Mostrando postagens com marcador . Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador . Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

VIRTUDES TEOLOGAIS

 VIRTUDES TEOLOGAIS: Fé, Esperança e Caridade.

Explicação da imagem abaixo:
Na parte de cima da imagem a fé é simbolizada por uma moça segurando a cruz com a mão direita, e trazendo na esquerda um facho de fogo. A cruz significa q o mistério da Redenção é uma das principais verdades q nós devemos crer; o facho significa q a fé é como uma viva luz q ilumina nossas almas.
Em baixo desta moça vemos Abraão imolando seu filho Isaac. Este santo patriarca praticou a fé de uma maneira heroica, crendo q Deus, q lhe havia ordenado este sacrifício, cumprirá, não obstante, a promessa q Ele lhe havia feito de lhe dar uma numerosa descendência. Mas este era seu filho único, aliás concebido milagrosamente porque sua esposa era estéril e idosa e ele já muito idoso.
Ó Jesus, aumentai a minha fé! Amém!
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

domingo, 18 de setembro de 2016

AS OBRAS


 A FÉ SEM AS OBRAS É MORTA.

   A necessidade das nossas obras para a salvação é tão lógica e tão evidente, que os próprios protestantes tiveram que retroceder neste ponto. A doutrina de salvação só pela fé, que pregaram os Primeiros Reformadores, era tão perigosa e subversiva, que para cristãos logo se mostrou insustentável. Aquilo já não era Cristianismo, era a confiança cega de que Jesus tudo perdoa conduzindo logicamente o homem ao mais desenfreado materialismo.

   Quando viram os protestantes a devastação tremenda que essas Ideias produziam no seio do povo, com a propaganda do desprezo pelas boas obras como meio para obter a salvação, perceberam claramente que não era possível prosseguir com tais ensinos.

   Mas toda a sua tática tem consistido em recuar até à doutrina católica nesta matéria, mas recuar conservando mais ou menos a mesma linguagem que usavam antigamente, recuar sem querer que se perceba que estão recuando.

   Já vimos que a antiga fórmula: SÓ A FÉ é necessária para a salvação foi substituída pela outra: SÓ A FÉ E O ARREPENDIMENTO são necessários para a salvação. 

   Entrando neste terreno, exigindo agora o arrependimento como indispensável para a conquista da vida eterna, entraram na doutrina católica da necessidade das obras para a salvação. Já tivemos ocasião de demonstrá-lo [anteriormente].

   Quaisquer fórmulas que inventem dentro deste novo sistema, por mais manhosas que elas sejam, mostram desde logo, depois de um pouco de reflexão, que são fórmulas católicas disfarçadas com a máscara de protestantes: Exigir ARREPENDIMENTO é exigir as OBRAS para a salvação: não há para onde correr.

   Vejamos, por exemplo, este modo de argumentar:

   - Os católicos afirmam que o homem se salva pela FÉ COM AS OBRAS, ajudado pela GRAÇA DE DEUS. Nós, protestantes, achamos que esta doutrina está errada. O que salva o homem é só a fé, e não as obras. O que acontece é que a fé é manifestada pelas OBRAS. Aquele que peca, que não ama a Deus, que não faz o bem que devia fazer está mostrando que NÃO TEM FÉ. Portanto, é só a fé que salva.

   - Ouçam, caros amigos. Dois indivíduos estavam discutindo: um deles possuía um automóvel e garantia que o seu carro podia andar sem gasolina. O outro apostava que não. Mas acontece que, aproveitando um descuido de seu antagonista, o primeiro colocou a gasolina no seu automóvel e o fez andar. Ganhou a aposta? Provou que tinha razão? Absolutamente não; porque o outro, como é natural, podia muito bem proceder à verificação no automóvel e, certificando-se de que este agora estava COM GASOLINA, podia muito bem desmascarar o seu opositor. 

   É o que se dá entre nós.

