LEITURA ESPIRITUAL - Dia 8 de abril
"E criou Deus o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, e
criou-os varão e fêmea. E Deus os abençoou, e disse: Crescei e
multiplicai-vos..." (Gênesis, I, 27 e 28).
"E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma
mulher; e a levou a Adão. E Adão disse: Eis aqui agora o osso de meus ossos e a
carne da minha carne... Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá
à sua mulher; e serão dois numa só carne" (Gên., II, 22-24).
"Foram ter com ele os fariseus para o tentar e disseram-lhe: É
lícito a um homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, respondendo,
disse-lhes: Não lestes que quem criou o homem no princípio, criou-os homem e
mulher, e disse: por isso deixará o homem pai e mãe, e juntar-se-á com sua
mulher, e os dois serão uma só carne"? Por isso, não mais são dois, mas
uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus juntou.
Por que mandou pois Moisés, replicaram eles, "dar-lhe libelo de
repudio e separar-se"? Respondeu-lhes: Porque Moisés, por causa da dureza
do vosso coração, permitiu-vos repudiar vossas mulheres, mas no princípio não
foi assim. Eu pois digo-vos que todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser
por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que se casar
com uma repudiada, comete adultério.
Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem a respeito de
sua mulher, não convém casar" (S. Mateus XIX, 3-10).
Atinente ao casamento, o Livro do Gênesis mostra claramente
como foi desde o início do mundo segundo o que Deus mesmo fez.
Na passagem do Evangelista S. Mateus, acima enunciada, constatamos
que a lei evangélica não podia ser expressa mais claramente. E isto é obvio,
pois, é o próprio Jesus Cristo, a Verdade Eterna que a expõe. Os próprios
Apóstolos o compreenderam tão bem, que, para indicar o rigor da lei da
indissolubilidade, chegaram a dizer que era melhor nem casar. Certamente os
discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo pensavam assim: Se se é obrigado a
suportar os "caprichos e defeitos" da mulher, sem recorrer ao
divórcio não vale a pena casar. Deveriam dizer também: e visse-versa. Depois
veremos como São Paulo mostra como viver bem, mal grado os defeitos que todos
têm, homens e mulheres. Mesmo que
pudesse existir, o divórcio nunca seria solução. Antes pelo contrário.
Não obstante, a cláusula colocada por Jesus: "a não ser por causa de
fornicação", tanto a tradução como o alcance da mesma, gerou muita
controvérsia entre exegetas e teólogos. Esta passagem era comumente traduzida
por "a não ser em caso de infidelidade" (=adultério). E pior, não
faltava quem quisesse interpretá-la como significando a permissão de, neste
caso embora único, se quebrar o vínculo e, portanto, permitir o divórcio. Há
quase 70 anos atrás chegou-se à conclusão de que a palavra primitiva usada por
Jesus Cristo não designa "adultério, infidelidade", mas sim
"casamento nulo, concubinato). E é óbvio que, em caso de concubinato, a
separação não só pode, mas deve ser feita. Traduzindo a palavra empregada por
Jesus no sentido de "adultério" , poderia haver separação não só de
leito mas até de casa, mas continuava indissolúvel o vínculo, e, portanto,
mesmo nestes casos de infidelidade, nem o cônjuge fiel, poderia casar-se com
outro(a).
Estudamos na Teologia que, ainda que se conserve a tradução:
"a não ser em caso de infidelidade", não lhe podemos atribuir sentido
favorável à dissolução do vínculo. Seria contra o bom senso, contra os
evangelhos e contra a história. Senão vejamos: Na lei de Moisés o adultério era
punido com a lapidação. Ora, se Jesus veio aperfeiçoar a lei, não iria permitir
o adultério. E também a hermenêutica exige que os textos menos claros de um
evangelho devem ser interpretados à luz dos lugares paralelos mais claros. E
pelos textos de Marcos X, 2-12 e Lucas XVI, 18, vemos que Jesus não faz exceção
alguma. Além do mais, se, porventura, as palavras de Jesus Cristo incluíssem
uma exceção em favor da quebra do vínculo, assim o teriam compreendido os contemporâneos
de S. Mateus e principalmente os cristãos de origem judaica, para quem foi
escrito o 1º Evangelho. Ora, os cristãos primitivos jamais entenderam que fosse
este o ensinamento do divino Mestre.
Resumindo: O Divino Mestre restitui o Casamento à sua
virtude primitiva. O casamento é indissolúvel, porque Deus assim o quis. Tirada
do homem pela mão de Deus, entra a mulher, pelo casamento, em sua unidade
primitiva. Unido à mulher, assegura o homem a perpetuidade de sua raça. Tal é o
plano de Deus, criando a distinção dos sexos. O homem não tem, pois, o direito
de dissolver um casamento legitimamente contraído. O casamento é uma
instituição divina, não pode o homem mudar as leis que Deus estabeleceu sobre
esta matéria. Nosso Senhor Jesus Cristo deixou bem claro que em caso algum,
mesmo nos casos de adultério, é permitido o divórcio, pois aquele que se casa
com uma mulher repudiada comete adultério, o que não seria possível se a
primeira união estivesse legitimamente rompida. Portanto, mesmo o adultério,
não dá faculdade de passar a segundas núpcias.
Comentando as encíclicas dos papas sobre a matéria, faremos,
se Deus quiser, muitos outros artigos. Aqui, por exemplo, não tivemos espaço
para falarmos nos casos de casamentos nulos.
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