SEGUNDO DIA
ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS DA NOVENA: Ó Santa Teresinha, branca e mimosa
flor de Jesus e de Maria, que embalsamais o Carmelo e o mundo inteiro com o
vosso suave perfume, atraí-nos e convosco correremos em seguimento de Jesus,
nosso Deus e único Bem, pelo caminho da renúncia, do amor e do abandono.
Fazei-nos simples e dóceis, humildes e confiantes para com nosso Pai do Céu.
Ah! não permitais que O ofendamos pelo pecado, que O contristemos pela desconfiança.
Assisti-nos em todos os perigos e necessidades, socorrei-nos em todas as
aflições e alcançai-nos todas as graças espirituais e temporais,
particularmente...
Lembrai-vos.
ó Santa Teresinha do Menino Jesus, que prometestes passar o vosso Céu fazendo
bem sobre a terra, sem descanso, até ver completo o número dos eleitos.
Ah! cumpri
em nós vossa promessa: sede nosso anjo protetor na travessia desta vida e não
descanseis até que nos vejais no Céu, cantando ao vosso lado eternamente as
ternuras do amor misericordioso do Coração de Jesus e do Coração de Maria.
Assim seja!
ORAÇÃO PARA O 2º DIA: Divino Jesus, Filho Eterno do Eterno Pai, Vós
prometestes recompensar até os mais insignificantes serviços prestados ao
próximo em vosso nome. Por isso recorro à vossa Bondade, pedindo que olheis
compassivo para a vossa fiel serva Teresinha do Menino Jesus e para sua terna
caridade para com o próximo, e, por causa do bem que ela fez com tanto zelo, e
pelos sofrimentos que suportou pela salvação das almas, atendei ao seu santo
desejo de continuar no Céu a fazer o bem na Terra, e concedei-nos, por sua
intercessão, a graça (ou as graças) que tanto desejamos.
Ó Santa
Teresinha, do vosso profundo amor a Deus emanava a vossa enorme caridade para
com o próximo; não excluindo ninguém do vosso amor, costumáveis dizer: "Eu vim ao mundo para salvar almas, e
muito especialmente para rezar pelos sacerdotes". Ó querida Santinha,
alcançai de Jesus que também nós amemos verdadeiramente o nosso próximo, para
que nos suportemos pacientemente uns aos outros e perdoemos de coração aos
nossos inimigos, e assim tenhamos um dia a felicidade de ser coroados por
Aquele que reconhece como seus discípulos só os que tiverem sido caridosos para
com o próximo. Amém!
JACULATÓRIA: Santa Teresinha, modelo de oração
pela conversão dos pecadores e pela santificação dos sacerdotes! Rogai por nós!
OREMOS: Senhor Jesus Cristo, Esposo e amante
das almas puras, as quais distinguis com coroa especialíssima: concedei-nos por
intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus, a graça de segui-la aqui na
terra, amando-Vos com todo o nosso coração, para que com ela recebamos o prêmio
da eterna recompensa. Vós que viveis e reinais, pelos séculos dos séculos.
Amém.
Pai-Nosso,
Ave-Maria, Glória ao Pai.
LEITURA PARA O 2º DIA
SANTA TERESINHA E O
AMOR DO PRÓXIMO
HISTÓRIA DE UMA ALMA
(Extraído do c. IX)
"Quando
o Senhor ordenou ao seu povo amasse o próximo como a si mesmo, Ele não tinha
ainda vindo à terra. Por outro lado, sabendo perfeitamente até que ponto alguém
ama sua própria pessoa, não podia exigir amor maior com relação ao próximo.
