terça-feira, 14 de junho de 2011

A SANTÍSSIMA EUCARISTIA E A CARIDADE CRISTÃ

    Página extraìda da Carta Pastoral sobre o Santo Sacrifício da Missa escrita por D. Antônio de Castro Mayer em 12 de setembro de 1969. Sua leitura é muito oportuna para os nossos dias.
   "Muito particularmente cultiva a caridade, porquanto a Santíssima Eucaristia é o Sacramento do amor, da união sobrenatural que vincula todos os fiéis num só corpo; como os grãos de trigo se juntam para formar um só pão, a Santíssima Eucaristia une todos os fiéis num só Corpo Místico de Cristo ( cf,1Cor. X, 17).
   Cultivar a caridade não quer dizer tolerar todos os defeitos, todos os vícios do próximo. Muito pelo contrário, a caridade pede a energia e a bondade, bem dosadas, para conseguir a verdadeira emenda do próximo.
   Ressaltemos aqui, amados filhos, para vossa edificação espiritual, que é muito comum, entre muitos católicos, um erro crasso na prática de uma pseudocaridade. São de fato, tais católicos, de uma intolerância total, ou quase, quando está em jogo a própria pessoa. Não sabem perdoar, como manda o grande preceito do Divino Mestre, as ofensas pessoais, aquelas de que devemos purificar a consciência antes de nos aproximar do altar, segundo manda o Salvador (cf. Mat. V, 24). No entanto, são de uma benignidade, igualmente sem limites, quando as ofensas atingem a Nosso Senhor na sua doutrina ou na sua moral. Têm todos os ódios, todos os ressentimentos, todas as aversões contra os responsáveis por ultrajes que feriram seu amor próprio, sua dignidade pessoal. E convivem, na mais franca amizade, com os apóstatas, com os que conspurcaram os votos de seu batismo, com os hereges, os ateus, todos enfim que, não reconhecendo a verdadeira Igreja de Cristo, não prestam a devida honra à palavra de Deus. Se semelhante amizade visasse seriamente a conversão dos que se acham nos caminhos da condenção eterna, ou fosse ordenada pela necessária convivência social, ainda poderia ela justificar-se, desde que se conservasse nos limites indicados por tais fins. Infelizmente, amados filhos, não é o que se dá. Alimenta-se a amizade por motivos de ordem natural, e, no que menos se pensa, é no bem da alma, na conversão dos transviados, dos inimigos de Deus.
   D. Antônio exorta-nos a fazermos um exame de consciência sincero...
   É bem possível que , num exame sincero de consciência, descubramos a causa da inutilidade talvez de nossas Missas e Comunhões, ou seja, do fato de não avançarmos um passo ( na vida espiritual), apesar de nossas Missas e Comunhões. A Missa, amados filhos, é fonte de toda a santidade. Ela, porém pede para efetivar na alma a santidade que dela dimana, a adesão firme, serena mas profunda aos amores e aos ódios de Jesus Cristo.
   Não precisamos dizer, amados filhos, que nesses ódios , nessa aversão profunda contra o mal, não vai nem pode ir o menor desejo de condenação eterna de quem quer que seja. Nosso ódio deve ser como o do Divino Mestre, que castigava sempre com o desejo ardente da salvação eterna mesmo dos inimigos de seu Santo Nome.
   Imitemos também neste ponto a Santa Igreja, de que somos filhos, bem que indignos. Sabeis que a Santa Madre Igreja tem penas severíssimas para os empedernidos nas suas empresas nefastas contra a obra de Deus. Não obstante, ainda ao fulminar tais penas, fá-lo com um pensamento de salvação. Visa em primeiro lugar, é claro, a preservação dos fiéis; mas não esquece a salvação daqueles mesmos que assim pune. São Pio X, que se viu na contingência de pronunciar a excomunhão maior contra o autor do modernismo na França, Loisy, recomendava ao Bispo da região, onde residia aquele infeliz perjuro, não deixasse envidar os esforços possíveis para o retorno dessa ovelha tresmalhada".  


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário