domingo, 30 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS NOS DÁ POR MÃE SUA PRÓPRIA MÃE


LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
30º dia de junho

Não há corações mais intimamente unidos do que o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria. Afinal, o Coração de Jesus saiu do Coração de sua Mãe Santíssima. Foi  nela que o Espírito Santo operou o mistério inefável da Encarnação do Verbo Eterno de Deus. E Maria Santíssima não só nos trinta anos de vida oculta de seu Filho, esteve com todo carinho e amor junto d'Ele, mas também no primeiro milagre operado por Jesus e em muitas outras ocasiões. Mas especialmente, o seu Coração Imaculado estava junto do de seu Filho lá no Calvário.

Junto a Cruz Maria estava de pé. Nem a angústia do coração, nem as injúrias do povo, a crueldade dos algozes ou perigo da morte podiam apartá-la de Jesus, seu querido Filho. Seu coração estava pronto a morrer na presença de Jesus ou a assistir-Lhe na agonia. De todos os Apóstolos só o predileto de Jesus, São João Evangelista, estava ao lado de Maria Santíssima.

Ao ver a Virgem Mãe e o discípulo virgem, tão amados do Coração Divino, disse Jesus, olhando para a Mãe: "Mulher (que em hebraico significa Senhora), eis aí teu filho". Depois, dirigindo-Se ao discípulo, representante de todos nós, disse-lhe: "Eis aí tua Mãe". E desde esta hora o discípulo a tomou por Mãe; e depois levou-A para sua casa. (cf. Jo. XIX, 26 e s.).

Justamente quando os homens levavam ao auge a sua malícia, quando não cessavam de afligir o Coração de Jesus com injúrias, ele superabundou em amor e nos deu sua Mãe por Mãe Nossa. O Coração de Jesus instituíra no dia anterior à sua morte, a Santíssima Eucaristia, não nos querendo deixar órfãos. Mas também fez, momentos antes de morrer, o que nenhum humano pode fazer: deu-nos por Mãe a sua própria Mãe, a melhor de todas as mães.

Neste ato, o Coração de Jesus mostra, outrossim, o desvelo e cuidado por sua Mãe, provendo à honra e ao amor que lhe eram devidos. Jesus mostra que o Seu Coração e o Coração de sua Mãe Santíssima, devem ao mesmo tempo, ser conhecidos e juntamente amados.

Nós, pobres pecadores não podemos calcular toda grandeza e intensidade do amor do Coração de Maria por seu Filho e seu Deus. É algo inefável! Não há no céu e na terra criatura que prestasse tantas honras e dedicasse tanto amor a Jesus, quanto a sua Mãe Santíssima. A Santíssima Trindade empregou todo seu amor e poder em preparar aquele Coração de Mãe, com a capacidade de amar um Filho que é também o Filho do Altíssimo. Portanto, em parte alguma se poderia encontrar um coração que fosse tão unido e agradável ao Coração de Jesus qual foi o Coração Imaculado da Virgem Mãe.  Por outro lado, o Coração de Jesus quis e quer ver o Coração de sua Mãe, em toda parte e sempre, honrado e amado. O Coração de Jesus quer que, em qualquer parte do mundo, e até a consumação dos séculos, onde for adorado o Seu Coração, seja venerado de modo todo singular, o Coração Imaculado de Sua Mãe Santíssima.

Maria Santíssima compartilhando as dores de Jesus, nos adotou ao pé da cruz. Como nossa Mãe, devemos prestar-lhe honra todos os dias da nossa vida, lembrando-nos de quanto Ela sofreu com Jesus por nossa causa. Devemos reconhecer este grande dom do Coração agonizante de Jesus, ao dar-nos uma tal Mãe. Depois que Jesus se deu a si mesmo por nós na Eucaristia, quis dar-nos a sua Mãe para ser a nossa Mãe também. Assim, o Coração materno de Maria Santíssima transborda de singular afeto, compaixão, amor e solicitude pelos seus filhos.

O Coração de Maria, formado à semelhança do Coração de Jesus, a todos se acha aberto sob o dulcíssimo título de Coração materno. Por intermédio do Coração Imaculado de Maria seremos introduzidos no Coração de Jesus. Pois, pela Virgem Maria , Jesus Cristo veio aos homens e também por Ela, Deus quer que cheguemos até Jesus. Quaisquer graças que desejarmos obter de Nosso Senhor Jesus Cristo, devemos recomendá-las a Maria, nossa Mãe, para que ela, sendo Mãe de Deus e nossa, invoque em nosso favor o Coração Sacratíssimo de Jesus. Na verdade os direitos maternos que Nossa Senhora possuiu e exerceu na terra, não os perdeu no céu, onde, como Soberana de todos os anjos e santos, reina com Jesus, seu divino Filho.

Ao comparecer ao tribunal no Juízo teremos a dulcíssima consolação de ter por Advogada junto ao Juiz, sua Mãe e nossa Mãe! Esta Mãe, a quem o Juiz deu todo o poder sobre o seu Coração, intercederá ao seu Filho em favor dos seus outros filhos que somos nós seus devotos. Amém!


sábado, 29 de junho de 2019

CÉFAS, A PEDRA

                                                                                                                                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*   

            No domingo próximo, transferida do dia 29, celebraremos a solenidade de São Pedro, apóstolo escolhido por Jesus para ser seu vigário aqui na terra (“vigário”, o que faz as vezes de outro), seu representante e chefe da sua Igreja. Junto com São Paulo, o apóstolo dos gentios, ambos constituem as colunas da Igreja de Cristo. Pedro, a pedra, foi o fundador da Igreja de Roma. Paulo, com o chamado especial de Cristo, tornou-se o grande propagador do Evangelho no mundo pagão, fora da Judéia. 
            Pedro se chamava Simão. Jesus lhe mudou o nome, significando sua missão, como é habitual nas Escrituras: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas! (que quer dizer Pedro - pedra)” (Jo 1, 42). Quando Simão fez a profissão de Fé na divindade de Jesus, este lhe disse: “Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 13-19).
            Corajoso e com imenso amor pelo Senhor, sentiu também sua fraqueza humana, na ocasião da prisão de Jesus, na casa de Caifás, ao negar três vezes que o conhecia. “Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32).  E Pedro, depois de ter chorado seu pecado, foi feito por Jesus o Pastor da sua Igreja. 
            São Pedro, fraco por ele mesmo, mas forte pela força que lhe deu Jesus, representa bem a Igreja de Cristo. “Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre a pedra que é Pedro... Cremos que a Igreja, fundada por Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica. Ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a vida da graça. Se realmente seus membros se alimentam dessa vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Credo do Povo de Deus).
             “Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação.... A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen Gentium, 8). 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