   Como começou o Protestantismo? Afirmando que a FÉ salva sem as obras e dizendo que esta fé consiste apenas em ACEITAR A JESUS COMO NOSSO ÚNICO E SUFICIENTE SALVADOR, COMO NOSSO SALVADOR PESSOAL. É a confiança de que Jesus nos salva, isto independentemente de obras, de arrependimento da nossa parte.

   Já fizemos a refutação desta doutrina. Mostramos com muitos textos da Bíblia, que esta noção de fé não é exata, que fé é ACREDITAR nas verdades eternas, ACREDITAR na palavra de Deus. Fizemos ver que esta fé é o PONTO DE PARTIDA para a salvação, porque a aceitação da doutrina de Jesus inclui necessariamente a aceitação de SUA MORAL, o reconhecimento dos DEVERES impostos por Cristo e que, portanto, a fé que salva é a fé coerente, a fé que não entra em contradição com as obras, a fé que não está morta, mas OPERA PELA CARIDADE (Gálatas V-6), sendo a caridade o amor de Deus sobre todas as coisas e amor ao próximo como a nós mesmos. Mostramos que se trata de uma promessa de vida eterna, e se Deus promete o Céu àquele que tem fé, é esta mesma fé que o leva a aceitar na própria Bíblia AS CONDIÇÕES em que esta promessa será cumprida (nº 80 a 84): sem praticar a virtude, sem observar os mandamentos, sem receber os sacramentos que Cristo instituiu para nossa salvação, esta não pode ser alcançada.

   Em todo este sistema de argumentação, estamos considerando a FÉ como uma virtude especial, distinta das demais virtudes, como distinta das nossas obras, do nosso modo de proceder. Acaso estávamos errados em considerá-la assim? Não é a própria Bíblia que distingue a fé das outras virtudes, quando nos diz: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, a caridade, estas três virtudes; porém a maior delas é a caridade (1ª Coríntios XIII-13)? Não é a própria Bíblia que nos diz que também os demônios CREEM (Tiago II-19)?

   É, portanto, neste sentido, considerando a fé como uma virtude distinta das outras, que nós dizemos que a fé sozinha não pode salvar, ela não salva sem as obras, as quais também são necessárias; e dizemos isto, apoiados no ensino claríssimo da Bíblia: Não vedes como PELAS OBRAS É JUSTIFICADO O HOMEM, E NÃO PELA FÉ SOMENTE? (Tiago II-24). Aqui não há meio de subterfúgio: São Tiago não diz que o homem é salvo pela fé, mas esta fé só se pode conhecer nas obras etc, etc. como Vocês estão dizendo; mas que o homem é salvo PELAS OBRAS, e não somente pela fé. 

   Ora, que acontece com quem quer discutir e argumentar COM CLAREZA E COM LEALDADE, porque quer realmente defender a VERDADE ou chegar ao conhecimento dela? Quem é sincero na argumentação procura, antes de tudo, explicar, de modo que não deixe margem para nenhuma dúvida, em que sentido está tomando as palavras que emprega na sua exposição. A questão é sobre A FÉ, não é assim? A obrigação de quem vai sustentar uma tese sobre a fé, é dizer bem claramente o que é que entende por esta palavra FÉ.

   Ora, quando perguntamos a Vocês o que é que entendem por FÉ, Vocês recorrem àquele velho conceito dos primeiros tempos do Protestantismo: FÉ É ACEITAR A JESUS CRISTO COMO NOSSO ÚNICO E SUFICIENTE SALVADOR, COMO NOSSO SALVADOR PESSOAL.

   Agora perguntamos: a fé tomada neste sentido ESTÁ INCLUINDO A OBEDIÊNCIA À LEI DE DEUS? ESTÁ INCLUINDO AS BOAS OBRAS, OS ATOS DAS DEMAIS VIRTUDES?

   Não, não está. A fé aí está reduzida apenas à confiança que tenho em que Jesus me salva.

   Esta definição não exclui o pecado. A prova é que de acordo com esta noção de fé os Primeiros Reformadores ensinavam que o pecador se salva SEM ARREPENDIMENTO. "Sê pecador e peca fortemente, mas confia e rejubila-te mais fortemente ainda no Cristo vencedor do pecado, da morte e do mundo", dizia Lutero na sua carta a Melanchton, em 1521, este mesmo Lutero que dizia que " a contrição que se prepara pelo exame e recapitulação e detestação dos pecados, pelos quais alguém relembra os seus anos na amargura de sua alma, ponderando a gravidade, multidão e fealdade dos pecados, a perda da eterna felicidade e aquisição da condenação eterna, ESTA CONTRIÇÃO FAZ HIPÓCRITA O HOMEM E ATÉ MAIS PECADOR" (Lutero. Edição Weimar VII-13).

   Esta definição de maneira alguma supõe que a fé se manifesta pelas obras. Pois, em que sentido se toma aí a expressão: Jesus é o nosso Único e Suficiente Salvador? Não no sentido de que o resgate foi feito por Jesus e só Ele o podia fazer, e o fez da maneira mais completa e satisfatória para nos alcançar e merecer a graça. Mas é empregada maliciosamente no sentido de que, tendo Cristo feito tudo por nós, o homem não precisa fazer mais nada; não lhe resta, portanto, salvar-se a si mesmo pela prática da virtude, pois só Cristo é quem nos salva sem a nossa cooperação. Ou, em outros termos, a cooperação do homem consiste apenas em CONFIAR. Confiando, a salvação lhe é dada de graça.

   Seria, por conseguinte, um contra-senso, uma verdadeira contradição, que o homem, afim de DEMONSTRAR que Cristo é o seu Único e Suficiente Salvador, neste mau sentido da expressão, tivesse agora que esforçar-se, obedecendo à lei divina, praticando atos de virtude etc. Assim estaria procurando salvar-se a si mesmo, para demonstrar que não se salva a si mesmo, que Jesus é o seu Único e Suficiente Salvador.

   Agora acontece que, enquanto Vocês protestantes, continuam a sustentar esta mesma definição - Crer é aceitar a Jesus como nosso Único e Suficiente Salvador, como nosso Salvador Pessoal - quando a gente menos espera, surgem Vocês mesmos dizendo que a fé se manifesta pelas OBRAS, que aquele que peca, que não ama a Deus, que não faz o bem que devia fazer está mostrando que NÃO TEM FÉ.

   Isto quer dizer que de repente passaram a tomar a palavra FÉ noutro sentido bem diferente. Fazem como o homem que às escondidas meteu a gasolina no automóvel.

   Bem, fé neste sentido de que todo aquele que peca está mostrando que não tem fé, quer dizer ADESÃO TOTAL A CRISTO, COM A INTEIRA OBEDIÊNCIA A TUDO QUANTO CRISTO ENSINOU. É não só na nossa mente, mas também no nosso modo de agir, a aceitação de Cristo, não só como Salvador, mas também como  nosso Mestre, nosso Legislador e como o Rei que domina toda a nossa vida.

   Se é neste sentido que Vocês querem tomar a palavra FÉ, então nós, católicos, não temos nenhum receio ou dúvida em dizer que BASTA A FÉ para a salvação, porque NÃO BRIGAMOS POR MERAS QUESTÕES DE PALAVRAS; o que nos interessa são as realidades da vida cristã. Mas há uma coisa: aí já não se trata de FÉ SEM AS OBRAS, trata-se de FÉ COM AS OBRAS, porque as obras já estão incluídas neste conceito de fé. Trata-se de fé COM A OBEDIÊNCIA DOS MANDAMENTOS DE CRISTO.

   Fica, sempre, de pé que a fé sem as obras não salva, porque a fé sem as obras é morta (Tiago II-26). 


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

COMO É PERIGOSA A TEORIA PROTESTANTE SOBRE A CRENÇA!



   Mas os protestantes, pondo a CRENÇA em segundo plano e reduzindo a fé salvadora apenas à CONFIANÇA de que Jesus nos salva, chegam a uma incrível situação de balbúrdia e de anarquia.

   Mesmo quando torcem miseravelmente, ridiculamente os mais claros textos da Bíblia, já não sentem remorso de injuriar assim a palavra de Deus; acham que não perdem com isto o direito à recompensa do Céu: eles têm a confiança de que se salvam, e é quanto basta...

   Além disto, são muitos os protestantes que se mostram ou fingem mostrar-se satisfeitos com esta confusão tremenda de doutrinas, as mais diversas, que se nota no seio da Reforma e que dizem que assim mesmo é que está certo: a palavra de Deus deve ser sujeita à discussão e cada um se manisfesta sobre ela de acordo com o seu modo de ver pessoal.

   Na América do Norte e na velha Europa, onde a árvore do Protestantismo já amadureceu bastante para produzir os seus verdadeiros frutos, são muitos os protestantes que foram progredindo de negação em negação, até rejeitarem não só a divindade, mas até a infalibilidade do próprio Cristo e a divina autoridade das Escrituras. Com a Bíblia na mão, mas ao mesmo tempo depositando na razão humana uma confiança ilimitada no interpretá-la, o Protestantismo leva naturalmente ao Racionalismo.

   Tudo isto tem sido resultado deste erro de falsear a noção de fé salvadora. 

   Não é isto o que quer o Divino Mestre; quer que os homens se santifiquem, NA VERDADE, só podendo haver verdade, onde existir a unidade da fé: SANTIFICAR-SE NA VERDADE. A tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E eu me santifico a mim mesmo por eles, para que também eles sejam SANTIFICADOS NA VERDADE. E eu não rogo somente por eles, mas rogo também por aqueles que hão de crer em mim por meio da sua palavra; para que ELES SEJAM TODOS UM, como tu, Pai, o és em mim e eu em ti (João XVII-17 a 21).

   E é aí que nós percebemos claramente a legitimidade, a firmeza da Igreja, sempre zelosa e intransigente em conservar o DEPÓSITO (2ª Timóteo I-14) da fé, guiada nisto pelo Divino Espírito Santo, mostrando-se inabalável em sustentar todas as verdades, todos os dogmas que ela vem ensinando desde o tempo dos Apóstolos e sem admitir os quais não pode haver salvação. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

SALVAÇÃO

 TRÊS ELEMENTOS.

   Desde o começo deste livro vem sendo focalizado à luz dos textos bíblicos, o problema da nossa salvação eterna e por isto vem tendo o leitor sob suas vistas muitas e muitas passagens das Sagradas Escrituras. Agora, se quiser sinceramente chegar a uma conclusão ditada pela VISÃO EM CONJUNTO de todos esses ensinos da palavra de Deus, tem que concordar numa coisa: tem razão a Igreja Católica, quando ensina que a FÉ, a GRAÇA DE DEUS e as nossas OBRAS são elementos indispensáveis para a nossa salvação. 

   A Igreja conta 20 séculos de existência e já tem lutado com heresias múltiplas e diversas; já está bem acostumada a ver como a tendência dos hereges é ter uma VISÃO PARCIAL do assunto, dar importância a um elemento e não a outro, e assim muitas vezes querer fazer a salvação mais fácil do que é na realidade, tendência que não é de estranhar naqueles que querem interpretar a seu modo os ensinamentos do Evangelho.

A FÉ

    NECESSIDADE DA FÉ.

   A fé é necessária, como se vê por todos aqueles textos em que Jesus nos mostra que quem crê n'Ele se salva, quem não crê se condena.

   Jesus não é apenas um filósofo que nos tenha vindo ensinar a sua doutrina sublime. É muito mais do que isto: é o próprio Filho de Deus, igual ao Pai; nenhuma de suas palavras pode ser rejeitada, nem torcida no seu sentido, nem relegada ao esquecimento. Por isto erram aqueles que, como os espiritistas em geral, dão muito realce à doutrina de caridade e de amor ao próximo que Jesus nos apresenta (no que fazem muito bem), mas não dão nenhuma importância à fé, começando logo por negar a divindade de Cristo (no que fazem muito mal). Nisto há um contra-senso, porque a fé é a base de toda a virtude cristã, e o amor do próximo que não nasce da verdadeira fé, pode chamar-se filantropia, mas não é a verdadeira caridade.

