quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

ÚLTIMO DIA DO ANO

   Hoje, a Santa Madre Igreja concede Indulgência Plenária a todos aqueles que receberem a bênção do Santíssimo Sacramento e cantarem ou rezarem o "Te Deum Laudamus". As outras condições são: Não ter afeto ao pecado, rezar um Pai-Nosso e uma Ave Maria nas intenções do Santo Padre, o Papa, ter se confessado, e comungar. 
   É o dia de ação de graças a Deus pelos benefícios d'Ele recebidos durante o ano que vai findar. A gratidão é chave para recebermos mais dadivosos benefícios. Seja sincera e cordial a nossa ação de graças ao bom Deus!
   O último dia do ano obriga-nos também a um sério exame de consciência sobre o nosso passado próximo e remoto: atravessam a nossa memória as lembranças do tempo que passou, revemos os dias que já não nos pertencem a fim de sobre eles examinarmos a nossa consciência. O bem que fizemos no ano prestes a acabar alegra-nos e enche-nos de coragem; as infidelidades, pelo contrário, de que nos sentimos culpados, provoca-nos em nós o remorso e arrependemo-nos delas.
   O fim do ano proporciona-nos a ocasião de meditarmos sobre a fugacidade do tempo e sobre a vaidade das coisas. Verificamos que não é sempre agradável viver neste mundo e que, pelo contrário, a vida é muitas vezes bem desagradável a ponto de por vezes considerarmos uma sorte que o tempo passe em ritmo tão acelerado.
   O tempo se circunscreve apenas a um período da nossa vida, o mais breve, o da prova, durante o qual temos a liberdade de escolher e de determinar a nossa sorte futura, capitalizando ou não tesouros para a vida sem fim.
  Que arrependimento sentimos ao meditar: "Jamais se pode encher o vazio de um dia que se perdeu". Mas prefiro ficar com Santa Tereza d'Ávila que diz: "Porventura, Senhor, desamparastes o miserável ou afastastes o pobre mendigo quando se queria chegar a Vós? Porventura, Senhor, têm termos as Vossas grandezas ou as Vossas magnificas obras? Ó Deus meu e misericórdia minha! Como as podereis agora mostrar em vossa serva! Poderoso sois, ó meu Deus. Agora poder-se-á entender se minha alma se engana a si mesma, vendo o tempo que perdeu e como num instante Vós podeis, Senhor, fazer com que o torne a ganhar. Parece grande desatino, pois o tempo perdido, costumam dizer, não se pode tornar a recuperar. Bendito seja o meu Deus! Ó Senhor! Confesso o Vosso grande poder. Se sois poderoso, como sois, que há de impossível ao que tudo pode? Vós bem sabeis, meu Deus que no meio de todas as minhas misérias nunca deixei de conhecer o Vosso grande poder e misericórdia. Valha-me, Senhor, isto que não vos ofendi. Tende-o em conta. Recuperai, Deus meu, o tempo perdido, dando-me graça para o presente e para o porvir, para que apareça diante de Vós com vestes de boda. Se o quiserdes, podê-lo-eis". (Ex. 4).
   "Da minha parte, Senhor, não vejo melhor modo de recuperar o tempo perdido do que aplicar-me com todas as forças ao exercício do amor. Sim, o meu amor aumentará se eu souber cumprir por Vós todos os meus deveres e todas as minhas boas obras "com todo o coração ou seja, com toda a boa vontade".
   Caríssimos e amados leitores, vamos dizer a Jesus de todo coração: Já que é tão pouco o que posso fazer por Vós, ao menos que o faça com todo o amor de que me tornastes capaz.
   E terminemos com a ORAÇÃO DO ÚLTIMO DIA DO ANO:
   "Eis-nos chegados ao fim deste ano! Quantos benefícios não nos fizestes, ó Senhor, tanto à alma como ao corpo! Quem poderá jamais enumerá-los? Que ação de graças, pois não vos devemos dar hoje! Felizes de nós, se tivéssemos correspondido aos vossos benefícios. Mas ai! Sentimos que a consciência nos exproba a nossa ingratidão. Quantos pecados cometemos em todo este ano! Quantas virtudes deixamos de praticar! Que será de nós, ó Senhor, no dia em que nos chamardes a dar-vos contas? Com um coração cheio de reconhecimento e ao mesmo tempo traspassado de dor, nós vos damos as mais vivas e ardentes ações de graças e Vos pedimos humildemente perdão.
   Aceitai, Deus de bondade, este nosso ato: perdoai nossos pecados e dai-nos Vossa divina graça, para que comecemos e santamente acabemos o novo ano.
   Assim o propomos e assim o esperamos, confiados em vossa graça. Assim seja.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

UM NATAL E UM ANO NOVO DE 2021 SANTOS E FELIZES

 

FELIZ E SANTO NATAL

 "Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de que vós fôsseis ricos pela sua pobreza" (II Cor VIII, 9).