sexta-feira, 28 de junho de 2019

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



 Deste Coração divino jorrou o Sangue que lavou nossas almas do pecado; e é deste mesmo Divino Coração que, por um excesso de amor, brotou a Grande Promessa das nove Primeiras Sextas-Feiras, que é, nada mais nada menos, um SEGURO PARA O CÉU. Quantos motivos de gratidão, de ações de graças e de adoração ao Sagrado Coração de Jesus!!!
    "Oh! Coração cheio de amor, flor do amor! - exclama soluçando na sua lírica tão simples e eficaz, o Santo Cura d'Ars - e a quem amaremos nós, se não amarmos o Coração de Jesus? Naquele coração adorável não há outra coisa senão amor: como é possível esquecer que está tão cheio de amabilidade?"
   Sob o título de "Sagrado Coração", nos gloriamos de render homenagem ao Coração físico de Jesus. Este é o objeto sensível, próximo e direto da devoção, embora apenas secundário, e constitui o elemento material, ao passo que o objeto principal, embora indireto, o elemento formal é o amor de Jesus (coração metafórico). É, ao mesmo tempo, um Coração humano e divino; não é uma lembrança do Coração de Jesus, mas é seu Coração vivo e real, e a Pessoa de Jesus é o "remate definitivo" do culto. Em Nosso Senhor Jesus Cristo tudo é infinitamente grande por causa da união hipostática; por isto, tudo o que faz parte de sua Pessoa é digno de profunda adoração, mormente seu Coração, que a Igreja chama de adorável por excelência. E não temos nós a felicidade, a graça de estarmos sempre juntos e melhor ainda bem unidos a este Coração vivo e palpitante de amor na Santíssima Eucaristia!!! E adoramos este Coração físico e vivo de Jesus, não tanto nem só , porque é um órgão da humanidade assumida, mas porque e principalmente enquanto significa, enquanto exprime o amor do Homem-Deus, enquanto é sede e instrumento por direito do Amor.
   O culto do Sagrado Coração  é portanto, em última análise, o culto do amor de Jesus Cristo, na sua natureza, nos seus instrumentos, nos seus efeitos.
   Ouçamos, principalmente nós sacerdotes, duas almas privilegiadas do Sagrado Coração de Jesus, almas as quais Nosso Senhor Jesus Cristo fez revelações importantíssimas sobretudo referentes aos sacerdotes. Estas revelações foram aprovadas pela Igreja e são citadas freqüentemente por escritores sábios e santos, e até mesmo por santos canonizados pela Santa Igreja. Acho não ser supérflua esta observação.
   Por uma óbvia razão cito em primeiro lugar Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa da Visitação.
   "Oh! - exclama ela - não poder eu dizer a todo mundo o que sei desta amável devoção! Não sei de exercício mais próprio na vida espiritual para elevar uma alma à mais alta perfeição. Nosso Senhor me descobriu os tesouros de caridade e de graças para as pessoas que se consagrarem a honrá-Lo e amá-Lo, e são tesouros tão grandes que dizer me é impossível. Deu-me a conhecer que os que trabalham na salvação das almas, alcançarão êxito maravilhoso e possuirão o segredo de tocar os corações mais endurecidos, se estiverem penetrados de uma terna devoção a este Coração divino. Jesus Cristo me assegurou que sentia um prazer todo especial em ser honrado sob a figura deste coração de carne, e queria a sua imagem exposta em público a fim de tocar os corações insensíveis dos homens. Declarou-me que derramaria em abundância no coração dos que o honrarem, todos os tesouros de graças de que está cheio, e que lá onde a sua imagem fosse particularmente honrada atrairia toda sorte de bênçãos. O Sagrado Coração de Jesus é o tesouro de todas as graças e a nossa confiança nele é a chave deste tesouro. Ah! como é doce morrer depois de ter tido uma devoção constante ao coração d'Aquele que nos deve julgar".
   Outra alma privilegiada do Sagrado Coração foi sem dúvida a Madre Luísa Margarida Claret de la Touche. Fundou a "Aliança sacerdotal universal dos Amigos do S. Coração e fundou o novo instituto de "Betânia do Sagrado Coração" com a finalidade de servir a Jesus Sacerdote nos seus sacerdotes. Em 1902 esta alma privilegiada ouviu a doce voz de Jesus nos Sacramento do Amor: "Se o sacerdote soubesse que tesouros de amor lhe estão reservados no meu Coração! Que venha ao meu coração, e beba desta fonte e encha-se de amor até transbordar e derramá-lo sobre o mundo. Margarida Maria, continua Jesus, mostrou meu coração aos homens, tu mostra-o aos meus sacerdotes, atrai-os todos ao meu coração. Quero dar-lhes a conhecer um segredo todo particular do meu Coração... Eu preciso deles, para coroar minha obra... Meu Coração é o cálice do meu Sangue; se há alguém que tenha direito e obrigação de achegar-lhe os lábios, não é porventura o sacerdote que bebe todos os dias do cálice do Altar? Venha, portanto, ele ao meu Coração e beba... É principalmente aos sacerdotes que este Sagrado Coração quer manifestar-se, a esses chamados por Ele para reacender e vivificar sobre a terra o fogo da caridade. Por sua bondade inefável Ele quer ter necessidade deles, para completar seus desígnios, e o que poderia operar diretamente nas almas, por meio da graça, não o faz, por via de regra, senão mediante o concurso deles. Oh! Se o sacerdote soubesse que tesouros de ternura encerra para ele o Coração de Jesus! Com que ardor se atiraria àquela fonte divina, para encher-se de amor, até transbordar".
   Caríssimos colegas! Não sejamos ingratos! Como ferem o divino Coração, a indiferença, a tibieza, a ingratidão dos seus padres! "Os outros, disse Nosso Senhor a Santa Margarida, se contentam com açoitar o meu corpo, mas os sacerdotes dirigem seus golpes diretamente ao meu Coração".
    Como precisamos do Coração de Jesus para nós padres debelarmos esta crise terrível tanto na sociedade (onde se legalizam crimes nefandos), como dentro da própria Igreja! Fenômeno impressionante, pavoroso: a ignorância, a incredulidade, o ódio e a corrupção atual, e pouco fagueiras as previsões do futuro. Oh! verdadeiramente, talvez mais do que nunca, Satanás é "o príncipe deste mundo!"(S.Jo. XII,31).
   Faz alguns anos o Padre Graziano Giol, jesuíta, visitou um templo budista de Sitong aos pés de um cume nevoso do Himalaia. Um mestre, todo untado e bisuntado, mostrava-lhe, com orgulho, um belo quadro que representava,  -  quem o acreditaria? - Jesus no sepulcro, encimado por um cálice com a hóstia. Mas o mais interessante ( se assim podemos dizer) é que dia e noite queimavam velas escuras diante da imagem... Em sinal de veneração? ... Em sinal de amor?... Não, não, mas por temor e nada mais. "O quadro representa um deus grande, - sussurrou o Mestre aos ouvidos do bom Jesuíta,-  embora Buda lhe seja superior."
   E pensar que nós sacerdotes temos as revelações do Sagrado Coração de Jesus, como solução para tudo! Dizia Pio IX, hoje beato: "Pregai por toda a parte a devoção ao Sagrado Coração de Jesus: ela deve salvar o mundo."
   Como nos entristecem os Encontros de Assis! Procuremos a verdadeira paz que só o SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS NOS PODE DAR!

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 SEXTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DEPOIS DO PENTECOSTES.

   Ó Jesus, concedei-me a graça de penetrar os segredos escondidos no Vosso divino Coração.


   1- Depois de termos fixado o nosso olhar na Eucaristia, dom que coroa todos os dons do amor de Jesus aos homens, a Igreja convida-nos a considerar diretamente o amor do Coração de Cristo, fonte e causa de todo o dom. Pode afirmar-se que a festa do Sagrado Coração de Jesus é a festa do Seu amor por nós. "Eis o Coração que tanto amou os homens", disse Jesus a Santa Margarida Maria; "eis o Coração que tanto amou os homens", repete-nos hoje a Igreja, mostrando-nos que "no Coração de Cristo, ferido pelos nossos pecados, Deus se dignou dar-nos, misericordiosamente, infinitos tesouros de amor" (cfr. Coleta). Inspirando-se neste pensamento, a liturgia de hoje refere-nos os imensos benefícios que nos provêm do amor de Cristo, é um hino de louvor ao Seu amor. "Cogitationes Cordis ejus", canta o Introito da Missa: "Eis os pensamentos do Seu Coração - do Coração de Jesus - através das gerações: arrancar as almas da morte e alimentá-las em sua fome". O Coração de Jesus anda sempre à procura de almas para salvar, para livrar dos laços do pecado, para lavar com o Seu Sangue, para alimentar com o Seu Corpo. O Coração de Jesus está sempre vivo na Eucaristia para saciar a fome dos que por Ele suspiram, para acolher e consolar todos os que, desiludidos pelas amarguras da vida, se refugiam n'Ele em busca de paz e alívio. E o próprio Jesus nos ampara na aspereza do caminho. "Tomai o meu jugo sobre vós, aprendei de mim, que sou manso e humilde de Coração, e achareis repouso para as vossas almas" (Alleluia). Se é impossível eliminar da vida toda a dor, é no entanto possível, a quem vive com Jesus, sofrer em paz e encontrar no Seu Coração repouso para a alma cansada.

   2- O Evangelho e a Epístola fazem-nos considerar ainda mais diretamente, o Coração de Jesus. O Evangelho (Jo. 19, 31-37) mostra-nos o Seu Coração posto a descoberto pela ferida da lança, e Santo Agostinho comenta: "O Evangelista disse abriu, a fim de nos mostrar que, de alguma maneira, se nos abre ali a porta da vida, donde brotaram os Sacramentos". Do Coração trespassado de Cristo - símbolo da amor que O imolou por nós na Cruz - brotaram os Sacramentos, figurados na água e no sangue saídos da Sua chaga, através dos quais recebemos a vida da graça; sim, é justo dizer que o Coração de Jesus foi aberto para nos introduzir na vida. "Estreita é a porta que conduz à vida" (Mt. 7, 14), disse Jesus um dia; mas se por esta porta entendemos a chaga do Seu Coração, podemos dizer que não nos podia abrir uma porta mais acolhedora.
   São Paulo, na sua belíssima Epístola, (Ef. 3, 8-19), convida-nos a entrar, ainda mais adentro, no Coração de Jesus para contemplar as Suas "riquezas incompreensíveis" e penetrar o "mistério escondido, desde o princípio dos séculos, em Deus". Este "mistério" é exatamente o mistério do amor infinito de Deus que nos preveniu desde a eternidade e que nos foi revelado pelo Verbo feito carne; é o mistério daquele amor que nos quis remir e santificar em Cristo, "no qual temos segurança e acesso a Deus". Mais uma vez Jesus Se nos apresenta como a porta que conduz à salvação: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo" (Jo. 10, 9); e a porta é o Seu Coração que, rasgando-se por nós, nos introduziu na vida. Só o amor nos pode fazer penetrar neste mistério de amor infinito; mas não basta um amor qualquer, é necessário, como diz São Paulo, estarmos "arraigados e fundados na caridade". só assim poderemos "conhecer aquele amor de Cristo que excede toda a ciência, para que sejamos cheios de toda a plenitude de Deus". 

   Colóquio: ... "Se vós, ó Jesus, sois a minha Cabeça, por que não deverá chamar-se meu, aquilo que é Vosso? Não é verdade que são meus os olhos da minha cabeça? Portanto o Coração da minha Cabeça espiritual é o meu coração. Que alegria para mim! Olhai: Vós e eu temos um só coração. Entretanto, ó Jesus dulcíssimo, havendo reencontrado este Coração divino que é Vosso e meu, elevarei a Vós, Deus meu, a minha prece: acolhei no sacrário das Vossas audiências as minhas orações, ou antes, atraí-me inteiramente ao Vosso Coração" (São Boaventura). 

(Meditação extraída do Livro "INTIMIDADE DIVINA" do P. Gabriel de Sta. M. Madalena, O.C. D.)

quinta-feira, 27 de junho de 2019

O AMOR HUMANO DO CORAÇÃO DE JESUS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
27º dia de junho

Sabemos pela Teologia que em Nosso Senhor Jesus há duas vontades: a humana e a divina. Assim, também devemos considerar no Coração de Jesus, o seu amor humano e o se amor divino por nós.  Na verdade o dulcíssimo Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, nos amou muito, nos ama muito e nos há de amar muito durante toda a eternidade.

O amor de Jesus em sua alma humana, através de seu Coração palpitante, nos seus 33 anos na terra, hoje no Céu à direita de seu Eterno Pai, e na terra, na Santíssima Eucaristia, é, digo, um amor admirável, inefável. Mas em sua divindade, Jesus que é o Verbo Divino, nos ama com o mesmo amor que o Pai e o Espírito Santo, ou seja, com um amor eterno e infinito.

Hoje vamos meditar no amor humano do Coração de Jesus, e amanhã, se Deus quiser, meditaremos no amor divino do Coração de Jesus.

Jesus, chorou diante do túmulo de seu amigo Lázaro de Betânia, e o povo exclamou: "Vede como Ele o amava". Caríssimos, meditando durante este mês de junho, em tudo que o Coração de Jesus fez por nós, na Encarnação, no seu nascimento, na sua vida oculta e na vida pública, na instituição da Santíssima Eucaristia e sobretudo em sua Paixão e Morte, nós também exclamamos: "Vede como Ele nos amou!".

O Coração de Jesus nos ama com um amor humano imenso! Pois, a sua fonte é a alma de Jesus, e esta é a obra-prima de Deus aqui na terra. Deus a fez tão perfeita o quanto é possível a uma criatura. E Deus onipotente tornou esta alma capaz de um amor tal que, excede em intensidade ao de todos os homens que existiram, existem e hão de existir, ao amor de todos os anjos e ao da própria Santíssima Virgem Maria, reunidos num só. Já percorremos toda a vida de Jesus e meditamos na imensidade deste amor por nós.

E agora na glória do Céu, à direita de seu Pai Eterno, o Coração de Jesus continua a nos amar. São João declara que mesmo os pecadores são ainda muito caros a Jesus, porque lhes advoga a causa junto de seu Pai: "Filhinhos meus, eu vos escrevo estas coisas, para que não pequeis; mas, se algum pecar, temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo justo. Ele é propiciador pelos nossos pecados, e não somente, pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 S. João, II, 1 e 2). Assim, o próprio pecado mortal, que Lhe inspira tanto horror, não Lhe altera os sentimentos do Coração. Seu olhar não é de ódio, mas de ternura entristecida, de compaixão para com o louco, monstruoso e mísero pecador. Jesus com suas chagas radiantes de luz e glória, está a lembrar a seu Pai que Ele sofreu tanto pelos pecadores, que pagou caríssimo pelos seus pecados; suplica, então, e implora graças de contrição. O Coração de Jesus é sempre ouvido pelo seu Pai, embora, infelizmente, muitos põem obstáculos. O Coração de Jesus pede também a graça de uma perfeita penitência, de tal modo que o pecador, se assim o quiser, poderá reparar plenamente suas faltas.

Caríssimos, agora meditemos no seguinte: Se Jesus ama assim os pecadores, qual não será o amor de seu Coração pelos verdadeiros amigos, pelos justos, pelos santos?! São João Eudes diz: "Tão grande é o seu amor, que Ele estaria pronto a sacrificar sua vida no universo inteiro e com sofrimentos imensos; e porque o seu amor é eterno, estaria pronto ainda a sacrificá-lo eternamente e com dores eternas". Sofreria, portanto, uma nova paixão por cada um dos filhos dos homens. Faria por cada um o que fez por todos. Mas sabemos que Jesus não pode sofrer e morrer mais, depois de ressuscitado e glorioso. Como seu Coração é onipotente, arranjou um meio de fazê-lo por nosso amor: A Santíssima Eucaristia como Sacrifício e como Sacramento. A Santa Missa renova, de maneira incruenta, a imolação do Calvário, e nos aplica seus merecimentos infinitos. E aqui no Altar se aniquila de alguma maneira, mais do que na Cruz. Quanto o Coração de Jesus se alegra em poder através da Santa Missa, derramar sobre o mundo torrentes de graças! E faz ainda mais: A Eucaristia como Sacramento! Faz-se nosso alimento, nosso hóspede na comunhão, e dá-se a nós todo inteiro, convidando-nos a renovar cada dia essa união tão doce ao seu Coração. O Coração de Jesus quis ficar conosco até o fim do mundo, não quis nos deixar órfãos. É realmente o Emanuel, isto é, o Deus conosco. Amém!


quarta-feira, 26 de junho de 2019

O AMOR INFINITO DO CORAÇÃO DE JESUS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
26º dia de junho

É uma verdade que dispensa demonstração. O católico que não o reconhecesse seria um católico sem coração, ou melhor não seria verdadeiro cristão.

 Deus nos amou desde toda a eternidade: "Eu amei-te com um amor eterno, por isso, compadecido de ti, te atraí a mim" (Jeremias XXXI, 3). E o Apóstolo do Amor, disse: "Nós conhecemos o amor de Deus, porque deu sua vida por nós" (1, João IV, 9); transmitiu-nos a afirmação do próprio Jesus: "Amou Deus de tal modo o mundo (os homens), que deu por ele o seu Unigênito Filho (S. João III, 16).  Pelo que já meditemos até hoje desde o início deste mês ficou suficientemente demonstrado o amor infinito do Coração de Jesus por nós. Pois, basta para isto contemplar toda a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi o amor aos homens a causa de tudo o que fez e sofreu. Por nosso amor o Filho de Deus deixou o Céu e desceu a este vale de lágrimas; revestiu-Se de nossa mesma carne; deu a vida por nosso amor, para que pudéssemos viver eternamente com Ele no Paraíso. Como já meditamos, uma só gota de seu Sangue seria suficiente para remir todo o mundo e até milhares de mundos, mas seu amor por nós levou-O a derramá-lo até a última gota. Como diz São Pedro: "Não fomos remidos com ouro e prata, mas sim com o sangue do Cordeiro Imaculado" ( 1 S. Pedro, I, 18); e São Paulo diz o mesmo: "Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai e trazei a Deus no vosso corpo" (1 Cor. VI, 20). E Jesus não só derramou seu sangue por uma única ferida, mas entregou seu corpo às mãos dos verdugos desumanos, que o puseram numa só chaga, dos pés à cabeça. Enfim, ao abrir-vos os Santos Evangelhos qual é a página que não fala do seu amor aos homens?! Em cada milagre encontramos uma prova dele.

E Nosso Senhor Jesus Cristo, amou-nos como ninguém! Já meditamos sobre o amor do Coração de Jesus ao instituir a Santíssima Eucaristia. Amou-nos e deu-Se a si mesmo por nós, sua carne, seu sangue, sua alma e sua Divindade. Foi por nosso amor que o Coração de Jesus quis ficar conosco na terra, para que n'Ele tivéssemos um amigo fiel, um pai amoroso, em cujos braços nos pudéssemos lançar na hora do abandono e da tribulação.

E assim como ficamos tristes em ver em muitos uma verdadeira homolatria! E para desagravar o Adorável Coração de Jesus exclamamos com São Paulo: "Seja anatematizado aquele que não amar a Nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Cor. XVI, 22).

Caríssimos, pensemos sempre neste amor infinito do Coração de Jesus por nós, pobres pecadores! Procuremos fazer como os Santos fizeram: passavam grande parte do dia com o Evangelho diante dos olhos, meditando nos padecimentos a que o divino Salvador se entregou por nosso amor.

O Coração de Jesus nos amou tanto que quis ficar conosco na Eucaristia. Quem ama gosta de receber em sua casa a pessoa amada. Jesus está no solidão dos templos, à nossa espera para abrirmos o coração diante d'Ele. E mais: Jesus nos ama tanto que, Ele o Senhor, está batendo à porta de nosso coração: "Meu filho, dá-me, teu coração" . E, se amarmos verdadeiramente a Jesus, não há como ficarmos insensíveis diante de um ternura e bondade infinitas! E quem é Ele, e quem sou eu?!

Caríssimos, diante desta fornalha de amor que é o Coração de Jesus, não é possível permanecermos com o coração gelado! Quem não ama a Jesus não se ama a si mesmo. Não amar a Jesus é amar ao mundo; não amar a Jesus é amar as criaturas; e amar o mundo e as criaturas é amar o que não tem valor, é preparar para si a ruína espiritual.


Então digamos de todo coração: "CORAÇÃO DE JESUS QUE TANTO NOS AMAIS, FAZEI QUE EU VOS AME CADA VEZ MAIS! Amém!

terça-feira, 25 de junho de 2019

O AMOR DIVINO DO CORAÇÃO DE JESUS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
25 dia de junho

Vimos como o amor humano do Coração de Jesus é imenso, inefável, admirável. Mas, caríssimos, o amor divino do Coração de Jesus é infinito, é eterno. É o amor com que o Coração de Jesus nos ama em sua Divindade. Toda compreensão desta verdade é dada pelo mistério da Encarnação. O Verbo podia e pode ainda dizer: "Eu vos amo pela minha Divindade com um amor comum às três Pessoas divinas, e vos amo pela minha Humanidade. Fui eu quem, em meu corpo e em minha alma humana, sofreu por vós, fui eu, Verbo Eterno quem orou por vós, quem mereceu por vós pela alma santa que tomei no dia de minha Encarnação. Hoje, na morada da glória, deleito meus fiéis pela graça de minha Humanidade e pela glória infinita de minha Divindade".

Em seu Filho, que é o espelho, o esplendor de sua substância, Seu Verbo, isto é, sua Palavra eterna,  Deus Pai sempre  nos viu. Amou-nos desde toda eternidade. Tudo em Deus é infinito, e, portanto, seu amor e sua bondade são infinitos. Deus nos ama desejando ver-nos felizes pela santidade, felizes da santidade que é fruto da virtude e do puro amor. Na verdade, ser virtuoso, ser santo, é amar a Deus, procurar a Deus, dirigir-se a Deus, e o termo da santidade é a posse de Deus. A graça santificante que Deus nos dá pelo santo Batismo outra coisa não é senão Deus dando-se à alma, vivendo nela, unindo-se a ela, em uma palavra, divinizando-a. Eis a explicação de tudo em duas frases bíblicas: "Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho" e "O Verbo se fez carne". E por que estes dois mistérios inefáveis? Para que Jesus Cristo, sendo Deus e Homem, pudesse nos salvar. Como Homem pôde sofrer e morrer por nós, e sendo Deus, pois, Jesus é uma Pessoa divina, é o Filho de Deus, deu aos seus sofrimentos e à sua Morte um valor infinito.

Mas por que Deus nos ama com esse ardor infinito? Em nós nada há que possa excitar tanto amor. As qualidades que temos, Deus no-las deu por amor. Amou-nos, portanto, antes destas qualidades, antes de todos os nossos atos. Na verdade, onde abundou em nós o pecado, Deus fez superabundar a graça. Supriu todas as nossas fraquezas e reparou todas as nossas loucuras. Tudo quanto Deus faz por nós é a mais gratuita das liberalidades.

Deus nos ama porque Ele é o Amor. Em relação às criaturas, o amor de Deus é livre; mas quão bem responde aos desejos de seu Coração! Na verdade, Deus sendo a própria Bondade, se compraz em amar: "Bonum est sui diffusivum". Levado por este amor infinito, Deus concede-nos os seus dons, dons sobrenaturais e divinos.

Mas Deus quer também ser amado. "Deus tem um tal desejo que O amemos, diz o autor espiritual Tauler, que desse amor parece depender a sua felicidade. Todas as criaturas são outras tantas vozes que nos convidam a amá-Lo. Tudo o que Ele fez, tudo o que ainda faz, Ele o fez ou faz para levar a alma a ouvir-Lhe as súplicas e a amá-Lo. Assim o menor ato de amor da mais miserável de suas criaturas O encanta mais que toda a magnificência de suas obras materiais, ou todo o esplendor dos astros, com que guarneceu o espaço. Parece não poder suportar a perda do nosso amor e todas as suas obras, quer na ordem da natureza, quer na da graça, são feitas para ganhar os nossos corações, e os mesmos castigos eternos, pelos quais pune as almas ingratas e obstinadas e os corações pertinazmente fechados ao amor, visam ainda levar outros corações a se abrirem ao amor de seu Coração. "Deus, diz ainda Tauler, é mais pronto em perdoar que um braseiro em consumir algumas palhas ou estopas lançadas nas chamas"; "Uma mãe, vendo queimar-se o seu filho, não corre mais pressurosa em seu auxílio do que Deus em auxílio do pecador".

Caríssimos, quão doloroso há de ser para o Coração amante de Jesus o excesso de tanta bondade sua, de uma parte, e de tamanha ingratidão de nossa parte! "Meus olhos, diz Deus pelo profeta, derramaram rios de lágrimas, porque não é observada a lei" (Salmo 118, 136). Se nos foi dado, através destas reflexões que venho fazendo neste mês sobre o amor do Coração de Jesus, compreender sua ternura e amor, caríssimos, devemos esforçar-nos por compensá-los pela nossa generosidade e fidelidade. Hoje, quando reina o indiferentismo religioso por falta de fé em Deus e de amor a Ele, hoje quando poucos amam verdadeiramente a Deus sobre todas as coisas, será um desagravo muito suave ao Coração de Jesus, o nosso amor ardente. Peçamos sempre: "Coração de Jesus, Homem-Deus, que tanto nos amais, fazei que Vos ame cada vez mais!" Amém!

  

segunda-feira, 24 de junho de 2019

AS PROMESSAS DO CORAÇÃO DE JESUS



LEITURA ESPIRITUAL
24º DIA

Através de Santa Margarida M. Alacoque Jesus fez doze promessas. Umas são relativas aos sacerdotes  e a todos os fiéis, e outras exclusivamente quanto aos ministérios que os sacerdotes exercem para a salvação das almas.

"Prometo-te, diz Jesus a Santa Margarida M. Alacoque,  que o meu Coração se abrirá, para derramar as suas bênçãos sobre quem o honrar e empregar o seu zelo em fazê-lo honrar". Caríssimos, estas palavras se referem a todos aqueles que glorificam o Sagrado Coração, e contribuem, quanto podem, para isso. "Se estais, diz Santa de Parays-le-Monial, em um abismo de fraqueza, de recaídas e misérias, recorrei ao Coração de Jesus, que é um abismo de misericórdia e de fortaleza. Se em vós descobris um orgulho desmesurado, perdei-vos nos aniquilamentos do Coração de Jesus. Não sei que haja exercício espiritual mais capaz de elevar depressa uma alma à mais alta perfeição".

E a Santa vidente do Coração de Jesus, diz ainda algo mais animador para os sacerdotes: "O meu Salvador deu-me a entender que aqueles que se empregam na salvação das almas, serão capazes de as comover e converter, se estiverem penetrados de uma terna devoção ao seu divino Coração". Nós sacerdotes, que muitas vezes excogitamos meios humanos para reanimar as almas, quem sabe até muitos achem que a solução é ter muito dinheiro para melhor organizar tudo na paróquia para mais atrair as pessoas. Chamo isso de "muletas". Mas os sacerdotes que têm sempre em mente como Jesus fez e mandou seus discípulos fazer, a realidade é muito outra. A solução está aqui indicada pelo que Jesus mesmo fez Santa Margarida Alacoque entender: os sacerdotes devem estar penetrados de uma terna devoção ao Coração de Jesus. Caríssimos colegas, que mais podemos desejar? Quereis abalar as consciências mais arraigadas no mal? O meio é este indicado pelo próprio Jesus!

Depois, se Deus quiser, meditaremos na 12ª Promessa do Sagrado Coração de Jesus, que é a das nove primeiras sextas-feiras. É um seguro para o Céu!

Devemos adorar o Sagrado Coração de Jesus no augustíssimo sacramento da Eucaristia, sacramento que nos recorda todos os prodígios da bondade de Jesus para conosco. Lamentamos que o amável Coração de Jesus seja tão pouco conhecido e consequentemente tão pouco amado e, o que é mais para lamentar, até mesmo pelos sacerdotes que receberam de Jesus esta missão honrosa e sublime de ganhar almas para o Coração de Jesus. Caríssimos colegas, que o Sacratíssimo Coração de Jesus seja e para sempre o nosso refúgio nas aflições, o nosso recurso nas dificuldades, a nossa esperança e fortaleza nos momentos de ansiedade e inquietação, em que a nossa alma fica quase a sucumbir à tristeza. Mas com o auxílio do Coração de Jesus, escaparemos aos perigos que ameaçam a nossa salvação, e contribuiremos eficazmente para a salvação de nossos irmãos. Devemos implorar a Jesus que Ele venha reproduzir em nós a Sua humildade, a Sua mansidão, o Seu zelo e todas as virtudes, pois o Coração de Jesus é o nosso modelo. Caríssimos sacerdotes, vamos procurar sempre dedicar ao Coração de Jesus, os nossos trabalhos sacerdotais, e nossos suores, as nossas penas e alegrias, enfim, a nossa vida e o fim da nossa vida. Amemos pois, e façamos amar o Coração que nos tem amado tanto. Amém!

sábado, 22 de junho de 2019

UNIÃO DO NOSSO CORAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
22º dia de junho

Meditamos sobre a Comunhão, e logo pensamos na união do nosso coração ao Coração de Jesus.
Iniciemos nossa meditação com a belíssima explanação feita por S. João Eudes: "Jesus Filho de Deus e filho do homem... não sendo somente nosso Deus, nosso Salvador e soberano Senhor; mas mesmo, sendo nossa cabeça e nós os seus membros e seu corpo, diz S. Paulo, osso de seus ossos, e carne de sua carne (Ef 5, 30) e, por conseguinte, estando unidos a ele pela união mais íntima que possa existir, tal a dos membros à cabeça; unidos a ele espiritualmente pela fé e pela graça que nos deu no santo batismo; unidos a ele corporalmente pela união do seu santíssimo corpo com o nosso na santa Eucaristia, segue-se daí necessariamente que, como os membros são animados do espírito da cabeça e vivem de sua vida, assim também devemos estar animados do espírito de Jesus Cristo, viver de sua vida, caminhar em suas veredas, revestir-nos de seus sentimentos e inclinações, fazer todas as nossas ações nas disposições e intenções com que ele faz as suas, em uma palavra, continuar a realizar a vida, a religião e a devoção que ele exerceu sobre a terra" (Reinado de Jesus, parte II).

Realmente não pode existir união mais íntima, união significada por São Paulo em várias passagens: "Revesti-vos de Jesus Cristo" (Rom. XIII,14); "Revesti-vos do homem novo" (Ef. IV, 24); Animai-vos dos sentimentos que animam a Jesus Cristo" (Fil. II, 5)

Caríssimos, ouçamos a Santa Margarida Maria escrevendo a uma visitandina de Moulins: "É preciso, que nos consumamos todas nessa fornalha ardente do Sagrado Coração do nosso adorável Mestre... e depois de termos lançado o nosso coração, todo cheio de corrupções, nas chamas divinas do puro amor, aí devemos tomar um outro, novo, que nos faça viver para o futuro de uma vida renovada... é preciso que esse divino Coração de Jesus tome de tal modo o lugar do nosso, que só ele viva e atue em nós e por nós, que sua vontade mantenha a nossa por tal forma aniquilada, que possa agir sem resistência alguma da nossa parte; enfim, que seus afetos, pensamentos e desejos tomem o lugar dos nossos, mas principalmente o seu amor, que se amará a si mesmo em nós e por nós" (Obras, t. II, p. 468).

O mesmo ensina o Beato Padre Olier em sua belíssima oração tão conhecida, apreciada e rezada por muitos: "Ó Jesus, vivendo em Maria, vinde e vivei em nós, com o vosso espírito de santidade, na plenitude do vosso poder, na perfeição de vossas veredas, na verdade de vossas virtudes, na comunhão de vossos divinos mistérios; dominai em nós todas as forças inimigas, na virtude de vosso Espírito e para a glória de vosso Pai".

Que o Santíssimo Coração de Jesus reproduza no nosso pobre coração as suas virtudes: a humildade de sua Encarnação, a pobreza de seu nascimento, o recolhimento e retiro dos seus trinta anos de vida oculta, o zelo de sua vida pública, a generosidade de sua imolação e o fervor de suas orações. Deus Pai verá assim em nós, a imagem fiel, de seu divino Filho em quem pôs todas as suas complacências. Deus se comprazerá em ver o nosso coração tão unido ao Sacratíssimo Coração de seu Filho como um só coração, assim como a nossa vontade tão conformada a de Jesus como se visse só a de Seu Filho. Quão desejável esta íntima união nossa com Jesus! Pois assim o Pai verá o próprio Jesus cobrindo-nos, envolvendo-nos, escondendo-nos em si, Jesus animando-nos, movimentando-nos, agindo em nós e por nós.


Na verdade, Jesus ama cada um de nós com um amor inefável e esse amor faz com que Ele se mantenha unido a todos por uma união que deseja tornar cada vez mais estreita, cada vez mais perfeita. Devemos ver Jesus no nosso coração e o nosso coração no Coração de Jesus. Pela comunhão feita com todas as devidas disposições, é certo que somos transformados em Jesus, nossa vida é a vida de Jesus, nosso coração está transformado no Coração de Jesus e, como São Paulo, podemos dizer no momento bendito e inefável da sagrada comunhão: "Eu vivo, mas, na verdade, não sou eu quem vive, é Jesus quem vive em mim" (Gál. II, 20). Parafraseando: Meu coração bate, mas, na verdade, não é mais o meu, é o Coração de Jesus que bate em meu peito. Amém!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS E A COMUNHÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
21º dia de junho

 Nosso Senhor Jesus Cristo é a própria humildade. Pois bem,  Jesus quer cultivar e fazer frutificar na alma do comungante esta bela virtude da qual dá na Eucaristia tão comovedores exemplos, como meditamos anteriormente. Mas é claro, o Coração Eucarístico de Jesus quer encontrar corações bem dispostos, o que significa corações o mais parecidos possível com o Seu. Nada de amor próprio que não sabe sofrer humilhações; nada de tibieza, nada de apego à vontade própria; para bem longe o amor dos prazeres. Caríssimos comungantes,  devemos preparar uma mansão digna para Jesus, de dois modos: primeiro afastando estes sentimentos que Lhe desagradam, e, segundo, praticando as virtudes que constituem a beleza de seu divino Coração. Esta preparação remota para a comunhão facilita a preparação imediata, ou seja, o recolhimento e a oração.

E quando comungamos devemos adorar a Deus e humilhar o nosso nada em Sua presença. Devemos unir os nossos sentimentos aos d"Ele. O Salvador, aos vir a nós na Comunhão, procura logo a glória do Pai. O Coração de Jesus, deste novo altar que é o nosso coração, oferece a Deus Pai suas homenagens, e convida-nos a unir-nos a Ele. Os primeiros pedidos de Jesus são aqueles mesmos que nos ensinou a pedir ao nosso Pai do Céu: que seja santificado o nome de Deus, que venha a nós o seu reino, que sua vontade seja feita. Esta deve ser também a nossa primeira oração, feita em união com Jesus. O Coração de Jesus, ainda a pulsar em nosso peito, ergue a Deus Pai atos de amor que O glorificam mais do que todos aqueles que por ventura praticamos ou viermos um dia a praticar. Deus é adorado, amado, bendito, louvado e agradecido, por um Deus, no mais íntimo de nosso ser.

A alma apaixonada de amor a Deus não pensa em si primeiro mas antes, procura se unir a Jesus na adoração ao Seu Pai e ao nosso Pai que está no Céu. Mas, é claro, Jesus mesmo quer que logo após pensemos em nós mesmos.  Que peçamos a sua graça para vencermos as nossas misérias e fraquezas. Ah!, caríssimos, quão felizes são aqueles que se chegam a Jesus cheios de santo e ardente amor! No momento da Comunhão o Pai contempla com infinita ternura o Coração de seu Filho, e com certeza se compraz em ver o nosso coração humilde. Compraz-se em ver que a oração do seu Filho Eterno e a do seu filho adotivo transformado n'Ele pela comunhão, fazem a mesma oração de adoração; vê com complacência os seus protestos de amor, suas homenagens de adoração, de reconhecimento, reunidos, elevarem-se até ao Seu trono de Glória. E assim, com certeza o Pai Celestial Todo-poderoso, não poderá recusar os pedidos do comungante feitos em seguida, no sentido da santificação de sua alma.

Como já temos meditado, Jesus, com seu Coração cheio de bondade, passou fazendo o bem. E agora a Comunhão é, ainda na terra, como que o termo dos desejos de Jesus, o alvo de seus esforços, o derradeiro escopo de seus trabalhos. Aí se completa a obra da Encarnação; aí, a carne que recebeu no seio puríssimo de Maria Santíssima se une à nossa carne para purificá-la; aí, sua alma se une à nossa alma para santificá-la; aí, Seu Coração se une ao nosso coração, para nele derramar seu amor. Jesus se alegrava em sua vida pública em fazer o bem aos fiéis. Aqui na Comunhão alegra-se também vendo os esforços de seus fiéis que procuram adquirir as virtudes e ter os mesmo sentimentos que, embora fracos, são semelhantes às virtudes e sentimentos de Seu Coração manso e humilde na Eucaristia. Como o Coração de Jesus vibra de alegria vendo estes corações de seus fiéis tendo os mesmos desejos da glória do Pai e da salvação das almas! Amém!

quarta-feira, 12 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS E A SÉTIMA BEM-AVENTURANÇA

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
7ª bem-aventurança
12º dia

"Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus".

São pacíficos os justos mais adiantados na vida interior. Em suas almas reina a ordem, pois suas vontades estão inteiramente identificadas com a vontade de Deus. Portanto, vivem sem pecado e, consequentemente vivem em ordem: os sentidos submissos à vontade. a vontade submissa à razão e esta submissa a Deus. Assim sendo, estes justos gozam da verdadeira paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. São verdadeiros filhos de Deus, participam da natureza divina pela graça santificante: "consortes divinae naturae". Neles reinam a ordem e a tranquilidade e portanto, a paz. Pois, segundo a definição de Santo Agostinho "a paz é a tranquilidade da ordem". Quem vive na graça de Deus está sempre alegre, é amável,  é sempre sereno, seu trato e conversação são agradáveis. Diz o Divino Espírito Santo: "Gozam de muita paz os que amam a tua lei" (Salmo 118, 165).  Basta lermos a vida dos verdadeiros santos da Santa Madre Igreja!

Por outro lado não há paz para os pecadores, que perderam a filiação divina pelo pecado mortal. "Não há paz para os ímpios, diz o Senhor" (Isaías, 48, 22). Mas perguntar-se-á: a Sagrada Escritura diz que: "Não há homem que não peque". Sim, mas se trata de perturbações leves e que não perduram por muito tempo em seus corações. Estão frequentemente fazendo atos de amor perfeito a Deus.

Pelo que acabamos de explicar, não temos dificuldade em entender que esta paz de Cristo reinante nos corações desapegados de si mesmos, de toda avareza, de toda ira e de toda impureza, é um sinal altíssimo de predestinação, porque sendo filhos, também são herdeiros da vida eterna. "São chamados filhos de Deus" porque se comportam como filhos. Os servos, os mercenários não servem seus patrões como filhos, mas só pensando no seu salário. Os filhos, porém, se submetem ao pai por amor e com reverência. Deixam-se governar por Deus tranquilamente, segundo a sua santíssima vontade. "Aqueles que são movidos pelo espírito de Deus são filhos de Deus" (Rom. VIII, 14). Qual a prova insofismável de que alguém é e vive como filho de Deus? É o abandono total e tranquilo nas mãos de Deus.

Por que Jesus Cristo colocou esta bem-aventurança depois da pureza de coração? A razão é: primeiramente é preciso purificar o coração e depois uni-lo a Deus. Esta união com Deus é a paz. Assim, a pureza é a disposição para ver a Deus; a união é a disposição para amar a Deus. Há uma passagem de São Tiago que resume isso: "Aquela sabedoria que vem do alto primeiramente é pura e depois pacífica" (S. Tiago III, 17). Se interiormente estamos na tranquilidade da ordem, isto é, na verdadeira paz, somos pacíficos. Isto não exclui que "pacífico" possa ser entendido também no sentido de " aquele que transmite paz ao próximo". Não resta dúvida. Mas, mesmo que alguém que esteja na paz da graça, viva solitário como eremita, não deixa de estar incluído nesta bem-aventurança e até, devemos dizer, que este é o principal sentido das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A esta bem-aventurança corresponde o dom da sabedoria. Daí devemos pedir sempre ao divino Espírito Santo este dom. Porque ele não vem do estudo, da sagacidade, mas é infundido pelo Espírito Santo. Uma camponesa sem estudo, mas que reza com humildade, fé e confiança poderá possuir esta sabedoria mais do que um erudito, sem ou de menos oração.


Caríssimos, peçamos, portanto, a Deus que nos ilumine, que nos ensine em todas as coisas para que, com este dom da sabedoria, possamos chegar a manter sempre a boa ordem em nossa alma, no nosso interior, de modo que em todas as coisas nos mantenhamos sempre sujeitos a Deus e assim gozemos da verdadeira paz que sobrepuja todo entendimento humano, porque é penhor da posse do Reino eterno da Paz. Amém!

terça-feira, 11 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS E A SEXTA BEM-AVENTURANÇA

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
11º dia

"Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus".

Primeiramente é necessário entender bem o que vem a ser os puros de coração. É evidente que "coração" aqui é tomado no sentido figurado ou metafórico. Puros de coração são aqueles que chegam a ter puras as três potências da alma: inteligência, memória e vontade. Quando se tira destas três potências tudo que no seu gênero as torna menos puras, ou menos sinceras, então podemos dizer que o coração é puro. A inteligência deve ser depurada de toda doutrina falsa, de todos os maus juízos. A memória deve ser purificada esquecendo tudo aquilo que, recordando, afasta a alma de Deus. A vontade deverá purificar-se não só das culpas, mesmo leves, mas também do afeto a elas. Além disso, devem ser banidas as intenções não retas de agradar a outrem que não a Deus só; devem ser rejeitados os prazeres carnais, os apetites do corpo, e finalmente, os movimentos inadvertidos que os sentidos rebeldes estão prontos a depreciar. A Sagrada Escritura diz: "Purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, levando a bom termo a obra de nossa santificação no temor de Deus" (2 Cor. VII, 1). Mas alguém pode objetar o que diz o Espírito Santo: "Quem pode dizer: o meu coração esta sem mancha?" Certamente, mas também ninguém neste mundo pode chegar a amar a Deus de todo o seu coração, e todavia todos temos este mandamento: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração" (S. Mateus, XXII, 37). Também ninguém pode chegar a ter a perfeição de Deus, e no entanto, Jesus disse: "Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito". Nosso Senhor coloca diante de nossos olhos um ideal verdadeiramente inatingível, para a gente se esforçar por avançar o mais que puder: "Quem é santo, santifique-se ainda, quem é justo justifique-se ainda" (Apocalipse XXII, 11)   Assim, quanto mais nos aproximarmos da pureza infinita que é Deus, mais seremos bem-aventurados e melhor veremos a Deus.

Por isso esta pureza de coração, isto é, no intelecto, na memória e na vontade, é sinal imediato de predestinação. É de fé que o homem peregrino e viajor neste vale de lágrimas não pode ver a Deus, senão imperfeitamente, como num enigma: "O homem não pode ver-Me e ficar vivo" (Êxodo XXXIII, 20). A plenitude da visão de Deus só se gozará toda no céu. E é neste sentido que Jesus Cristo proclamou esta sexta bem-aventurança: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus". Até o verbo no futuro - verão - é um indicativo disto.

E como chegar a consecução desta pureza que habilita a pessoa a ver a Deus? A limpeza do coração se faz com o exame frequente do mal cometido e com o arrependimento e propósito firme e eficaz. Depois é mister fazer obras de penitência ou satisfação. Finalmente, aproximar-se com estas devidas disposições, dos sacramentos da confissão e da comunhão. É óbvio que tudo isto será valioso com a fé, segundo diz São Paulo: "A fé que purifica seus corações" (Atos, XV, 9). O mérito da fé consiste em crer firmemente no que não se vê, assim a sua recompensa correspondente será ver claramente aquilo em que se creu firmemente.

Ficando o homem bem disposto com as bem-aventuranças precedentes, estará preparado para aproximar-se de Deus. Jesus exigindo a pureza como condição para merecer ver a Deus, está advertindo que não basta ter o coração terno. É preciso também tê-lo puro. É necessária diante de Deus uma plena pureza interior, e não somente uma pureza de superfície qual era a dos fariseus.  Mas já não foi citado Tobias, XII, 9: "A esmola purifica dos pecados"? Sim! Mas uma coisa é fazer esmola para alcançar de Deus a graça de sair do pecado, outra coisa bem diferente, é fazê-la com o fim de permanecer na lama até o fim e depois pretender salvar-se. Isso significaria que a pessoa com a esmola estivesse querendo fomentar a vida de pecado.

O dom da inteligência corresponde a esta bem-aventurança. Se o homem animal não pode compreender as coisas de Deus, o homem puro de coração, ao contrário, recebe de Deus uma luz especial sobretudo para entender bem as Sagradas Escrituras e dar-lhe a legítima interpretação. O Espírito Santo não quer infundir o sentido das Escrituras em um coração impuro. Daí vemos que os santos doutores da Igreja, se distinguiam por uma grande pureza e ao mesmo tempo tinham um dom todo especial para entender os textos sagrados. Amém!


domingo, 9 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS NAS BEM-AVENTURANÇAS (III)


LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
9º dia de junho

"Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça porque serão saciados".

Primeiramente, devemos saber que a palavra JUSTIÇA, tem vários significados. Nas Sagradas Escrituras, como aqui nesta bem-aventurança, significa tudo aquilo que o justo faz, isto é, toda espécie de virtude. Lemos no Salmo 105, 3: "Bem-aventurados os que praticam a justiça em todo tempo". Devemos prestar atenção no modo como Jesus fala: não se contentou de dizer que são bem-aventurados os que "praticam a justiça" mas aqueles que "têm fome e sede" de justiça. Na verdade para se chegar à santidade é mister praticar todas as virtudes e em grau heroico. E a bondade do Coração de Jesus é que, não só consigamos o céu, mas que cheguemos ao maior grau de glória possível lá na nossa pátria definitiva que é o Céu. Aliás, o próprio divino Mestre apresenta-nos um ideal inatingível: "Sede perfeitos, como vosso Pai do Céu é perfeito". Isto significa que Jesus quer que nos esforcemos sempre para praticar todas as virtudes e num grau heroico. Nunca dizer basta. É também neste mesmo sentido que diz o Apocalipse, XXII, 11: "Quem é justo, justifique-se ainda, quem é santo, santifique-se ainda mais". Devemos tender a uma perfeição sempre maior, como se estivéssemos ainda no começo. Assim, "ter fome e sede de justiça" significa este esforço contínuo na prática das virtudes.

"Serei saciado quando aparecer a tua glória" (Salmo 16, 15). Na verdade, aqui na terra teremos sempre fome e sede de justiça, porque nunca poderemos chegar a ser tão santos como os bem-aventurados que já estão no Céu. É fora de toda dúvida que esta fome e sede de perfeição, isto é, este desejo ardente e perseverante de santidade, levar-nos-á ao céu. É, portanto, um sinal de predestinação. Só poderemos ser saciados no Céu, onde a justiça será perfeita. Estas disposições não só te levam ao céu, mas, no céu, a um grau altíssimo. Nossa Senhora disse: "Encheu de bens os famintos" (S. Lucas, I, 53). É preciso ter um grande desejo de se santificar. E quem procurar muito a justiça, no céu será repleto de todo bem. Vemos a bondade do Coração de Jesus que não se contenta em nos ver no céu; quer que lá tenhamos a maior glória possível. "A vontade de Deus é a vossa santificação" dizia S. Paulo a todos, inclusive aos gentios (cf. 1 Tess. IV, 3). Sabemos que o grau de glória que os bem-aventurados têm no Céu é proporcionado ao grau de graça que alcançaram na terra até ao último suspiro. Donde devemos procurar praticar o bem e evitar o mal, e nos esforçarmos ardente e continuamente no sentido de aumentar  o nosso cabedal de merecimentos.

A esta altura de nossa meditação, lembramo-nos das palavras de São Pedro: "Assim como o seu divino poder nos deu todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade, por meio do conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude [assim também] por ele mesmo nos deu as maiores e mais preciosas promessas, a fim de que por elas vos torneis participantes da natureza divina, fugindo da corrupção da concupiscência que há no mundo. Ora, vós aplicando todo o cuidado, juntai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno, ao amor fraterno a caridade. Com efeito, se estas coisas se encontrarem e abundarem em vós, elas não vos deixarão vazios nem infrutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.[...] Portanto, irmãos, ponde cada vez maior cuidado em tornardes certa a vossa vocação e eleição por meio das boas obras, porque, fazendo isto, não pecareis jamais. Deste modo vos será dada largamente a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (2 Pedro, I, 3-11).

Esta bem-aventurança vem em quarto lugar porque Jesus, tendo nas três anteriores removido o homem do mal, ou seja, do afeto dos bens terrenos; do desejo de dominar, com a mansidão; do afeto ao prazer corporal, reprimindo o concupiscível com as lágrimas da compunção, agora quer levar o homem à pratica do bem: "Afasta te do mal e faze o bem" (Salmo 36, 27). Jesus Cristo quer que não nos preocupemos demais com nada deste mundo, para que possamos dar à alma aquele desejo ardente (como a fome e a sede) de justiça, isto é, de santidade. Assim diz o profeta e rei Davi: "A minha alma se consumiu no desejo das tuas leis em todo o tempo" (Salmo 118, 20).

Dadas as explicações anteriores, percebemos mais claramente que o dom da fortaleza corresponde à esta bem-aventurança. Para merecermos esta felicidade de sermos inteiramente saciados no céu, é preciso coragem e, portanto, fortaleza. "O reino do céus sofre violência e só os violentos o arrebatarão", disse Jesus. Devemos pedir ao Espírito Santo este dom da fortaleza, e nos esforçarmos sempre por vencermos a nós mesmos: desprender o coração dos bens materiais, ser humildes e mansos, fazer penitência dos pecados, ser ardoroso na prática das virtudes e nunca se contentar com a veleidade e a tibieza. Amém!


sábado, 8 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia.



LEITURA PARA O NONO DIA

O amor de Deus é um tesouro que contém em si todos os bens.

   1 - O amor de Deus é aquele tesouro do qual diz o Evangelho que se deve deixar tudo para alcançá-lo. Pois o amor nos faz participar da amizade de Deus. "É um tesouro infinito; quem dele usa, recebe a amizade de Deus" (Sab 7, 14). Ó homem, diz Santo Agostinho, por que procuras bens? Procura um bem que encerra todos os bens". Mas este único bem: Deus, não podemos achar, se não deixarmos os bens terrestres. Santa Teresa dizia: "Aparta teu coração das criaturas, e encontrarás a Deus". Quem encontra a Deus encontra tudo que pode desejar: "Deleita-te no Senhor, e ele te dará o que teu coração almejar" (Sl 36, 4). O coração humano ininterruptamente apetece bens que o tornem feliz. Caso procure estes bens nas criaturas, não será saciado. Se, porém, chegar ao ponto de nada desejar senão a Deus, o Senhor saciará todos os seus desejos. Quem é pois mais feliz na terra que os santos? E por quê? Porque nada querem, nada desejam senão a Deus.

   Um príncipe encontrou numa caçada no mato um eremita e perguntou-lhe o que buscava na solidão. Replicou o eremita: "E vós, príncipe, que buscais vós? "Caço animais ferozes", respondeu ele. "E eu, rematou o eremita, procuro caçar o próprio Deus". Oferecendo um perseguidor a São Clemente ouro e pérolas se renegasse a Cristo, exclamou com um suspiro o santo: "Como é possível comprar a Deus com um pouco de pó?"

   2 - Feliz aquele que conhece quão grande tesouro é o amor de Deus e que procura alcançá-Lo. Tendo-o achado, por própria iniciativa se despojará de todos os bens terrestres para nada possuir senão a Deus. "Estando a casa em chamas, diz São Francisco de Sales, lança a mobília janela a fora". O servo de Deus Padre Ségneri Júnior costumava dizer ser o amor de Deus um ladrão que nos rouba todas as inclinações terrestres de modo que podemos exclamar: "Que outra coisa posso querer a não ser: Deus!"