   E nesta luta contra as heresias é interessante observar que até aos próprios protestantes que falam tanto em fé e que pretendem resumir só na fé a nossa contribuição para a salvação eterna, a eles próprios, nós, católicos, somos obrigados a lembrar: que A FÉ É NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO. Porque os protestantes adulteraram a noção de fé: fazem dela apenas uma convicção cega de que já estão salvos pela morte de Cristo, quando, como provamos, a fé é aceitar toda a doutrina do Mestre. Diante das inúmeras divergências (e sobre pontos da maior importância) que há no Protestantismo, se chega à conclusão de que entre os "evangélicos" a fé não consiste em aceitar a doutrina de Jesus; consiste em DISCUTIR sobre esta doutrina, como se discute sobre questões de história, filosofia ou literatura. E, enquanto a Igreja Verdadeira de Jesus Cristo é quem ensina aos seus adeptos a legítima doutrina, pois tem autoridade para isto, uma vez que é a coluna e firmamento da verdade (1ª Timóteo III-15), no Protestantismo, desde o princípio, tem sido o contrário: são os fiéis que ensinam a doutrina às Igrejas, pois são os adeptos mais atilados, mais sabichões que discordam de suas comunidades e vão fundando outras Igrejas, às quais passam a indicar o que elas devem crer. E assim sucessivamente. Por isto é que as seitas são tão numerosas e tão variadas. 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

FÉ: Nosso Médico



   A fé salva, a fé é o caminho do Céu, isto nos ensina Jesus. A fé salva sozinha, sem a observância da lei de Deus, isto é doutrina de Lutero.

   Somos justificados pela fé, é doutrina da Bíblia: Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos V-1). Mas a mesma Bíblia nos ensina que a fé não nos justifica sozinha, sem as obras: Não vedes como pelas obras é justificado o homem, e não pela fé somente? (Tiago II-24).

   Para usarmos (ampliando-a) uma comparação de Cornélio Alápide: Assim como o doente que se achava em estado grave e foi curado pode dizer: - Este médico me salvou - e no entanto não foi o médico sozinho, foi o médico por meio dos remédios, das injeções, da dieta, dos exercícios que ele prescreveu e a que o doente voluntariamente se sujeitou, assim também a fé em Cristo é o médico a nos apontar as outras virtudes, as obras, os sacramentos que nos são necessários à salvação, a qual não é possível sem as praticarmos ou sem os recebermos em obediência aos ditames da nossa fé. O fato de dizer o doente: - Este médico me salvou - não o impede de dizer também: Santo remédio este! foi ele quem me pôs em pé! Assim como não o impede de aconselhar a outro doente que não quer observar a dieta: Não faça isto, meu caro; se eu não tivesse cumprido bem com a dieta, feito a mortificação quando estava com vontade de comer  tais alimentos que sabia que não podia comer, hoje eu já estaria na "cidade dos pés juntos". 

   Do fato, portanto, de dizer a Escritura que a fé nos salva, não se segue necessariamente que a fé seja A CAUSA ÚNICA da salvação. Isto se mostra claramente no episódio da mulher pecadora. Sabe-se muito bem que ela não podia salvar-se, se os seus pecados, que eram muitos, não lhe fossem perdoados. Se perguntarmos ao Divino Mestre POR QUE foram perdoados os pecados daquela mulher, Ele nos esclarecerá: Perdoados lhe são seus pecados, PORQUE AMOU MUITO (Lucas VII-47). A sua contrição perfeita, baseada no PURO AMOR,  foi aí apontada como a CAUSA da salvação. E no entanto, nesta mesmíssima ocasião, Jesus lhe disse: A tua FÉ te salvou; vai-te em paz (Lucas VII-50). Tanto a fé, como o amor, são considerados aí como causas da salvação para a pecadora arrependida; a fé, porque foi O PONTO DE PARTIDA de sua felicidade; o amor, porque CONSUMOU esta mesma felicidade. É por isto que nos diz muito bem o Concílio de Trento: "somos justificados pela fé neste sentido de que a fé, sem a qual é impossível agradar a Deus, é o princípio da salvação, o fundamento e a raiz de toda a justificação" (Sessão VI, 8). (Extraído do Livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA", autor: Lúcio Navarro).

