domingo, 9 de dezembro de 2012

Inimigos da Fé

  Os protestantes e os modernistas foram os principais inimigos da Fé, porque principalmente eles procuraram esvaziar o termo do seu conteúdo intelectual para acentuar-lhe a tonalidade afetiva. Em outras palavras, estas duas heresias tentaram deslocar a Fé da inteligência e da vontade para colocá-la sobretudo no coração ou, se quiserem, no sentimento. Sob a máscara de humildade, tiraram a firmeza da fé que vem da autoridade de Deus que não muda, para colocá-la no homem. Lessing, modernista iluminista dos quatro costados, como gostava de dizer D. Antônio de Castro Mayer, dizia o seguinte: "Se o infinito e onipotente Deus me desse a possibilidade de escolher entre o dom escondido em sua mão direita, que é a posse da verdade, e o dom escondido em sua mão esquerda, que é a busca da verdade, eu rogaria humildemente: Oh Senhor! concedei-me a busca da verdade, porque possuí-la é próprio somente de Vós". Portanto, segundo Lessing, a dignidade do homem não está em ele possuir a verdade que a mão bondosa de Deus lhe dá, mas está no honroso esforço que o homem emprega para alcançar a verdade. Donde vemos, que longe de ser humildade, é sofisticado orgulho. Na psicologia verdadeira da fé, entra a inteligência que é atraída pela verdade, entra a vontade que é solicitada por todas as atrações do bem e ambas casam-se harmoniosamente pela humildade. É por esta virtude que há a submissão da inteligência e da vontade diante dos mistérios que Deus bondosamente se dignou revelar-nos. A Fé é de si inabalável; os dogmas são imutáveis. E ficamos tranquilos na posse da verdade. Pois, não nos apoiamos em uma cana quebradiça qual é nossa inteligência, nem numa cana agitada pelos ventos qual é nossa vontade.No ato de fé a inteligência e a vontade humanas se descansam tranquilamente em Deus, e não em suas próprias luzes e em seu próprio  desejo respectivamente.  Preferir, porém, como fez Lessing, seu próprio movimento subjetivo, sua procura da verdade mesma, isto sim, é orgulho. E por ele cai-se no indiferentismo. Se o homem orgulhosamente pretender ir buscar a verdade por si mesmo, não o conseguirá. Daí é que vem o indiferentismo. 
   Para Lutero a fé que justifica é um sentimento de confiança inabalável nos merecimentos de Cristo que cobrem aos olhos de Deus a corrupção indestrutível da alma pecadora. Depois vamos refutar esta falsidade.
  O pai do modernismo protestante na França, Augusto Sabatier (+ 1901) também colocava a fé no sentimento.  Escreveu vários livros, todos eles eivados de modernismo. Este modernismo percebe-se até pelo título mesmo de um de seus livros: "A Vitalidade dos Dogmas Cristãos, e Seu Poder de Evolução'. Vede como ele definia a fé: "É um ato de confiança, ato de um coração de filho que torna a encontrar com alegria o Pai que ignorava e que, sem orgulho de espécie alguma, se sente feliz de receber tudo das suas mãos".(Cf. "Esquisse d'une philosophie de la religion" Paris, 1897, p. 245).
   Sanday, acentua também o mesmo caráter sentimental da fé: "Fé em Cristo significa um apego a Cristo, uma emoção forte de amor e de gratidão".   
   A concepção da fé, segundo a doutrina católica é bem outra. É verdade que a doutrina católica não desconhece toda a escala de sentimentos (oriundos também de Deus) que podem acompanhar a fé, como harmônicos em cada alma, e que lhe dão o timbre próprio. Mas na sua essência, a fé é um ato de inteligência, a adesão prestada a uma verdade revelada, apoiadas, porém, não em si mesmas, mas na autoridade de Deus que revela.  O Concílio Vaticano I, num ensino autêntico, dá-nos a definição genuína da fé: "É uma virtude sobrenatural, pela qual, prevenidos e auxiliados pela graça de Deus, cremos, como verdadeiro, o conteúdo da revelação, não em virtude de sua verdade intrínseca, vista pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus que não pode enganar-se ou enganar-nos". 
    Mostraremos, se Deus quiser, no próximo post, que este ensinamento sobre a fé é baseado no Novo Testamento, primeiras fontes da Revelação cristã. 
  

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