sexta-feira, 28 de novembro de 2014

JESUS, O SACERDOTE POR EXCELÊNCIA OU O SOBERANO SACERDOTE

INTRODUÇÃO: Esta matéria é extraída da Summa Theológica de Santo Tomás de Aquino e também do célebre teólogo Tanquerey. A Teologia prova esta tese baseada sobretudo na Epístola de São Paulo aos Hebreus. Faremos, se Deus quiser, várias postagens sobre este assunto importantíssimo: 1ª - As condições requeridas para o sacerdócio; 2ª - As condições essenciais para o sacerdócio são perfeitamente satisfeitas por Cristo; 3ª - Jesus, Sacrificador e Vítima; 4ª - Jesus se oferece como Vítima; 5ª - Jesus se imola como Vítima; 6ª - Comunhão, consumação do sacrifício.  

1- AS CONDIÇÕES REQUERIDAS PARA O SACERDÓCIO

    Diz São Paulo na Epístola aos Hebreus, V, 1: "Todo o pontífice tomado de entre os homens, é constituído a favor dos homens naquelas coisas que se referem a Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados". Temos aí a definição do sacerdote. Mas o Apóstolo acrescenta: "Ninguém se arrogue esta dignidade, mas só aquele que é chamado como Araão" (Heb. V, 4). Destas palavras de São Paulo concluímos que são três as condições necessárias para alguém ser sacerdote: 1ª) ser HOMEM e este escolhido por Deus; 2ª) ser CONSAGRADO ao culto divino para exercer oficialmente o papel de mediador entre o céu e a terra; 3ª) oferecer a Deus um SACRIFÍCIO, que é o mais perfeito ato da adoração e expiação.
   Uma rápida análise destes três pontos: ser homem, ser consagrado, oferecer sacrifício.

   A) O sacerdote deve ser homem, ou seja, não poderia ser um anjo, que é puro espírito. São Paulo mostra o porquê desta condição: "O qual se possa condoer daqueles que pecam por ignorância e por erro, pois que também ele está cercado de enfermidades" (Heb. V, 2). Realmente se o sacerdote fosse um anjo, um puro espírito, como poderia ele compreender as tentações corporais? Como poderia compadecer-se e mostrar-se misericordioso a nosso respeito? E como poderíamos confiar-lhe as fraquezas que dimanam da enfermidade da nossa carne?
    Mas,  tem que ser um homem escolhido por Deus. Caso não fosse, como ousaria apresentar-se diante de sua Majestade, ele que tem necessidade de se purificar das suas faltas antes de aparecer diante do Deus de toda santidade?
 
   B) O sacerdote deve ser consagrado, isto é, separado das coisas profanas, votado exclusivamente aos serviço de Deus e de seus irmãos. É o que diz São Paulo em Hebreus, V, 1: "É tomado de entre os homens, é constituído a favor dos homens em tudo o que se refere ao culto de Deus". Criado à imagem e semelhança de Deus, participante da sua vida, o homem deve viver em perpétua adoração diante do seu Criador. "D'Ele, por Ele e n'Ele existem todas as coisas: glória a Ele por todos os séculos!... Pois que, se vivemos, é pelo Senhor que vivemos; se morremos, é pelo Senhor que morremos..." (Rom. XI, 26; XIV, 7 e 8). E acrescenta o mesmo Apostolo: "Glorificai a Deus em vosso corpo" (1 Cor. IV, 20). Infelizmente, a maioria dos homens, absorvidos pelos seus negócios e pelo prazer, pouco tempo consagram à adoração. Daí a necessidade de pessoas especialmente delegadas por Deus, que pudessem, não apenas em seu nome, mas no de toda a sociedade, tributar a Deus os deveres da religião a que Ele tem direito. É exatamente o papel do sacerdote católico: escolhido por Deus, de entre os homens, ele é como que o mediador da religião entre o céu e a terra, a ele cabe glorificar a Deus e levar-lhe as homenagens dos seus irmãos.
   É mediador também para obter da misericórdia de Deus os auxílios que são necessários aos homens para vencerem as tentações, conservarem e aumentarem em si a vida da graça. Que grande dignidade e também responsabilidade a dos sacerdotes!.

   C) O sacerdote deve oferecer a Deus o sacrifício. Para adorar a Deus e obter novas graças, o ato por excelência é o sacrifício. Que é o sacrifício? Trata-se de um ato exterior e social, pelo qual o sacerdote oferece a Deus, em nome da grande família humana, uma vítima imolada, para reconhecer o seu domínio soberano, reparar as ofensas feitas à sua majestade, pedir-Lhe graças e entrar em comunhão com Ele. O sacrifício, instituído por Deus desde a criação do homem e mais tarde regulamentado pela lei moisaica, foi sempre o principal ato de culto entre os judeus. No Antigo Testamento havia quatro sacrifícios sangrentos: o holocausto, em que a vítima era inteiramente queimada para melhor exprimir a profundo sentimento de adoração e o reconhecimento do supremo domínio de Deus; o sacrifício pelo pecado, no qual uma parte da vítima era queimada e a outra reservada aos sacerdotes em expiação das faltas cometidas; o sacrifício pelo delito, quer este fosse contra as leis do culto, quer contra o direito de propriedade; o sacrifício pacífico, em que a vítima era dividida em três partes: uma era queimada, as outras duas consumidas pelos sacerdotes e pelos que ofereciam o sacrifício. Tinha por fim agradecer a Deus os benefícios passados e obter novos favores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário