LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
27º dia de junho
Sabemos pela Teologia que em Nosso Senhor Jesus há duas
vontades: a humana e a divina. Assim, também devemos considerar no Coração de
Jesus, o seu amor humano e o se amor divino por nós. Na verdade o dulcíssimo Salvador, verdadeiro
Deus e verdadeiro Homem, nos amou muito, nos ama muito e nos há de amar muito
durante toda a eternidade.
O amor de Jesus em sua alma humana, através de seu Coração
palpitante, nos seus 33 anos na terra, hoje no Céu à direita de seu Eterno Pai,
e na terra, na Santíssima Eucaristia, é, digo, um amor admirável, inefável. Mas
em sua divindade, Jesus que é o Verbo Divino, nos ama com o mesmo amor que o
Pai e o Espírito Santo, ou seja, com um amor eterno e infinito.
Hoje vamos meditar no amor humano do Coração de Jesus, e
amanhã, se Deus quiser, meditaremos no amor divino do Coração de Jesus.
Jesus, chorou diante do túmulo de seu amigo Lázaro de
Betânia, e o povo exclamou: "Vede como Ele o amava". Caríssimos,
meditando durante este mês de junho, em tudo que o Coração de Jesus fez por
nós, na Encarnação, no seu nascimento, na sua vida oculta e na vida pública, na
instituição da Santíssima Eucaristia e sobretudo em sua Paixão e Morte, nós
também exclamamos: "Vede como Ele nos amou!".
O Coração de Jesus nos ama com um amor humano imenso! Pois,
a sua fonte é a alma de Jesus, e esta é a obra-prima de Deus aqui na terra.
Deus a fez tão perfeita o quanto é possível a uma criatura. E Deus onipotente tornou
esta alma capaz de um amor tal que, excede em intensidade ao de todos os homens
que existiram, existem e hão de existir, ao amor de todos os anjos e ao da
própria Santíssima Virgem Maria, reunidos num só. Já percorremos toda a vida de
Jesus e meditamos na imensidade deste amor por nós.
E agora na glória do Céu, à direita de seu Pai Eterno, o
Coração de Jesus continua a nos amar. São João declara que mesmo os pecadores
são ainda muito caros a Jesus, porque lhes advoga a causa junto de seu Pai: "Filhinhos meus, eu vos escrevo estas
coisas, para que não pequeis; mas, se algum pecar, temos um advogado junto do
Pai, Jesus Cristo justo. Ele é propiciador pelos nossos pecados, e não somente,
pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 S. João, II, 1 e 2). Assim,
o próprio pecado mortal, que Lhe inspira tanto horror, não Lhe altera os
sentimentos do Coração. Seu olhar não é de ódio, mas de ternura entristecida,
de compaixão para com o louco, monstruoso e mísero pecador. Jesus com suas
chagas radiantes de luz e glória, está a lembrar a seu Pai que Ele sofreu tanto
pelos pecadores, que pagou caríssimo pelos seus pecados; suplica, então, e
implora graças de contrição. O Coração de Jesus é sempre ouvido pelo seu Pai,
embora, infelizmente, muitos põem obstáculos. O Coração de Jesus pede também a
graça de uma perfeita penitência, de tal modo que o pecador, se assim o quiser,
poderá reparar plenamente suas faltas.
Caríssimos, agora meditemos no seguinte: Se Jesus ama assim
os pecadores, qual não será o amor de seu Coração pelos verdadeiros amigos,
pelos justos, pelos santos?! São João Eudes diz: "Tão grande é o seu amor,
que Ele estaria pronto a sacrificar sua vida no universo inteiro e com
sofrimentos imensos; e porque o seu amor é eterno, estaria pronto ainda a
sacrificá-lo eternamente e com dores eternas". Sofreria, portanto, uma
nova paixão por cada um dos filhos dos homens. Faria por cada um o que fez por
todos. Mas sabemos que Jesus não pode sofrer e morrer mais, depois de
ressuscitado e glorioso. Como seu Coração é onipotente, arranjou um meio de
fazê-lo por nosso amor: A Santíssima Eucaristia como Sacrifício e como
Sacramento. A Santa Missa renova, de maneira incruenta, a imolação do Calvário,
e nos aplica seus merecimentos infinitos. E aqui no Altar se aniquila de alguma
maneira, mais do que na Cruz. Quanto o Coração de Jesus se alegra em poder através
da Santa Missa, derramar sobre o mundo torrentes de graças! E faz ainda mais: A
Eucaristia como Sacramento! Faz-se nosso alimento, nosso hóspede na comunhão, e
dá-se a nós todo inteiro, convidando-nos a renovar cada dia essa união tão doce
ao seu Coração. O Coração de Jesus quis ficar conosco até o fim do mundo, não quis nos
deixar órfãos. É realmente o Emanuel, isto é, o Deus conosco. Amém!
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