rosto. Mas a menina aperta sempre mais a imagem com as mãos. "Prendam o pai dessa rebelde e conduzam-no à minha presença!"
   Os soldados reúnem todos os habitantes da aldeia dentro da igreja. A menina com  o pai, está à mesa da comunhão. Tem as mãos agrilhoadas atrás das costas. O inspetor sobe o degrau do altar. Vira as costas para o tabernáculo e pronuncia violento discurso contra o Santíssimo Sacramento. Ordena depois aos policiais de arrombar o tabernáculo, abrir a âmbula e espalhar por terra as partículas consagradas. O Padre Fransen, é fechado num quarto contíguo à igreja, de onde assiste tudo impotente.
   O povo, por fim, abandona a igreja. O padre é arrastado ao cárcere. A menina apóia-se quase sem vida a uma coluna. Depois, uma mulher amiga leva-a consigo.
   Certa manhã, bem cedo, de sua cela de prisioneiro, o Pe. Fransen, vê a menina entrar na igreja vazia. Ajoelha-se, reza, toma com os lábios uma hóstia do chão. Reza breve ação de graças e retira-se. Assim repetiu por muitos dias. Certa manhã, porém, o Padre Fransen vê um soldado entrar na igreja. A menina está na igreja ajoelhada, preparando-se para comungar. Mas o soldado tira o revólver, aponta. Uma descarga. A menina cai. Tenta reerguer-se. Arrasta-se até a hóstia mais vizinha, toma-A com os lábios e cai morta...
   Os comunistas permitiram ao Padre Fransen de sepultar esta heroica mártir da Eucaristia. Ao sair do cemitério, já esperava-o um carro. A polícia secreta transportou-o até as fronteiras, lá para as bandas de Hong Kong. 
        ( Relato de Alfredo Barth).

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