terça-feira, 26 de abril de 2016

DOUTRINA CATÓLICA SOBRE A SALVAÇÃO (término do capítulo)

   36. CONFUSÃO DE IDEIAS.

   Ainda não entramos de cheio na refutação da teoria da salvação só pela fé. Fizemos apenas um resumo da doutrina católica sobre a salvação, para esclarecer certos pontos em que se confundem os nossos adversários que não estão perfeitamente ao par da nossa doutrina. Mas bastou ao leitor ver o texto das Escrituras em que se exige a observância dos mandamentos para conseguir o Céu, não podendo alcançá-lo os que cometem certas faltas graves, bastou ver a insistência com que a Bíblia nos assegura que Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras, sem fazer acepção de pessoas, para observar como é inexata a doutrina da que só a fé é que salva e de que as boas obras não influem na salvação. Queremos dizer apenas algumas palavras sobre uma confusão que fazem os protestantes a respeito do perigo de envaidecimento para aqueles que fazem boas obras, sabendo que elas terão a sua recompensa.

   Os protestantes viram um texto de São Paulo (Efésios II-8 e 9) em que o Apóstolo nos ensina que a concessão da graça primeira, ou seja, a passagem do pecador do estado de pecado para o estado de justiça, pela graça santificante se realiza de graça e não em atenção a nossas obras, para que ninguém se glorie. Teremos ocasião de comentar atentamente e de vagar esse texto num capítulo especial que versará sobra a graça primeira. Daí aprenderam de oitiva a dizer que a glória do Céu não se alcança pelas nossas obras mas só pela fé, para que o homem não se orgulhe, não se glorie de ter alcançado a salvação pelo seu esforço. Deus teria querido assim evitar o perigo do orgulho humano, e teria caído noutro perigo muito maior ainda: teria favorecido horrivelmente à corrupção do homem e ao relaxamento no pecado, impondo somente a fé para a salvação e dispensando a observância dos mandamentos e a prática das outras virtudes cristãs, entre as quais avulta a caridade, para a consecução da glória celeste. 

   37. A DOUTRINA CATÓLICA E A PRESUNÇÃO.

   Qualquer um que considere atentamente a doutrina católica, não terá motivo algum para gloriar-se de suas virtudes ou de suas boas obras. E a prova é que a Igreja Católica tem produzido um número imenso de grandes santos que são conhecidos no mundo inteiro, muitos dos quais bem estimados e admirados pelos protestantes, e no entanto, um fenômeno observado em todos eles é que, quanto mais progrediam na virtude e se enriqueciam da graça de Deus, tanto mais baixo conceito faziam de si mesmos. A sua grande virtude fazia com que lamentassem profundamente as mais pequenas imperfeições; e causa admiração como se não julgavam mais do que grandes e desprezíveis pecadores. Seguiam nisto a palavra do Eclesiástico: Quanto maior és, humilha-te em todas as coisas e acharás graça diante de Deus (Eclesiástico III-20).

