LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
7ª bem-aventurança
12º dia
12º dia
"Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de
Deus".
São pacíficos os justos mais adiantados na vida interior. Em
suas almas reina a ordem, pois suas vontades estão inteiramente identificadas
com a vontade de Deus. Portanto, vivem sem pecado e, consequentemente vivem em
ordem: os sentidos submissos à vontade. a vontade submissa à razão e esta
submissa a Deus. Assim sendo, estes justos gozam da verdadeira paz de Nosso
Senhor Jesus Cristo. São verdadeiros filhos de Deus, participam da natureza
divina pela graça santificante: "consortes
divinae naturae". Neles reinam a ordem e a tranquilidade e portanto, a
paz. Pois, segundo a definição de Santo Agostinho "a paz é a tranquilidade
da ordem". Quem vive na graça de Deus está sempre alegre, é amável, é sempre sereno, seu trato e conversação são
agradáveis. Diz o Divino Espírito Santo: "Gozam
de muita paz os que amam a tua lei" (Salmo 118, 165). Basta lermos a vida dos verdadeiros santos da
Santa Madre Igreja!
Por outro lado não há paz para os pecadores, que perderam a
filiação divina pelo pecado mortal. "Não
há paz para os ímpios, diz o Senhor" (Isaías, 48, 22). Mas
perguntar-se-á: a Sagrada Escritura diz que: "Não há homem que não peque". Sim, mas se trata de
perturbações leves e que não perduram por muito tempo em seus corações. Estão
frequentemente fazendo atos de amor perfeito a Deus.
Pelo que acabamos de explicar, não temos dificuldade em
entender que esta paz de Cristo reinante nos corações desapegados de si mesmos,
de toda avareza, de toda ira e de toda impureza, é um sinal altíssimo de
predestinação, porque sendo filhos, também são herdeiros da vida eterna. "São chamados filhos de Deus"
porque se comportam como filhos. Os servos, os mercenários não servem seus
patrões como filhos, mas só pensando no seu salário. Os filhos, porém, se
submetem ao pai por amor e com reverência. Deixam-se governar por Deus
tranquilamente, segundo a sua santíssima vontade. "Aqueles que são movidos pelo espírito de Deus são filhos de
Deus" (Rom. VIII, 14). Qual a prova insofismável de que alguém é e
vive como filho de Deus? É o abandono total e tranquilo nas mãos de Deus.
Por que Jesus Cristo colocou esta bem-aventurança depois da
pureza de coração? A razão é: primeiramente é preciso purificar o coração e
depois uni-lo a Deus. Esta união com Deus é a paz. Assim, a pureza é a disposição
para ver a Deus; a união é a disposição para amar a Deus. Há uma passagem de
São Tiago que resume isso: "Aquela
sabedoria que vem do alto primeiramente é pura e depois pacífica" (S.
Tiago III, 17). Se interiormente estamos na tranquilidade da ordem, isto é, na
verdadeira paz, somos pacíficos. Isto não exclui que "pacífico" possa
ser entendido também no sentido de " aquele que transmite paz ao
próximo". Não resta dúvida. Mas, mesmo que alguém que esteja na paz da
graça, viva solitário como eremita, não deixa de estar incluído nesta
bem-aventurança e até, devemos dizer, que este é o principal sentido das palavras
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A esta bem-aventurança corresponde o dom da sabedoria. Daí
devemos pedir sempre ao divino Espírito Santo este dom. Porque ele não vem do
estudo, da sagacidade, mas é infundido pelo Espírito Santo. Uma camponesa sem
estudo, mas que reza com humildade, fé e confiança poderá possuir esta
sabedoria mais do que um erudito, sem ou de menos oração.
Caríssimos, peçamos, portanto, a Deus que nos ilumine, que
nos ensine em todas as coisas para que, com este dom da sabedoria, possamos
chegar a manter sempre a boa ordem em nossa alma, no nosso interior, de modo
que em todas as coisas nos mantenhamos sempre sujeitos a Deus e assim gozemos
da verdadeira paz que sobrepuja todo entendimento humano, porque é penhor da
posse do Reino eterno da Paz. Amém!
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