LEITURA ESPIRITUAL Dia 15 de abril
"Não separe o homem o que Deus uniu" (S. Mateus XIX, 6)
Vou apenas transcrever alguns tópicos da Encíclica
"ARCANUM" de Leão XIII.
"Jesus Cristo, Nosso Senhor, elevou o matrimônio à
dignidade de sacramento e o matrimônio é o próprio contrato, se for celebrado
segundo o direito. A isto acresce que o matrimônio é um sacramento,
precisamente porque é um sinal sagrado que produz a graça e é a imagem da união
mística de Jesus Cristo com a Igreja. Ora, a forma e a imagem desta união
consistem precisamente no laço íntimo que une entre si o homem e a mulher e que
outra coisa não é senão o mesmo matrimônio. De onde resulta que entre os
cristãos todo o matrimônio legítimo é sacramento em si e por si, e que nada há
mais contrário à verdade do que considerar o sacramento como um ornamento
acessório ou como uma propriedade extrínseca, que a vontade do homem pode, por
consequência, desunir e separar a seu arbítrio" (...)
"É fácil ver quantos males tem produzido a profanação
do matrimônio, e com quantas calamidades ameaça no futuro a sociedade
toda" (...)
"Aqueles que negam que o matrimônio é sagrado e que,
depois de o haverem despojado de toda a santidade, o metem no número das coisas
profanas, subvertem os próprios fundamentos da natureza, contrariam os
desígnios da Providência divina e destroem, tanto quanto deles depende, o que
foi estabelecido por Deus sobre a terra" (...)
"Se se arrancar dos corações o santo e salutar temor de
Deus, arranca-se-lhes igualmente a consolação no meio dos cuidados e pesares da
vida, consolação que em nenhuma parte é maior e mais fecunda do que na Religião
cristã; e muitíssimas vezes sucede, como que por declive natural, que os
encargos e os deveres do matrimônio se antolham insuportáveis, e é grandíssimo
o número daqueles que, considerando dependentes da sua vontade e de um direito
puramente humano os laços que contraíram, experimentam desejos de quebrá-los,
logo que a incompatibilidade do caráter, ou a discórdia, ou a fé violada por um dos cônjuges, ou recíproco
consentimento, ou outras razões os persuadam de que lhes é necessário recuperar
a sua anterior liberdade. E se acaso a lei lhes proíbe que satisfaçam a
intemperança de tais desejos, então clamam que a lei é iníqua, desumana e
incompatível com o direito de cidadãos livres e que, por conseguinte,
derrogadas essas leis obsoletas, deve decretar-se, por meio de uma lei mais
suave e humana, a permissão do divórcio" (...)
"Concluem que é necessário contemporizar com a época e
outorgar a faculdade do divórcio" (...) "Muitos há neste tempo que
desejam renovar essas leis, porque querem expulsar a Deus, e arrancar a Igreja
do meio da sociedade humana, julgando estultamente que é em leis de tal
natureza que deve procurar-se o remédio para a corrupção crescente dos
costumes.
"Em verdade, é custoso ter necessidade de dizer quantas
consequências funestíssimas encerra em si o divórcio. Pelo divórcio as alianças
matrimoniais tornam-se instáveis, enfraquece-se o mútuo afeto, a infidelidade
recebe perniciosos incitamentos, ficam comprometidas a proteção e a educação
dos filhos, proporciona-se ocasião de se dissolverem as sociedades domésticas,
semeiam-se no seio das famílias os germes da discórdia, diminui-se e abate-se a
dignidade da mulher, porque corre o perigo de ser abandonada, depois de ter
servido às paixões do homem. - E como nada contribui mais para arruinar as
famílias e para enfraquecer os Estados do que a corrupção dos costumes, fácil é
de reconhecer que o divórcio é, sobretudo, o inimigo da prosperidade das
famílias e dos povos, visto que, sendo a consequência dos costumes depravados,
abre a porta, como a experiência o demonstra, a uma depravação, ainda mais
profunda, dos costumes particulares e públicos. - Todos reconhecerão que estes
males serão ainda muito maiores, se refletirem que, desde o momento em que o
divórcio haja sido autorizado, não haverá freios bastantemente fortes para o
manter dentro de limites fixos, que a princípio pudessem ser-lhe assinalados. -
É muito grande a força do exemplo, maior ainda a das paixões; e, graças a estes
incitamentos, forçosamente deve suceder que, tornando-se cada dia mais geral e
profundo o desejo infrene do divórcio, invada maior número de almas como uma
doença que se propaga pelo contágio, ou à maneira das águas acumuladas que,
tendo triunfado dos diques que as sustinham, irrompem por todas as partes"
(...)
"E, para dizer tudo em poucas palavras, será certa a
constância tranquila e pacífica dos casamentos, se os cônjuges nutrirem o seu
espírito e a sua vida das virtudes da religião, que torna a alma valente e
forte, que faz que os defeitos, se neles existem, a divergência de costumes e
de caráter, o peso dos cuidados maternos, a ativa e laboriosa solicitude pela
educação dos filhos, as fadigas companheiras da vida e adversidades sejam
suportadas não só com paciência, mas ainda de bom grado". (Excertos da
Encíclica "ARCANUM" do Papa Leão XIII).
Diz a Bíblia Sagrada
que Judite foi uma mulher santa e temente a Deus. Foi santa antes do casamento,
santa no casamento, deixando inclusive uma família numerosa, santa depois
quando viúva. Vivia em oração com suas criadas, trazia um cilício sobre os seus
rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, nas neomênias e
nas festas da casa de Israel. Tinha muito temor de Deus e não havia
ninguém que dissesse dela uma palavra em
desfavor. (Cf. Judite VIII). Caríssimos, meditemos em algumas palavras onde
Judite invoca a misericórdia de Deus: "Que palavra é esta, com a qual
concordou Ozias [o rei], de entregar a cidade aos assírios, se dentro de cinco
dias vos não viesse socorro? E quem sois vós, que tentais o Senhor? Não é esta
uma palavra que excite a sua misericórdia, mas antes provoca a ira e acende o
furor. Vós fixastes um prazo à misericórdia do Senhor e ao vosso arbítrio lhe
assinastes o dia. Mas, porque o Senhor é paciente, arrependamo-nos disto mesmo,
e derramando lágrimas, imploremos a sua misericórdia; porque Deus não ameaça
como os homens, nem ele se inflama em ira como os filhos dos homens. Por isso
humilhemos diante dele as nossas almas e postos num espírito de humildade, como
seus servos, digamos ao Senhor com lágrimas, que use conosco da sua
misericórdia segundo a sua vontade" (Judite, VIII, 10-16).
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