Mas, quando estabeleceu para seus discípulos um novo mandamento, o SEU
MANDAMENTO, Jesus já não fala em amar o próximo como a si mesmo, mas em amá-lo
como Ele, Jesus, o amou, como o amará
até a consumação dos séculos... Ah! Senhor, sei que não ordenais nada de
impossível. Conheceis melhor do que eu minha fraqueza, minha imperfeição. Bem
sabeis que não poderia jamais amar minhas irmãs, como Vós as amais, se Vós mesmo, ó Jesus, não as amásseis também
em mim. Por me quererdes dar essa graça é que estabelecestes um novo mandamento... Quando sou caridosa,
sinto que é só Jesus que atua em mim. Quanto mais unida a Ele, tanto mais
também amo minhas irmãs. Quando quero aumentar em mim esse amor, principalmente
quando o demônio tenta colocar ante os olhos de minha alma os defeitos desta ou
daquela irmã, que me seja menos simpática, apresso em procurar suas virtudes,
seus bons desejos. Digo comigo mesma que se a vi fraquejar uma vez, pode ela muito
bem ter alcançado grande número de vitórias, e esconde-as por humildade, e
mesmo aquilo que me parece falta, pode muito bem ser ato de virtude, por causa
da intenção.
"Não me
custa chegar a essa conclusão, pois certo dia fiz uma pequena experiência, a qual
me demonstrou que se não deve julgar. [Tratava-se
de arrumar os arbustos para armar o presépio, coisa que ela gostava imensamente
de fazer]. Calculei ficar muito
contente, se me mandassem... Justamente, a Madre Sub-priora disse-me que
fizesse eu o serviço, ou então a irmã que se encontrava ao meu lado. Pus-me
logo a desatar o avental, mas bastante devagar, para que minha companheira
tirasse o seu antes de mim pois achava que ela também gostaria imensamente de
fazer este trabalho... Toda a comunidade julgou que eu procedera ao sabor da
natureza [por preguiça ou comodismo]. Mas eu não poderia dizer quanto bem fez a
minha alma, coisa tão insignificante, e como me tornou indulgente com as
fraquezas de outrem. Uma vez que tomam por imperfeições meus pequenos atos de
virtude, poderão também enganar-se da mesma maneira, tomando por virtude o que
não passa de imperfeição. Digo então com S. Paulo: "Pouco se me dá ser julgado por algum tribunal humano, nem sequer
me julgo a mim mesmo. Quem me julga, é o SENHOR" (I Cor. IV, 3 e 4).
Por isso, com a finalidade de tornar o julgamento mais favorável para mim, ou
melhor, a fim de não ser julgada de modo algum, quero sempre nutrir pensamentos
caridosos, pois que Jesus declarou: "Não
julgueis, e não sereis julgados".
"Na
comunidade vive uma irmã que possui o dom de me desagradar em todas as coisas.
Seus modos, suas palavras, seu gênio, pareciam-me muito desagradáveis. Trata-se, todavia, de uma santa religiosa, que
será muito agradável ao Bom Deus. Por
esta razão, não querendo ceder à antipatia natural que experimentava, pensei
comigo que a caridade não consistiria em sentimentos, mas em atitudes.
Dediquei-me, então, a fazer pela irmã o que faria pela pessoa a quem mais
amasse. Todas as vezes que me encontrava com ela, rezava por ela ao Bom Deus,
oferecendo-Lhe todas as suas virtudes e seus méritos. Bem senti que isto
agradava a Jesus, pois não existe artista que se desgoste de receber elogios
por suas obras. E Jesus, escultor das almas, regozija-se quando a gente não se
prende ao exterior, mas penetra até o santuário íntimo que escolheu para sua
mansão, e admira-lhe a formosura. Não me restringia a rezar muito pela irmã que
me ocasionava tantos combates. Fazia por lhe prestar todos os obséquios
possíveis, e quando tinha tentação de responder-lhe de modo desagradável,
contentava-me de lhe esboçar o mais amável sorriso, forcejando por desviar a
conversa, pois a Imitação de Cristo diz que "mais vale deixar cada qual
com seu modo de pensar, do que obstinar-se em contestá-lo"... Como
ignorasse, absolutamente, o que eu por ela sentia, nunca suspeitou os motivos
de meu proceder, e continuou na convicção de que seu temperamento me era
agradável. Um dia, no recreio, com um ar de muita satisfação, disse-me mais ou
menos estas palavras: "Poderíeis dizer-me, minha Irmã Teresa do Menino
Jesus, o que tanto vos atrai para mim: vejo-vos sorrir todas as vezes que me
olhais". Ah! o que me atraía, era Jesus escondido no fundo de sua alma...