 Jesus Cristo é o Filho Eterno do Pai Eterno. É o Verbo de Deus. "Todas as coisas foram feitas por Ele" (Jo I, 2). Quem mais rico do que o Criador do Céu e da Terra? Não ganhou, mas CRIOU todas as riquezas, todo ouro e toda pedra preciosa. No entanto, quem mais pobre do que Jesus? Pobre por escolha: sendo o mais rico, QUIS ser o mais pobre: nasceu pobre, viveu mais pobre, morreu paupérrimo, e foi sepultado num túmulo emprestado. Mas, por que assim quis? Para nos dar a verdadeira riqueza que está no Céu, que é Deus, o Sumo Bem. Não procuremos os bens, mas o Bem, a fonte de todos os bens.

Hoje muitos pregam a Jesus, mas não o Jesus pobre, não o Jesus que disse: "Não podeis seguir a Deus e as riquezas", não o Jesus que é sempre o mesmo, mas um Jesus que deve ser adaptado aos tempos modernos onde o dinheiro seria a única solução, inclusive para a Igreja.

O Jesus verdadeiro não tinha dinheiro: teve que fazer um milagre para que Pedro recebesse da boca de um peixinho a moeda para pagar o tributo do seu Templo, da Casa de Seu Pai Eterno. O Jesus dos Evangelhos não espoliou suas ovelhas; deu sim sua vida por elas. Foi tratado por aqueles que veio resgatar, como um homem que não tinha direitos. Veio para servir e não para ser servido. Desceu do Seio do Pai Eterno, dos esplendores do Céu para buscar a ovelhinha tresmalhada da Humanidade pecadora. Atraiu-nos, não pela pompa, mas pela doçura, mansidão e humildade. "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt XI, 29).

 Depois do século X, "século de ferro", a humanidade estava em disputas pelo dinheiro e pelas honras. Muitas pessoas da Igreja também envolvidas pelas paixões da cobiça e da avareza. O crucifixo da capela de S. Damião em Assis, na Itália, milagrosamente falou a um jovem rico que abandonara tudo para seguir a Jesus pobre: "Vai, Francisco, ressoou a voz, restaura a minha Igreja que ameaça ruína!". E Francisco de Assis fê-lo fundando a Ordem dos Frades Menores e, com Santa Clara de Assis,  a Ordem feminina. E o fundamento da Regra de sua Ordem era a POBREZA EVANGÉLICA. 


Quem, por primeiro, teve a ideia de armar um presépio representando o mais fielmente possível o nascimento de Jesus, foi S. Francisco de Assis.

Menino Jesus, que quisestes nascer pobre, humilde e penitente, fazei o nosso coração semelhante ao vosso. SANTO ANO DE 202I, com toda riqueza espiritual que Jesus nos trouxe. Amém!

 

 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

POR QUE MARIA

 POR QUE MARIA?

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*

 

Ontem, dia 8, celebramos a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Dia 27 de novembro, tivemos a festa de Nossa Senhora das Graças e no próximo dia 12 festejaremos Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. Honramos assim aquela mulher predestinada, escolhida por Deus para dela nascer o seu Filho feito homem. Por isso, ela foi preservada do pecado original e cheia de graça, aquela graça perdida por Adão, para si e seus descendentes, recuperada pelo segundo Adão, Jesus Cristo, pela sua Redenção.

Deus havia prometido, no momento do pecado de Adão, que uma mulher com o seu filho, o futuro Salvador, venceria completamente o demônio. Não teria, pois, nenhum pecado. Não teria, em nenhum instante, a menor privação da graça divina. Por isso, essa mulher especial, Maria, escolhida para a Mãe do Redentor, foi saudada pelo Anjo mensageiro de Deus com as palavras: “Ave, ó cheia de graça (agraciada de modo especial) ..., bendita entre as mulheres”, ou seja, sem pecado (privação da graça). A Redenção de Cristo a atingiu, de modo preventivo, preservando-a, por privilégio único, do pecado que atinge a todos os homens.

A Imaculada Conceição de Maria tem muito a ver com o Brasil. Em 1646, o Rei Dom João IV consagrou a Nossa Senhora da Conceição Portugal e todos os seus domínios, nos quais estava incluído o Brasil. E a padroeira oficial do Brasil é Nossa Senhora da Conceição, vulgarmente chamada de Aparecida.

E Nossa Senhora de Guadalupe é honrada por nós de modo especial, por ter sido a primeira aparição dela aqui no Novo Mundo, ao índio São Juan Diego, no México.

Mas, por que honramos Maria, de modo tão especial?

“O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: ‘não há senão um Deus e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para redenção de todos’ (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece” (Lumen Gentium 60).

“A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade simultaneamente com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça” (Lumen Gentium 61).

 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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