70. A CASTIDADE.
Outro ponto em que Jesus, o novo Legislador, exige maior perfeição do que entre os antigos, e não está apenas aconselhando, mas exigindo mortificação e sacrifício, sob pena de condenação eterna, é o sério problema da castidade. É uma interpretação cristã mais rigorosa do 6º mandamento: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu, porém, digo-vos que todo o que olhar para uma mulher cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela. E, se o teu olho direito te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor te é que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno (Mateus V-27 a 29).
Ninguém, é claro, vai interpretar isto no sentido material de que havemos de cegar os nossos olhos, para não ficarmos mais sujeitos às tentações da carne; mas Jesus quer mostrar que, como essas amizades pecaminosas tanto prendem e escravizam o coração da criatura, nestas ocasiões é preciso fazer a renúncia, o sacrifício, mesmo que seja este tão doloroso para a alma, como seria cruel para o corpo a extirpação do próprio olho. Porque, como diz São Paulo: Os que são de Cristo crucificaram a sua própria carne com os seus vícios e concupiscência (Gálatas V-24).