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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes ( II )

O sacerdote, hóstia com Jesus

   
   Eu sou sacerdote e hóstia, sacrificador e vítima. No Antigo Testamento, os sacrifícios não tinham valor senão em vista da minha futura imolação sobre a cruz.
   No Novo Testamento, eu sou a vítima oferecida de uma extremidade à outra do mundo, em todos os altares do Universo.
   Até ao fim dos tempos ficarei na Santíssima Eucaristia no estado de hóstia, oculto debaixo de humildes espécies, humilhado ante o meu Pai, aniquilado perante a Sua Majestade infinita.
   Eu vivo em toda a Igreja, mas perseguido pelos meus inimigos, desprezado pela maioria dos homens, traído amiúde pelos meus próprios filhos.
   Meu filho, chamado por um decreto eterno a seres meu sacerdote, foste pelo mesmo decreto designado para seres vítima comigo.
   Minha Mãe, dando-me a humanidade, deu-me a possibilidade de ser sacerdote e de me oferecer como vítima a meu Pai. Todavia, Ela não pôde consentir no meu sacrifício sem ser atravessada por uma espada de dor.
   De igual maneira tu me dás o ser sacramental e me ofereces no altar como Ela me oferecia no Calvário; mas, se és outro Jesus, não poderás oferecer-me sem te imolares comigo.
  No altar, tu assimilas o meu corpo e o meu sangue; mas não poderias dignamente chegar a essa assimilação da vítima sem seres, tu mesmo, transformado em hóstia.
   Oh! Não fujas a esta honra incomparável de seres hóstia comigo!
   Não te espante o participares do meu estado de vítima.
   O grão de trigo não poderia germinar nem produzir o seu fruto sem ser lançado na terra para lá sofrer a decomposição.
   O Filho do homem não pôde entrar na sua glória sem antes ter sofrido e morrido no patíbulo. Sem efusão de sangue não há redenção. 
   Tu és co-redentor e deves morrer e ser sepultado comigo para depois ressuscitares e te sentares a meu lado na glória.
  O mundo rejubilará enquanto tu estás na aflição; tem paciência, passará o sofrimento e a glória não terá fim.
   Feliz aquele que compreende o mistério da cruz! Feliz aquele que não se escandaliza da minha humilhação! Feliz aquele que não se espanta à vista das provas que eu mando aos meus melhores amigos!
   Feliz o sacerdote que recebe com alegria a parte escolhida que eu lhe dou nos meus sofrimentos, pois a minha paixão ainda não está acabada!
   Feliz aquele que vai comigo até ao Calvário e desafia os insultos e as perseguições para me permanecer fiel!
   Meu filho, a tua paciência agrada-me mais do que as tuas pressas. O teu sofrimento produz mais fruto que a tua atividade. Os teus desprezos atraem mais almas do que os teus sucessos.
   Sê vítima comigo! Quando no altar me tens nas tuas mãos, quando levantas a hóstia santa, entrega-te comigo ao nosso Pai do céu e abandona-te nos Seus braços a todo o Seu querer, presente e futuro, sobre ti e sobre os teus, para o tempo e para a eternidade.
   Queres ser meu verdadeiro discípulo? - Toma a tua cruz, vem e segue-me.
   O mundo te aborrecerá e perseguirá. Olhar-te-á com desprezo, porque és meu sacerdote, porque a tua batina lhe prega a penitência e as tuas virtudes são a recriminação dos seus vícios.
   Na terra, eu não recolhi da maioria dos homens senão hostilidade, indiferença ou ingratidão. De igual maneira, tu não terás no mundo nem repouso nem reconhecimento. O discípulo não deve ser melhor tratado do que o Mestre.
   Eu sofri na terra a solidão do coração, o abandono dos meus, ainda dos melhores amigos. Terás também parte nesta cruz!
   Lembra-te então de que estou sempre a teu lado.
   A Minha Mãe seguiu-me até ao Calvário, e tampouco Ela te abandonará.
   Assaltar-te-ão penas interiores e dúvidas angustiosas, em vista das tuas graves obrigações e da tua fraqueza em as cumprires. Une-as à minha tristeza no jardim das Oliveiras, ao tédio e aos temores que então me acabrunharam.
   As enfermidades corporais serão o teu tormento e minarão as forças que tu quererias consagrar ao meu serviço.
   Recorda então que és vítima comigo e que mereces mais pelos teus sofrimentos do que pelas outras ações.
   A morte virá enfim, e vê-la-ás aproximar-se com terror, considerando o número das tuas infidelidades e a severidade do juízo.
   Une-te à minha agonia na cruz. Eu fui abandonado por meu Pai para te merecer a graça de um dia seres acolhido por mim, não obstante a tua miséria.
   Tem coragem, meu filho. Leva esforçadamente a tua cruz e vem em meu seguimento. Não permitirei que sucumbas debaixo do seu peso.
   As tribulações que o meu Pai te destina para te fazer semelhante a mim, não virão sobre ti todas juntas. Distribuí-las-ei por toda a tua existência e fá-las-ei alternar com consolações e alegrias íntimas.
   O meu jugo é suave e leve a minha carga. Não sou eu o forte de Israel? Não sou eu a fortaleza dos mártires no meio dos maiores suplícios?