   Realmente a consideração da doutrina sobre a graça, que há pouco resumimos, leva o homem a reconhecer o seu nada, a sua fraqueza e insuficiência. Se Deus justifica o pecador e o faz seu filho, esta elevação a uma grandeza sobrenatural é feita por pura bondade e misericórdia de Deus. Cada ação boa, cada ato de virtude, cada vitória sobre as tentações precisou, para efetuar-se, do auxílio da graça divina: Sem mim nada podeis fazer (João XV-5). A criancinha que não pode escrever a carta sem a mãezinha a estar ajudando com a mão dela por cima da sua, não pode absolutamente orgulhar-se de ter escrito a carta por seu próprio engenho e esforço. E os erros dados nesta carta, por culpa do pequeno escrevente, a mãezinha depois os corrige - isto é, os pecados, as faltas, as imperfeições que frequentemente cometemos, Deus está sempre de braços abertos para nos perdoar, se nos voltamos para Ele. E o católico tem, mais do que ninguém, uma lembrança viva de seus pecados, pois tem que fazer cuidadoso exame de consciência sobre eles e confessá-los humildemente ao ministro de Deus, a quem foi dado o poder de perdoar e reter os pecados. Nenhuma razão tem, portanto, o católico, para orgulhar-se de suas virtudes, quando as possui: Que tens tu que não recebesses? Se, porém, o recebeste, por que te glorias como se o não tiveras recebido? (1ª Coríntios IV-7). 

   Se, porém, por um ato de irreflexão ou, para melhor dizer, de loucura, conceber um pensamento de presunção, uma queda fatal se dará, porque Deus resiste aos soberbos, e dá sua graça aos humildes (Tiago IV-6). E acontecerá o que aconteceu a São Pedro, que fez as mais brilhantes profissões de fé e que amava a Cristo mais do que os outros Apóstolos, mas por ter consentido num ato de confiança exagerada em si mesmo, teve que chorar, por toda a vida, uma queda desastrosa. Assim aprenderá o homem, à custa dos próprios fracassos, a não confiar em si mesmo. Não há razão, portanto, para Deus deixar de considerar como CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO  a guarda dos mandamentos, a prática das boas obras, por parte do homem, (que é livre nas suas ações e portanto tem que mostrar um bom uso de sus liberdade), só pelo receio de que o homem se venha a tornar vaidoso.

   Se assim fosse, Ele também deixaria de apontar a FÉ como CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO, porque a fé é sempre um ato livre, uma cooperação humana, e assim como há o perigo de ensoberbecer-se o homem pelas suas obras, assim também há o de ensoberbecer-se pela fé: Tu pela FÉ estás firmes, pois NÃO TE ENSOBERBEÇAS, MAS TEME (Romanos XI-20).

   38. RECOMPENSA E BENEFÍCIO.

   Por mais estranho que pareça, a glória do Céu, que a Escritura nos mostra como uma RECOMPENSA dada ao homem pelas suas boas obras, é também, em última análise, uma graça, um BENEFÍCIO de Deus.

   Um homem rico e ilustre toma um mísero e desprezível servo e o cumula de favores, espontânea e benignamente, fazendo dele um filho adotivo. Depois disto, começa a fornecer-lhe verba continuamente, para que ele realize alguns trabalhos. Perdoa frequentemente também os erros e fraquezas deste filho, bastando para isto que ele procure sinceramente o seu perdão. E aqueles trabalhos realizados pelo filho com a verba dada pelo próprio pai, este os recompensa larguissimamente, fazendo-o cada vez mais participante de uma imensa herança.
   Pode ser maior a sua benignidade?
   Assim faz Deus conosco, chamando-nos e justificando-nos misericordiosamente quando somos pecadores, perdoando-nos inúmeras vezes na vida, graças aos merecimentos infinitos de Jesus Cristo, fornecendo-nos continuamente o auxílio da sua graça e recompensando com os gozos da vida eterna as nossas obras, que só com a sua graça podiam ser realizadas. Por isto, tinha razão em exclamar o grande Doutor da Graça, Santo Agostinho: "Deus quando coroa nossos merecimentos, não coroa senão seus próprios benefícios".

domingo, 3 de abril de 2016

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 27 )

   102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (a). 

   Deste jeito, a tal garantia absoluta de que se está salvo definitivamente já neste mundo, se evapora completamente.

   É precisamente o que se dá com os Batistas. Se, por acaso, o leitor é protestante e pertence a alguma outra seita, pode muito bem confrontar com o que se passa lá nos seus arraiais, dentro da doutrina de sua denominação.

