LEITURA ESPIRITUAL - Dia 3 de abril
"Jesus, aproximando-se, falou-lhes, [aos 11 discípulos] dizendo:
Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes,
batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinando-as a
observar todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias, até
ao fim do mundo" (S. Mateus, XXVIII, 18-20).
Realizada que foi na Cruz a obra da Redenção pela
Misericórdia de Deus, havia mister uma sociedade externa, hierárquica para
comunicar à almas até o fim do mundo, os tesouros da Redenção: é a Santa Madre
Igreja. Depositária autêntica e fiel da Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo,
prolongamento natural de Sua missão na terra, ela será o órgão destinado a
assegurar a salvação do homem e a imortalizar entre nós a presença do Redentor.
Das obras da Sabedoria e do Amor de Deus, é a Igreja o mais belo remate. E quis
seu Divino Fundador que entre os homens ela brilhasse com os resplendores de
uma luz inconfundível: a INFALIBILIDADE.
Ouçamos o Papa Leão XIII:
"A doutrina celeste de Jesus Cristo, embora esteja em
grande parte consignada nos livros inspirados por Deus, se tivesse sido
entregue aos pensamentos dos homens não podia por si mesma unir os espíritos.
Com efeito, facilmente devia suceder incidir ela sob a ação de interpretações
variadas e diferentes entre si, e isso não somente por causa da profundeza e
mistérios dessa doutrina, como também por causa da diversidade das mentes dos
homens e da perturbação que devia nascer do jogo e da luta das paixões
contrárias. Da diferença de interpretação nasce necessariamente, dissensões,
rixas, tais como as temos visto irromperem na Igreja desde a época mais próxima
da sua origem. Eis o que escreve Santo
Irineu em falando dos hereges: "Eles confessam as Escrituras, mas lhes
pervertem a interpretação". E Santo Agostinho: "A origem das heresias
e desses dogmas perversos que apanham as almas na armadilha e as precipitam no
abismo é unicamente a de serem as Escrituras, que são boas, compreendidas de
maneira que não é boa". Para unir os espíritos, para criar e conservar o
acordo dos sentimentos, importava, pois, necessariamente, apesar da existência
das Escrituras divinas, um outro princípio". (...)
..."Pela virtude dos seus milagres, Jesus Cristo prova
a sua divindade e a sua missão divina; emprega-se em falar ao povo para
instruí-lo nas coisas do céu, e exige absolutamente que se preste fé inteira ao
seu ensino; exige-o sob a sanção de recompensas ou de penas eternas. "Se
eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais (Jo X, 37). Se eu não tivesse
feito entre eles obras que nenhum outro fez, eles não teriam pecado (Jo XV,
24). Mas, eu faço tais obras e se não
quereis crer em mim mesmo, crede ao menos nas minhas obras" (Jo, X, 38). Tudo
o que Ele ordena, ordena-o com a mesma autoridade; no assentimento de espírito
que exige, Ele não excetua nada, não distingue nada. Portanto, os que escutavam
Jesus, se queriam chegar à salvação, tinham o dever não somente de aceitar em
geral toda a sua doutrina, mas de dar pleno assentimento da alma a cada uma das
coisas que Ele ensinava. Com efeito, recusar crer, ainda que fosse num único
ponto, em Deus que fala, é contrário à razão".
"Na iminência de voltar aos céus, envia Ele [Jesus]
seus apóstolos, revestindo-se do mesmo poder com que seu Pai a Ele mesmo
enviou, e ordena-lhes espalharem e semearem por toda parte sua doutrina. "Todo poder me foi dado no céu e na
terra. Ide, pois, e ensinai todas as nações... ensinando-as observar tudo o que
eu vos ordenei". Serão salvos todos os que obedecerem aos Apóstolos;
os que não obedecerem perecerão. "Quem
crer e for batizado será salvo; que não crer será condenado" (S.
Marcos XVI, 16, 16). E, como convém sumamente à Providência divina não
encarregar alguém de uma missão, mormente se ela é importante e de alto valor,
sem lhe dar ao mesmo tempo os meios de desobrigar-se dela como é mister, Jesus
Cristo promete enviar aos seus discípulos o Espírito de verdade, que ficará
neles eternamente. "Se eu for, vo-lo
enviarei (o Paráclito)... e, quando esse Espírito de verdade vier,
ensinar-vos-á toda a verdade (S. João, XVI, 7-13). E eu rogarei a meu Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que Ele
fique sempre convosco; será o Espírito de verdade... (S. João, XIV, 16-17). Ele é que dará testemunho de mim; e vós
também dareis testemunho" (S. João, XV, 26-27).
"Por conseqüência, Ele ordena aceitar religiosamente e
observar santamente a doutrina dos Apóstolos como a sua própria. "Quem vos escuta, a mim escuta; quem
vos despreza a mim despreza" (S. Lucas, X, 16). Os Apóstolos são,
pois, enviados por Jesus Cristo do mesmo modo que Ele próprio é enviado por seu
Pai: "Assim como meu Pai me enviou,
assim em vos envio" (S. João, XX, 21) (...). "Por Ele (Jesus Cristo) foi que recebemos a graça e o apostolado
para fazer obedecer à fé todas as nações em nome d'Ele" (Romanos, I,
5). "E, tendo partido, eles pregaram
por toda parte, cooperando o Senhor com eles e confirmando-lhes a palavra pelos
milagres que a acompanhavam" (S. Marcos, XVI, 20). De que palavra se
trata? Evidentemente daquela que abrange tudo o que eles mesmos haviam
aprendido de seu Mestre; porque eles atestam publicamente e em plena luz
ser-lhes impossível calar o quer que seja de tudo o que viram e ouviram".
( Excertos da Enc. "SATIS COGNITUM" do Papa Leão XIII).
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