LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
25º dia de junho
Somos não apenas imperfeitos, mas pecadores. E a missão
principal de Jesus consiste precisamente em libertar-nos do pecado. São João
Batista apontou a Jesus às margens do Jordão e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo".
Jesus Cristo não veio apenas cobrir os nossos pecados. Isto é blasfêmia
proferida por Lutero. Segundo o heresiarca, Jesus teria feito uma obra não de
purificação interna através do Seu Sangue. E no entanto diz o Apocalipse: "Nos amou (Jesus Cristo) e nos lavou dos nossos pecados nos seu
sangue" (Apoc. I, 5). Mas como o Coração de Jesus pleno de amor e
misericórdia, aplica o preço infinito de seu Sangue derramado em sua Paixão e
Morte e até a última gota através da abertura da lança feita em seu Coração já
morto mas sempre unido à Divindade? Para apagar os nossos pecados, Jesus
derrama sobre nós o seu sangue através do Sacramento da Penitência. E aqui está a obra-prima da misericórdia do
Coração de Jesus. Como a Santíssima Eucaristia, também o Sacramento da
Confissão merece ser chamado o mistério do amor, o Sacramento do Coração de
Jesus. É o mistério do amor indulgente até o ponto de esquecer a si mesmo.
Para aquilatarmos até onde vai a misericórdia do Coração de
Jesus no Sacramento da Penitência, meditemos sobre o que aconteceu com os
Anjos. Foram salvos do pecado por uma graça de preservação e os que foram
infiéis a ela foram atingidos à primeira rebelião, sem esperança de perdão. Foi
criado imediatamente o inferno, e os anjos maus foram os primeiros condenados a
ele, à esta prisão eterna de tormentos. Entretanto, o homem, na verdade mais
fraco e mutável, será objeto de uma conduta diversa da parte de Deus: o homem
não se tornou impecável após o seu primeiro ato meritório e também não será
atingido inexoravelmente após à sua primeira queda.
O homem terá que lutar contra o pecado durante toda sua
vida, a todo instante e a todo instante poderá ser vencido, porque o Sacramento
do Batismo elimina o pecado original mas não as suas consequências que é a
concupiscência. O homem terá que merecer o céu neste campo de luta renhida e
diuturna e até ao último suspiro. E nesta luta quantas quedas, quantas
derrotas! Estaríamos condenados. Mas graças ao Sacramento da Penitência, está
em poder do pecador levantar-se das próprias quedas. Somente a infinita
misericórdia do Coração de Jesus podia operar semelhantes maravilhas.
Com a graça de Deus, aprofundemos mais este mistério de
misericórdia e também da onipotência divina. E a primeira maravilha operada
pelo Coração de Jesus, no sacramento da Penitência é reconciliar o interesse da
glória de Deus e o do homem pecador, a conservação da lei e a salvação do
transgressor da lei, a reparação da culpa e a conservação do culpado.
Mas uma objeção talvez aflore na mente de alguém: a
facilidade do perdão não pode aumentar a facilidade de pecar? Caríssimos, dada
esta misericórdia mal entendida que hoje está quase se tornando moda, acredito
que o demônio possa se aproveitar disto. Pelo ensinamento tradicional, porém, a
facilidade do perdão, é vista considerando a gravidade do pecado, tão infinitamente criminosa
que o Pai Eterno entregou o seu Filho Unigênito à imolação mais ignominiosa e
cruel. A nós Deus exige o arrependimento sincero e profundo e por conseguinte
um propósito firme e eficaz de evitar as ocasiões, a obrigação de vigiar e
rezar e de fazer penitência. Eis o que diz São Paulo: "Ou desprezaste as riquezas da sua bondade e paciência e
longanimidade? Ignoras que a bondade de Deus te convida à penitência? Mas com a
tua dureza e coração impenitente acumulas para ti um tesouro de ira no dia da
ira e da manifestação do justo juízo de Deus, que há de dar a cada um segundo
as suas obras" (Rom. II, 4-6). Assim, caríssimos, não nos aproximemos
nunca do sacramento da Penitência sem meditar a dolorosa noite do Getsêmani, na
qual o Coração de Jesus se sobrecarregou de todas a nossas iniquidades,
iniquidades estas cuja expiação se tornou para nós tão fácil, mas oprimiram tão
fortemente o Coração adorável de Jesus que um suor de sangue banhou todo o
corpo do Salvador e inundou a terra. É o mesmo sangue que hoje é derramado
sobre nós no momento da absolvição.
Esta tentação de minimizar o pecado e até tê-lo em conta de
nada ou quase nada, será afastada pela meditação da Paixão e Morte de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Contemplando a bondade e paciência do Coração de Jesus,
façamos nossas confissões com arrependimento profundo dos nossos pecados e por
eles façamos mais penitências além das que o confessor nos impõe no
confessionário. Amém!
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