   Até agora, meu Deus, não busquei a vós, mas só a mim e minhas inclinações e assim vos voltei as costas, meu sumo bem. Porém, consola-me a palavra do profeta: "Bom é o Senhor à alma que o busca" (Lam 3, 250. Ela me diz, meu Deus, que sois cheio de bondade para com aqueles que vos procuram. Amado Salvador, reconheço que grande mal fiz, apartando-me de vós; arrependo-me de todo o coração. Reconheço que tesouro infinito sois vós e já não quero abusar deste conhecimento. Tudo repudio e escolho a vós como único objeto de meu amor. Meu Deus, meu amor, meu tudo, amo-vos, desejo-vos, suspiro por vós. Espírito Santo, vinde e destruí em mim pelo fogo de vosso amor todas as inclinações que não sejam para vós. Dai-me que pertença inteiramente a vós e vença tudo parra agradar a vós.  

   Minha intercessora e mãe Maria, acudi-me por vossas preces. Amém.


   ORAÇÕES FINAIS, como no primeiro dia. 



sexta-feira, 7 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia.


LEITURA PARA O OITAVO DIA

O amor de Deus é vínculo que nos liga a Deus

   1 - Assim como o Espírito Santo, o Amor incriado, é um vínculo insolúvel que liga o Pai ao Filho, assim também é vínculo que liga a alma a Deus. "O amor de Deus, diz Santo Agostinho, é uma virtude que nos liga a Deus". Por isso São Lourenço Justiniani exclamava, cheio de alegria: "Ó amor, que fortíssimo laço és tu, por seres capaz de prender a Deus a nossas almas". Os laços deste mundo são laços de morte; os laços de Deus são laços salutares" (Ecli 16, 31). Eles nos unem a Deus, que é nossa vida verdadeira e única.

   Antes de Jesus Cristo ter vindo a este mundo, fugiam os homens de Deus. Estando apegados aos bens terrenos, não queriam unir-se a seu Criador. Mas nosso amável Deus os atraiu a si com os laços do amor, como prometera pelo profeta; "Com laços humanos os atraí, com laços de amor" (Oseias 11, 4).  Estes laços de amor são: os benefícios que nos fez; as iluminações que nos deu; o mandamento de o amar; a promessa do reino dos céus; especialmente por nos ter dado seu Filho na cruz e no Santíssimo Sacramento do Altar, e finalmente a vinda do Espírito Santo. Por isso clama o profeta: "Desliga os laços do teu pescoço, cativa filha de Sião" (Isaías 52, 2). Ó alma criada para o céu, solta os laços terrenos e une-te a Deus pelo laço do seu santo amor. "Tende a caridade que é o vínculo da perfeição" (Col 3, 14).

   2 - O amor é um laço que inclui todas as virtudes e dá à alma a perfeição. "Ama e faze o que queres", diz Santo Agostinho. Pois quem ama a Deus foge de tudo que possa desagradar a seu amado e procura em tudo a complacência de Deus. 

   Meu amado Jesus, sobremodo obrigastes-me a vosso amor, Custou-vos tanto ganhar meu amor. Seria, pois, imensa ingratidão, se vos amasse pouco ou dividisse meu amor entre vós e as criaturas, vós, que derramastes vosso sangue por mim. Quero desapegar-me de tudo e dedicar-vos todas as inclinações. Mas sou muito fraco para realizar meu desejo; dai-me, vós que me inspirastes estes sentimentos, também a força de pô-los em obra. Feri, ó Jesus, meu pobre coração com as setas de vosso amor para que continuamente suspire por vós, vos busque, vos deseje e vos ache. Meu Jesus, só quero a vós, só a vós. Concedei-me repetir muitas vezes na vida e principalmente na morte as palavras: "Quero só a vós, a vós só".

   Ó Maria, minha Mãe, impetrai-me a graça que de hoje em diante nada queira senão a Deus, Amém. 


   ORAÇÕES FINAIS como no primeiro dia. 

quinta-feira, 6 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia.



LEITURA PARA O SÉTIMO DIA

O amor de Deus é hóspede que não admite um outro na alma

   1 - O Espírito Santo é chamado hóspede da alma: "Doce hóspede da alma". Este hóspede, Jesus o prometeu aos que o amam, dizendo: "Se me amais, rogarei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14, 15-16). O Espírito Santo nunca abandona a alma, se não for expulso por ela mesma. "Só abandona, diz um autor, quando é abandonado". Deus, portanto, mora num coração que o ama; mas ele mesmo declara só estar contente se o amarmos de todo o coração. Santo Agostinho narra que os romanos pagãos não queriam ter Jesus Cristo no número dos seus deuses por ser um Deus orgulhoso que exigia toda a adoração para si. Tinham razão; pois realmente o Salvador não admite rival num coração. Sozinho quer viver nele, sozinho quer ser amado; e quando outra criatura tem parte no nosso coração, olha-a, por assim dizer, com olhares invejosos. São Tiago escreve: "Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: "O espírito que em vós habita tem desejo de inveja" (Tiago 4, 5). "Em uma palavra, diz São Jerônimo, Jesus é um Deus cioso" Por isso o Esposo divino louva as almas que como rolas vivem solitárias e longe do mundo": "Tuas faces são belas como as da rola" ( Cânt. 1, 9). Por isso exige que o mundo não tenha parte no amor que quer possuir sozinho, chamando a esposa um jardim fechado: "És um jardim fechado, ó minha irmã-esposa" (Cânt. 4, 12). És um jardim fechado a qualquer amor terrestre.

   2 - Porventura Jesus não merece nosso amor? diz São João Crisóstomo: "Deu-te tudo, nada te subtraiu". Sua vida e seu sangue deu por ti, e nada lhe resta que te pudesse oferecer.

   Reconheço, meu Deus, quanto exigis que eu seja inteiramente vosso. Apesar de eu ter-vos tantas vezes lançado fora do meu coração, voltastes sempre a unir-vos comigo. Possuí meu coração totalmente; eu vo-lo apresento todo inteiro. Aceitai-me, meu Jesus, e não permitais que no futuro viva um só instante sem amar-vos. Vós me procurais; também eu nada quero além de vós. Vós exigis que vos pertença; eis que meu coração nada cobiça a não ser a vós. Vós me amais, também eu vos amo. E porque vós me amais, eu me uno estreitamente a vós, para jamais ser separado de vós. 

   Maria, Rainha dos céus, em vós ponho toda a minha confiança. Amém. 


ORAÇÕES FINAIS como no primeiro dia.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia. 

LEITURA PARA O SEXTO DIA

   
O amor de Deus é força que alenta

   1 - "Forte como a morte é o amor" (Cânt. 8, 6). Assim como no mundo não há poder que resista à morte, não há também para a alma que ama a Deus uma dificuldade, que finalmente não ceda ao amor. Se for preciso agradar ao amado, o amor suporta tudo: danos, desprezos, dores. Nada é tão duro que resista ao amor. O sinal, pois, do lídimo amor de Deus consiste em a alma ser fiel ao Senhor não só no bem-estar, mas também nas tribulações. "Deus tanto é amável quando manda contrariedades, diz São Francisco de Sales, como quando concede consolações, porque fez tudo por amor de nós". Até quanto mais nos castiga, tanto mais nos ama. São João Crisóstomo considerava São Paulo mais feliz por ter sido acorrentado do que por ter sido arrebatado ao terceiro céu. Por isso os santos mártires se regozijavam no meio dos tormentos. Agradeciam a Deus pelos padecimentos como pelo maior benefício que lhes podia fazer. Os outros santos, não torturados pelos tiranos tornaram-se por suas obras de penitência seus próprios algozes.

   2 - Diz Santo Agostinho: "Quem ama não se cansa, e se cansar ama o cansaço". - Ó Deus de minha alma, afirmo que vos amo, mas que já tenho feito por vós? - Nada! É um sinal que vos amo bem pouco ou nada. Mandai-me, pois, meu Jesus, o Espírito Santo, para me conceder força de, antes de morrer, padecer e trabalhar um pouco por vós. Não me deixeis neste estado de tibieza e ingratidão, no qual até agora vivi. Dai-me força de amar os padecimentos depois de ter cometido tantos pecados, pelos quais tenho merecido o inferno. Ó meu Deus, todo bondade e amor, desejais morar neste coração, do qual tantas vezes vos expulsei. Vinde e fazei nele vossa mansão.  Tomai posse dele para que vos pertença inteiramente. Amo-vos, meu Deus! E amando-vos, já vos tenho dado hospedagem, pois São João me afirma: "Quem permanece na caridade permanece em Deus e Deus nele" (1 Jo 4, 10). Estando vós, pois, comigo, aumentai minha caridade. Ligai-me fortemente com as cadeias da caridade que nada deseje, nada busque, nada estime senão a vós. Viva eu unido a vós e nunca separado do vosso amor. Quero pertencer-vos, meu Jesus, pertencer-vos inteiramente. 

   Minha rainha e intercessora, Maria, alcançai-me amor e perseverança. Amém.

ORAÇÕES FINAIS como no primeiro dia. 

terça-feira, 4 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia.


LEITURA PARA O QUINTO DIA

O amor de Deus é descanso que deleita

   O amor de Deus é chamado ainda: "Descanso no trabalho, consolo nas lágrimas". O amor de Deus é descanso que deleita: pois o efeito principal do amor consiste em que a vontade do amante seja unida à vontade do amado. O pensamento de estar fazendo a vontade do amado basta a uma alma amante de Deus para sossegá-la nas perseguições, doenças e perdas. Da única palavra: "Deus o quer" haure paz e contentamento em todas as tribulações. Esta é aquela paz que ultrapassa todos os gozos terrestres, "sobrepuja toda a compreensão". Santa Maria Madalena de Pazzi só ao pronunciar as palavras: "vontade de Deus" enchia-se de alegria. - Cá na terra cada um tem que carregar sua cruz. Mas a cruz é pesada só para aquele que a carrega constrangido, não para o que a toma aos ombros com alegria (Santa Teresa). Assim fere e sara o Senhor ao mesmo tempo; pois o Espírito Santo por suas doces consolações faz que injúrias e dores se nos tornem suaves e agradáveis.