Jesus que adoça o que há de mais amargo. Respondi-lhe que sorria, por ficar
contente de vê-la (bem entendido, não acrescentei que era sob o ponto de vista
espiritual). (...).
"Lembrando-me
de que a caridade cobre uma multidão de
pecados (Cf. II Cor XII, 5), abasteço-me nessa mina fecunda que Jesus abriu
diante de mim. No Evangelho, o Senhor explica em que consiste seu novo mandamento. Diz em S. Mateus: "Ouvistes que foi dito: Amareis vosso
amigo, e odiareis vosso inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos,
orai pelos que vos perseguem" (Mt V, 43 e 44).
"No
Carmelo, sem dúvida, não existem inimigos, mas existem afinal simpatias.
Sente-se atração por uma irmã, ao passo que outra vos faria dar grande volta,
para evitar encontro com ela. Assim, até sem o perceber, a mesma se torna alvo
de perseguição. Ora, Jesus diz-me que, a esta irmã, é preciso amá-la, é preciso
rezar por ela, ainda que seu modo de proceder me leve a supor que não me ama: "Se amais os que vos amam, que mérito
tendes? Pois os pecadores também amam aos que os amam" (Lc VI, 32).
"E não
basta amar, é preciso dar prova disso. Temos natural satisfação em obsequiar um
amigo, gostamos principalmente de fazer surpresas. Isto, porém, não representa
a caridade, visto que os pecadores também fazem outro tanto. Eis o que Jesus
ainda me ensina: "Dai a TODO AQUELE
que vos pede, e a QUEM LEVA o que é vosso, não o reclameis" (Lc VI,
30). Dar a todos aqueles que pedem, é menos agradável do que oferecer
pessoalmente, num impulso do coração. Quando pedem de bons modos, não custa
dar. Mas, se por má sorte alguém não usa termos bem delicados, a alma de pronto
se insurge, se não estiver firme na caridade. Encontra mil razões para recusar
o que se lhe pede, e só depois de fazer ver à solicitante sua indelicadeza é
que afinal damos, por favor, o que estava pedindo, ou lhe prestamos um
servicinho, cuja execução exigiria vinte vezes menos tempo do que o necessário
para fazer prevalecer direitos imaginários. Se difícil é dar a quem quer que o
peça, muito mais o será deixar que levem
o que temos, sem pedir devolução. Ó,
minha Madre, digo que é difícil, deveria dizer que parece difícil, pois o jugo
do Senhor é suave e leve. (...)
"A quem quiser citar-vos em juízo para vos tirar a túnica, largai-lhe também o manto... (Mt V, 40). "Abandonar a túnica, ao que me parece, é renunciar seus últimos direitos, é ter-se como servidora, como escrava das outras. Quando nos desfazemos de nosso manto, torna-se-nos mais fácil andar, correr. Por isso Jesus acrescenta: "E se alguém vos obrigar a dar mil passos, andai com ele outros dois mil" (Mt V, 41). Assim, não basta dar a quem quer que mo peça. Preciso ir ao encontro de seus desejos, fazer um ar de quem se honra e satisfaz em prestar serviço. E quando alguém toma algum objeto de meu uso, não devo dar demonstração de lástima. Pelo contrário, devo dar a impressão de que estou feliz, por me ver livre do mesmo. Minha querida Madre, muito longe estou de pôr em prática o que compreendo. Entretanto, só o desejo de consegui-lo já me tranquiliza". (...)
"A quem quiser de vós um
empréstimo, não lhe deis as costas" (Mt V, 42).
"Assim,
sob pretexto de sermos obrigados a recusar, não devemos afastar-nos das irmãs
que têm o costume de pedir favores. Não se deve também ser prestativa para que
o conste nem com a esperança que outra vez, a irmã favorecida vos preste
serviço de sua parte, pois Nosso Senhor disse ainda: "E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que
merecimento é o vosso? Pois os pecadores também emprestam a pecadores, para
receberem outro tanto. Vós, porém, praticai o bem. EMPRESTAI SEM NADA ESPERAR
EM TROCA, e grande será vossa recompensa" (Lc VI, 34 e 35). Oh! sim!
grande é a recompensa mesmo aqui na terra... Nesse caminho, o que custa é só o
primeiro passo". Amém!
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