102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (a).
Deste jeito, a tal garantia absoluta de que se está salvo definitivamente já neste mundo, se evapora completamente.
É precisamente o que se dá com os Batistas. Se, por acaso, o leitor é protestante e pertence a alguma outra seita, pode muito bem confrontar com o que se passa lá nos seus arraiais, dentro da doutrina de sua denominação.
Como já tivemos ocasião de observar, o Protestantismo teve origem no cérebro de um homem que estava preocupado com este problema: COMO HAVIA DE TER CERTEZA ABSOLUTA DA SUA SALVAÇÃO.
Encontrou uma doutrina que lhe "fornecesse" esta certeza absoluta: O homem não é livre. Deus é quem faz em nós o bem e o mal; é Ele quem guia os passos de uns para a salvação e os de outros para a condenação eterna, porque a observância dos mandamentos é impossível. O pecado, mesmo existente na alma, não impede o homem de entrar no Céu, porque, se ele tem fé, isto é, confiança em Jesus Cristo está salvo, mesmo que tenha muitos pecados e deles não se arrependa (porque arrependimento seria uma hipocrisia, uma vez que não é livre), Deus não olha para estes pecados, não lhe são imputados. Assim ensinou Lutero e daí nasceu a doutrina de Calvino: a predestinação de uns para o Céu e de outros para o inferno.
Dentro desta horrorosa doutrina, é natural que um homem se julgue com a salvação garantida: se eu acho que estou no número dos predestinados para o Céu, penso que dê no que der, faça o que fizer, chegarei lá sempre. Pobrezinhos daqueles que estão predestinados para o inferno; mas isto é lá com eles, não me interessa, nem tenho jeito a dar.
Foi assim que começou o Protestantismo.
Ora, os Batistas no princípio seguiam esta doutrina calvinista da predestinação de uns para o Céu e outros para o inferno. E a proclamaram solenemente na Confissão de Fé de Filadélfia, no ano de 1742, a qual esposou as ideias da Confissão de Westminster (1641-1648) francamente calvinista, acrescentando-lhe os princípios batistas: independência de cada igreja, batismo dos adultos etc.
Mas acontece que pouco a pouco foram os protestantes sentindo horror a esta doutrina calvinista. E, como não é de admirar, os Batistas resolveram abandoná-la. Foi o que fizeram na Confissão de New Hampshire, em 1833, na qual se diz no Artigo 6º: "Cremos que a salvação é concedida gratuitamente A TODOS, segundo o Evangelho, que é o dever imediato de todos aceitá-la por meio de uma fé sincera, ardente e obediente; que não há empecilho algum à salvação do maior pecador que existe sobre a terra, a não ser a sua própria perversidade e rejeição voluntária do Evangelho".
Ficaram alguns Batistas apegados à doutrina calvinista, porque há várias subdivisões entre os Batistas ("há vinte e seis denominações batistas nos Estados Unidos agora" é o que nos informa o pastor batista William Carey Taylor no seu livro "É Possível a Perda da Salvação?" pág. 31), mas a grande maioria dos Batistas segue a Confissão de New Hampshire. E esta é a doutrina comumente ensinada pelos pastores batistas na América do Sul. (ndr: Francamente que não saberia dizer se hoje far-se-ia mister algum atualização).
Entretanto estes mesmos pastores batistas pregam abertamente A CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO. Como pode ser isto?
Que os Batistas calvinistas, admitindo que Deus já DECRETOU desde toda a eternidade e de uma maneira irrevogável, que uns irão para o Céu e outros para o inferno, isto independentemente das obras de cada um, nutram em si esta ilusão da CERTEZA ABSOLUTA DE SUA SALVAÇÃO, se compreende muito bem.
Mas homens que admitem: 1º - que somos livres e podemos pecar a cada instante; 2º - que a graça não violenta a nossa liberdade, mas é preciso que cooperemos com ela; 3º - que um pecado cometido, seja ele qual for, se não for retratado pelo arrependimento, nos põe em estado de condenação AO INFERNO, pois nem ao menos os Batistas fazem distinção entre pecado mortal e pecado venial; como é que estes homens podem pregar uma CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO?
Isto é o que naturalmente aguça a nossa curiosidade.
Continuaremos mostrando qual é a doutrina dos Batistas.
Eles realmente têm lá suas certezas, mas ao mostrar a eles certas passagens, como a de S Paulo, além dessas seitas serem relativistas, uma x as outras, Jesus nada tem a ver com elas e citando: «Irmãos quanto a mim não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus» Fi 3,13-14, ficam anuviados, vão-se embora ou mudam de assunto...
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