   2 - Em todas as contrariedades que encontramos, deve ser nosso lema: "Faça-se Senhor, pois tal é a vossa vontade". Ansiando-nos o medo de infortúnios, devemos dizer a Deus: "Fazei, ó Deus, o que é de vosso agrado; estou preparado para aceitar tudo que me mandardes". Também é proveitoso oferecer-se durante o dia várias vezes como vítima a Deus, como costumava fazer Santa Teresa.

   Ó meu Deus, quantas vezes, para contentar minhas inclinações pecaminosas, me opus à vossa santa vontade e até a desprezei. Isto me dói mais que qualquer outro mal. Ó meu Deus, de hoje em diante quero amar-vos de todo o coração. "Falai, Senhor, que vosso servo escuta". Dizei o que exigis de mim e farei tudo. Meu único desejo, o único objeto de meu amor será sempre vossa vontade. Ó Espírito Santo, consolidai minha fraqueza! Sois a própria bondade. Como podia amar outra coisa senão a vós? Atraí pela doçura de vosso amor todas as minhas inclinações! Deixarei tudo para me dar todo a vós. Aceitai-me e me ajudai. 

 Ó minha Mãe Maria Santíssima, em vós ponho toda a minha confiança. Amém.

   AS ORAÇÕES FINAIS como no primeiro dia.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA como no primeiro dia.



LEITURA PARA O QUARTO DIA

O amor de Deus é orvalho que fecunda

   1  - A Santa Igreja ensina-nos a rezar: "A infusão do Santo Espírito purifique nossos corações, irrigue, penetre e fecunde-os com seu orvalho". O amor fecunda nossos bons desejos, nossos santos propósitos e piedosas obras. Estas são as flores e frutos que produz a graça do Espírito Santo. O amor também é chamado orvalho porque mitiga as más paixões e tentações. Por isso com justiça o Espírito Santo chama-se "refrigério e doce frescura no ardor". Rezando cai este orvalho nos nossos corações. Um quarto de hora de oração basta para subjugar o ódio supremo e o amor mais desregrado. "Conduze-me à adega de vinho e ordena em mim o amor" (Cânt. 2, 4). A oração contemplativa é esta adega de vinho em que nosso amor é ordenado de modo que amemos ao próximo como a nós mesmos e a Deus acima de tudo. Quem ama a Deus ama a oração e quem não ama a oração a este é quase impossível reprimir as paixões. 

   2  -  Ó divino Espírito Santo, já não quero viver por mim, e sim usar todos os dias do resto da minha vida para agradar-vos e vos amar. Vinde em pessoa ao meu coração e ensinai-me a rezar como devo rezar. Dai-me a graça de nunca deixar a oração por tédio, dai-me o espírito de oração, isto é, a graça de rezar sempre por aquilo que agrada mais ao vosso coração divino. Por meus pecados já seria réu da condenação eterna: mas pelo bondoso amor com que me tratais reconheço que me quereis fazer perfeito e feliz. Quero, pois, ser perfeito para vos agradar e amar vossa infinita misericórdia sempre mais intimamente. Amo-vos, meu sumo Bem, meu amor, meu tudo, e porque vos amo eu me dedico todo e sem restrição a vós.

   Ó Maria, minha esperança, amparai-me. Amém.

AS ORAÇÕES FINAIS como no primeiro dia. 

domingo, 2 de junho de 2019

NOVENA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

   ORAÇÃO PREPARATÓRIA.

 LEITURA PARA O TERCEIRO DIA

O amor de Deus é água que estanca a sede

   1 - O amor de Deus também é chamado "fonte viva". Nosso Salvador disse à samaritana: "Quem beber da água que eu lhe der nunca terá sede" (Jo 4,14). O amor de Deus é uma água que mata  a sede; pois quem de fato ama a Deus já nada mais busca e deseja, achando em Deus todo o bem. Alegre e contente exclama: "Meu Deus e meu tudo". Por isso o Senhor se queixa de tantas almas que mendigam míseros e passageiros gozos às criaturas, deixando o infinito Bem, a fonte de todas as alegrias. "A mim, a fonte das águas vivas deixaram, e cavaram cisternas, cisternas fendidas que não contêm água" (Jer. 2, 12). Deus nos ama e quer nos ver felizes, por isso exclama: "Se alguém tem sede, venha a mim" (Jo 7, 37). Quem deseja ser feliz venha a mim para eu lhe dar o Espírito Santo, que o tornará feliz na terra, bem-aventurado no céu. E continua dizendo: "Quem crer em mim, como diz a Escritura, rios de água viva manarão do seu interior" (Jo 7, 38). Quem crer e amar a Jesus Cristo será enriquecido de tantas graças que do seu coração, isto é, sua vontade, fluirão fontes de santas virtudes que não só conservarão nele mesmo a vida da graça, mas também farão que outros a alcancem. Esta água de que fala o Salvador é o Espírito Santo, o Amor essencial que prometeu mandar depois de sua Ascensão: "E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado porque Jesus ainda não tinha sido glorificado" (Jo 7, 39).

   2 - A chave com a qual abrimos a porta a esta água santificante é a santa oração que nos alcança todo o bem, conforme a palavra do Redentor: "Pedi e recebereis". Somos cegos, mendigos, miseráveis; mas pela oração recebemos luz, força e todos os tesouros da graça. Teodoreto diz: "A oração, sendo um única, recebe tudo". Quem pede recebe o que deseja. Deus quer nos dar suas graças, mas exige que lhas peçamos. 

   Com a samaritana vos peço, meu Jesus: Dai-me este água do vosso amor para que esqueça tudo o que é terreno e viva só para vós que sois imensamente amável. "Irrigai o que é seco". Minha alma é como terra seca que não dá senão os espinhos e abrolhos do pecado. Refrigerai-a com vossa graça para produzir antes de minha morte algum fruto para vossa maior glória. Ó fonte de água viva, meu sumo bem, quantas vezes vos abandonei para buscar gozos impuros pelos quais perdi vosso amor. Oxalá morresse antes de vos ter ofendido. Para o futuro nada quero procurar a não ser a vós, meu Deus. Ajudai-me e fazei que vos fique fiel.

   Maria, minha esperança, protegei-me sob vosso manto. Amém.


ORAÇÃO FINAL como no primeiro dia. 

sábado, 1 de junho de 2019

COMO É AMÁVEL O CORAÇÃO DE JESUS!


LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
1º dia de junho

Caríssimos, é impossível saber quem é Jesus Cristo e não amá-lo de todo coração! O Símbolo Atanasiano explica de maneira completa e simples: "Esta é a fé reta: Crer e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e Homem. É Deus formado da substância do Pai antes de todos os séculos, e é Homem nascido no tempo da substância de uma Mãe. Perfeito Deus e perfeito Homem, composto de alma racional e de carne humana. Igual ao Pai, segundo a Divindade; menos que o Pai segundo a Humanidade. E embora seja Deus e Homem, não são dois, mas um só Cristo".

Meditemos nas sublimes palavras com que o Apóstolo São João inicia o seu evangelho: "No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus" e mais em baixo diz: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos a sua glória, glória qual corresponde ao Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade".

São João sobe, qual águia, e vai até a geração eterna do Verbo. "No princípio",diz Santo Agostinho, significa  "antes de todas as coisas". "Verbo" quer dizer "palavra".  O Evangelista do amor não só proclama com toda clareza a divindade de Cristo, mas também a união da natureza divina com a natureza humana na única pessoa divina do Verbo: "E o Verbo se fez carne".  Fica claro outrossim, diz Santo Agostinho,  que o Verbo não é criado, pois por Ele foram feitas todas as coisas: "Todas as coisas foram feitas por Ele" (S. João, I, 3).

E assim com grande firmeza de espírito, com grande amor e júbilo proclamamos: Jesus Cristo Nosso Salvador é Deus e Homem juntamente. E assim: como Deus tem em Si todas as perfeições e atributos da Divindade. Jesus é o Ser infinito, é a própria Bondade, a divina Beleza, o sumo Poder, a Justiça e a Misericórdia infinita. Em poucas palavras: Nosso Senhor Jesus Cristo é o Infinito Amor, a Infinita Santidade. Daí concluímos: Nosso Senhor Jesus Cristo é digno de ser infinitamente amado! Jesus Cristo, sendo Deus é infinito, e, portanto, não temos capacidade de amá-Lo como realmente merece. E a conclusão lógica é esta: a medida de amar a Jesus é amá-Lo sem medida, é amá-Lo acima de todas as coisas. Neste vale de lágrimas, o nosso maior consolo é procurar amar a Jesus sempre mais, cada dia mais e mais e suspirar por contemplá-Lo no Céu.

E como Homem? É o mais perfeito e o mais amável de todos os homens. O próprio Espírito Santo assim fala através do Profeta e Rei Davi: "És o mais belo que todos os filhos dos homens; vê-se a graça derramada em teus lábios; por isso Deus te abençoou para sempre" (Salmo 44, 3). Caríssimos, na formosura de Jesus, nada havia de mole ou efeminado que lisonjeasse os sentidos, no sentido que os mundanos julgam. Pelo contrário, o seu semblante  e todo o seu porte exalava inocência e pureza mais que angelical. Era a sua formosura de ordem superior, não meramente humana; era, em uma palavra, uma formosura digna do Homem-Deus. Sua Pessoa que era a mesma Pessoa do Filho de Deus, exalava um encanto  indescritível: as suas belas feições, viris, sim, porém cheias ao mesmo tempo de delicadeza, que inspiravam  simpatia e, simultaneamente, respeito. Poderia acaso haver voz mais sonora e modesta? A sua conversação e os seus modos afáveis, repletos de nobreza e cortesia; os seus movimentos e gestos, acompanhados de gravidade, de naturalidade. Enfim, todo seu semblante era nobre, digno, sacerdotal, majestoso, divinamente humano e humanamente divino, se assim podemos nos expressar.


Mas, caríssimos, há no corpo adorável de Jesus, uma parte que merece, já por si mesma, já pelo simbolismo, que façamos dela uma menção especial: é o seu CORAÇÃO AMABILÍSSIMO. É dele que vamos, com a graça de Deus, falar mais especificamente durante este mês. Amém!