   Como já tivemos ocasião de observar, o Protestantismo teve origem no cérebro de um homem que estava preocupado com este problema: COMO HAVIA DE TER CERTEZA ABSOLUTA DA SUA SALVAÇÃO. 

   Encontrou uma doutrina que lhe "fornecesse" esta certeza absoluta: O homem não é livre. Deus é quem faz em nós o bem e o mal; é Ele quem guia os passos de uns para a salvação e os de outros para a condenação eterna, porque a observância dos mandamentos é impossível. O pecado, mesmo existente na alma, não impede o homem de entrar no Céu, porque, se ele tem fé, isto é, confiança em Jesus Cristo está salvo, mesmo que tenha muitos pecados e deles não se arrependa (porque arrependimento seria uma hipocrisia, uma vez que não é livre), Deus não olha para estes pecados, não lhe são imputados. Assim ensinou Lutero e daí nasceu a doutrina de Calvino: a predestinação de uns para o Céu e de outros para o inferno.

   Dentro desta horrorosa doutrina, é natural que um homem se julgue com a salvação garantida: se eu acho que estou no número dos predestinados para o Céu, penso que dê no que der, faça o que fizer, chegarei lá sempre. Pobrezinhos daqueles que estão predestinados para o inferno; mas isto é lá com eles, não me interessa, nem tenho jeito a dar.

   Foi assim que começou o Protestantismo.

   Ora, os Batistas no princípio seguiam esta doutrina calvinista da predestinação de uns para o Céu e outros para o inferno. E a proclamaram solenemente na Confissão de Fé de Filadélfia, no ano de 1742, a qual esposou as ideias da Confissão de Westminster (1641-1648) francamente calvinista, acrescentando-lhe os princípios batistas: independência de cada igreja, batismo dos adultos etc.

   Mas acontece que pouco a pouco foram os protestantes sentindo horror a esta doutrina calvinista. E, como não é de admirar, os Batistas resolveram abandoná-la. Foi o que fizeram na Confissão de New Hampshire, em 1833, na qual se diz no Artigo 6º: "Cremos que a salvação é concedida gratuitamente A TODOS, segundo o Evangelho, que é o dever imediato de todos aceitá-la por meio de uma fé sincera, ardente e obediente; que não há empecilho algum à salvação do maior pecador que existe sobre a terra, a não ser a sua própria perversidade e rejeição voluntária do Evangelho".

   Ficaram alguns Batistas apegados à doutrina calvinista, porque há várias subdivisões entre os Batistas ("há vinte e seis denominações batistas nos Estados Unidos agora" é o que nos informa o pastor batista William Carey Taylor no seu livro "É Possível a Perda da Salvação?" pág. 31), mas a grande maioria dos Batistas segue a Confissão de New Hampshire. E esta é a doutrina comumente ensinada pelos pastores batistas na América do Sul. (ndr: Francamente que não saberia dizer se hoje far-se-ia mister algum atualização). 

   Entretanto estes mesmos pastores batistas pregam abertamente A CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO. Como pode ser isto?

   Que os Batistas calvinistas, admitindo que Deus já DECRETOU desde toda a eternidade e de uma maneira irrevogável, que uns irão para o Céu e outros para o inferno, isto independentemente das obras de cada um, nutram em si esta ilusão da CERTEZA ABSOLUTA DE SUA SALVAÇÃO, se compreende muito bem.

   Mas homens que admitem: 1º - que somos livres e podemos pecar a cada instante; 2º - que a graça não violenta a nossa liberdade, mas é preciso que cooperemos com ela; 3º - que um pecado cometido, seja ele qual for, se não for retratado pelo arrependimento, nos põe em estado de condenação AO INFERNO, pois nem ao menos os Batistas fazem distinção entre pecado mortal e pecado venial; como é que estes homens podem pregar uma CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO? 

   Isto é o que naturalmente aguça a nossa curiosidade. 

  Continuaremos mostrando qual é a doutrina dos Batistas.