LEITURA ESPIRITUAL - Dia 17 de abril
"É n'Ele (Jesus Cristo) que temos a redenção pelo seu sangue, a
remissão dos pecados, segundo as riquezas de sua graça, a qual derramou
abundantemente sobre nós, em toda sabedoria e prudência; a fim de nos tornar
conhecido o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que tinha
estabelecido consigo mesmo, de restaurar em Cristo todas as coisas..."
(Efésios I, 7-10).
"... A volta das nações ao respeito da majestade e da
soberania divina, por mais esforços, aliás, que façamos para realizá-lo, não
advirá senão por Jesus Cristo. De feito, o Apóstolo adverte-nos que ninguém
pode lançar outro fundamento senão aquele que foi lançado e que é a Cristo
Jesus (1 Cor III, 11). Só a ele foi que
o Pai santificou e enviou a este mundo (S. João X, 36), esplendor do Pai e
figura da sua substância (Heb. I, 3), verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sem o
qual ninguém pode conhecer a Deus como convém, pois ninguém pode conhecer a Deus
como convém, pois ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aquele a quem o
Filho quiser revelá-lo (S. Mateus XI, 27).
"Donde se segue que restaurar tudo em Cristo e
reconduzir os homens à obediência divina são uma só e mesma coisa. E é por isto
que o fito para o qual devem convergir todos os nossos esforços é reconduzir o
gênero humano ao império de Cristo. Feito isto, o homem achar-se-á, por isso
mesmo, reconduzido a Deus. Mas - queremos dizer - não um Deus inerte e
descuidoso das coisas humanas, como nos seus loucos devaneios o forjaram os
materialistas, senão um Deus vivo e verdadeiro, em três pessoas na unidade de
natureza, autor do mundo, estendendo a todas as coisas a sua infinita
Providência, enfim legislador justíssimo que pune os culpados e assegura às
virtudes a sua recompensa"
"Ora, onde está a via que nos dá acesso a Jesus Cristo?
Está debaixo dos nossos olhos: é a Igreja. Diz-no-lo com razão S. João
Crisóstomo: 'A Igreja é a tua esperança, a Igreja é a tua salvação, a Igreja é
o teu refúgio'. Foi para isso que Cristo a estabeleceu, depois de adquiri-la ao
preço do seu sangue; foi para isso que Ele lhe confiou a sua doutrina e os
tesouros da graça divina para a santificação e salvação dos homens".
... "Trata-se de reconduzir as sociedades humanas,
desgarradas longe da sabedoria de Cristo, reconduzi-las à obediência da Igreja;
a Igreja, por seu turno, submetê-las-á a Cristo, e Cristo a Deus. E, se pela
graça divina nos for dado realizar esta obra, termos a alegria de ver a
iniquidade ceder lugar à justiça, e folgaremos de ouvir uma grande voz dizendo
do alto dos céus: Agora é a salvação, e a virtude, e o reino de nosso Deus e o
poder de seu Cristo (Apocalipse XII, 10)."
"Todavia, para que o resultado corresponda aos nossos
votos, mister se faz, por todos os meios e à custa de todos os esforços,
desarraigar inteiramente essa detestável e monstruosa iniquidade própria do
tempo em que vivemos e pela qual o homem se substitui a Deus; restabelecer na
sua antiga dignidade as leis santíssimas e os conselhos do Evangelho; proclamar
bem alto as verdades ensinadas pela Igreja sobre a santidade do matrimônio,
sobre a educação da infância, sobre a posse e o uso dos bens temporais, sobre
os deveres dos que administram a coisa pública; restabelecer, enfim, o justo equilíbrio
entre as diversas classes da sociedade segundo as leis e as instituições
cristãs."
"Tais são os princípios que, para obedecer à divina
vontade, nós nos propomos aplicar durante todo o curso do Nosso Pontificado e
com toda a energia de nossa alma"
(...)
São Pio X indica, a seguir, os meios para formar em todos
Jesus Cristo e assim n'Ele restaurar todas as coisas: - Formar Cristo nos
sacerdotes; - Daí todo cuidado com os Seminaristas; -Cuidado com os novos
Sacerdotes; - Necessidade do ensino religioso; - Fazer tudo isto com caridade
cristã; É preciso que todos os fiéis colaborem.
Formar Cristo nos Sacerdotes.
"Que meios importa empregar para atingir um fim tão
elevado? Parece supérfluo indicá-los, tanto eles apresentam à mente por si
mesmos. Sejam os vossos [dos bispos] primeiros cuidados formar Cristo naqueles
que, pelo dever da sua vocação, são destinados a formá-lo nos outros. Queremos
falar dos sacerdotes, Veneráveis Irmãos. Porquanto todos aqueles que são
honrados com o sacerdócio devem saber que têm, entre os povos com que convivem,
a mesma missão que Paulo testava haver recebido, quando pronunciava esta ternas
palavras: 'Filhinhos, a quem eu gero de novo, até que Cristo se forme em vós'
(Gálatas IV, 19). Ora, como poderão eles cumprir um tal dever, se eles próprios
não forem primeiramente revestidos de Cristo? e revestidos até poderem dizer
com o Apóstolo: 'Vivo, já não eu, mas Cristo vive em mim' (Gal. II, 20). 'Para
mim, Cristo é a minha vida' (Filipenses I, 21). Por isso, embora todos os fiéis
devam aspirar ao estado de homem perfeito, à medida da idade da plenitude de
Cristo (Efésios IV, 3), essa obrigação incumbe principalmente àquele que exerce
o ministério sacerdotal. Por isto é ele chamado outro Cristo; não somente
porque participa do poder de Jesus Cristo, mas porque deve imitar-Lhe a imagem
em si mesmo".
"Se assim é, Veneráveis Irmãos, quão grande não deve
ser a vossa solicitude para formar o clero na santidade! Não há negócio que não
deva ceder o passo a este. E a consequência é que o melhor e o principal do
vosso zelo deve aplicar-se aos vossos Seminários, para introduzir neles uma tal
ordem e lhes assegurar um tal governo, que neles se veja florescerem lado a
lado a integridade do ensino e a santidade dos costumes. Fazei do Seminário as
delícias do vosso coração, e não descureis coisa alguma daquilo que, na sua
alta sabedoria, o Concílio de Trento, prescreveu para garantir a prosperidade
dessa instituição.
Em seguida São Pio X lembra aos bispos algumas advertências
das Sagradas Escrituras: 'Não imponhas precipitadamente as mãos a ninguém, e
não te faças participante dos pecados dos outros' (1 Timóteo, V, 22). 'Guarda o depósito, evitando as novidades
profanas na linguagem, tanto quanto as objeções de uma ciência falsa, cujos partidários
com todas as suas promessas faliram na fé' (1 Timóteo VI, 20 ss).
São Pio X conclui sua encíclica lembrando a misericórdia
divina: "Que Deus, rico em misericórdia (Ef. II, 4), apresse, na sua
bondade, essa renovação do gênero humano em Jesus Cristo, visto não ser isso
obra nem daquele que quer, nem daquele que corre, mas do Deus das
misericórdias' (Romanos IX, 16). (Este artigo são excertos da Encíclica "E
Supremi Apostolatus" - 1903).
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