domingo, 2 de fevereiro de 2020

A CONFISSÃO PRESERVA A ALMA DO DESESPERO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

 Não é difícil o entendermos já que a confissão purifica, eleva e fortifica a alma. Na verdade, caríssimos, quantos se entregam com todo o ardor às suas paixões só porque se desesperam de quebrar as suas correntes opressoras!? E depois, há alguma coisa mais funesta do que a demora prolongada do mal na alma? O pecado induz a outro pecado, um abismo atrai outro abismo,  a alma se deprava cada dia mais e torna-se pouco a pouco a presa duma corrupção secreta, que seria incurável se a bondade de Deus não fosse infinita como o seu poder. O mal estabelecendo-se na alma, derrama nela um veneno mortal que altera no pecador o sentimento divino, mas sem nunca poder extingui-lo; daí esta indisposição, esta amargura, este desgosto surdo e íntimo, uma indisfarçável melancolia que se acumula, por assim dizer, no mais profundo da alma, e cujas explosões são algumas vezes tão terríveis. Dizia Monsenhor Gerbet: "o remorso, muito tempo concentrado, forma no fundo de certas almas como uma mina terrível que ameaça destruir existências pacíficas, e, o que é mais triste ainda, despedaçar corações. A confissão é um meio secreto que previne a explosão desta bomba".

A Providência divina quis que um padre dos mais zelosos e dos mais piedosos se encontrasse um dia, à mesa, com uma sociedade de atores e atrizes. A conversa não poderia ser mais a propósito. O padre ganhou logo a simpatia dos convivas. E mais do que isto: ganhou toda confiança o que deixou todos bem à vontade para fazer perguntas. Foi a graça divina que os levou a perguntar ao padre justamente sobre o sacramento da confissão. E especialmente qual seria a situação dos atores em face da Igreja. Uma e outra parte discutia o assunto vivamente, porém, sem nenhum azedume. De fato o zeloso sacerdote ganhou os corações de todos!


As janelas da sala davam para um magnífico lago. Um barco a vapor vinha passando. "Tendes ali, senhores, disse o padre, o que vai fazer-vos compreender para que nos serve a confissão. Vedes este barco a vapor. Uma força poderosa faz mover a sua máquina e o faz caminhar rapidamente; mas esta mesma força o poria em perigo de explosão e de destruição sem o que se chama a válvula de segurança. Por esta válvula  de escape se exala o excesso de vapor, e assim o barco e os viajantes estão em segurança. O mesmo acontece com todos nós. Temos em nós forças poderosas, que são as nossas paixões. Para estas forças, para estas paixões, é preciso uma válvula de segurança, uma abertura sem a qual estamos perdidos. Pois bem! esta válvula é a confissão, que Deus nos deu para alívio de nossos corações, para consolação e purificação de nossas consciências. Observa-se que nos países onde a confissão é desconhecida, há mais casos de loucura e de suicídio do que naqueles em que existe a confissão". E o padre desenvolveu esta tese com toda a energia e ciência, sustentando-a com numerosos exemplos. Quando se despediu da companhia, uma jovem atriz de vinte e três anos acompanhou-o até a porta da entrada. Quando se viu só com ele, exclamou, com voz sufocada pelos soluços: "Senhor, vós me salvastes! Foi a Providência que vos conduziu para junto de nós. Eu estava desesperada; esta noite eu queria lançar-me no lago e nele acabar com as dores da vida... Agora quero confessar-me". O padre tranquilizou com doçura aquela pobre moça, induziu-a a deixar o teatro, o que obteve sem dificuldade, e apressou-se a reconciliá-la com Deus. Ela tornou-se desde então uma boa e fervorosa cristã. 

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