terça-feira, 11 de junho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS E A SEXTA BEM-AVENTURANÇA

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
11º dia

"Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus".

Primeiramente é necessário entender bem o que vem a ser os puros de coração. É evidente que "coração" aqui é tomado no sentido figurado ou metafórico. Puros de coração são aqueles que chegam a ter puras as três potências da alma: inteligência, memória e vontade. Quando se tira destas três potências tudo que no seu gênero as torna menos puras, ou menos sinceras, então podemos dizer que o coração é puro. A inteligência deve ser depurada de toda doutrina falsa, de todos os maus juízos. A memória deve ser purificada esquecendo tudo aquilo que, recordando, afasta a alma de Deus. A vontade deverá purificar-se não só das culpas, mesmo leves, mas também do afeto a elas. Além disso, devem ser banidas as intenções não retas de agradar a outrem que não a Deus só; devem ser rejeitados os prazeres carnais, os apetites do corpo, e finalmente, os movimentos inadvertidos que os sentidos rebeldes estão prontos a depreciar. A Sagrada Escritura diz: "Purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, levando a bom termo a obra de nossa santificação no temor de Deus" (2 Cor. VII, 1). Mas alguém pode objetar o que diz o Espírito Santo: "Quem pode dizer: o meu coração esta sem mancha?" Certamente, mas também ninguém neste mundo pode chegar a amar a Deus de todo o seu coração, e todavia todos temos este mandamento: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração" (S. Mateus, XXII, 37). Também ninguém pode chegar a ter a perfeição de Deus, e no entanto, Jesus disse: "Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito". Nosso Senhor coloca diante de nossos olhos um ideal verdadeiramente inatingível, para a gente se esforçar por avançar o mais que puder: "Quem é santo, santifique-se ainda, quem é justo justifique-se ainda" (Apocalipse XXII, 11)   Assim, quanto mais nos aproximarmos da pureza infinita que é Deus, mais seremos bem-aventurados e melhor veremos a Deus.

Por isso esta pureza de coração, isto é, no intelecto, na memória e na vontade, é sinal imediato de predestinação. É de fé que o homem peregrino e viajor neste vale de lágrimas não pode ver a Deus, senão imperfeitamente, como num enigma: "O homem não pode ver-Me e ficar vivo" (Êxodo XXXIII, 20). A plenitude da visão de Deus só se gozará toda no céu. E é neste sentido que Jesus Cristo proclamou esta sexta bem-aventurança: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus". Até o verbo no futuro - verão - é um indicativo disto.

E como chegar a consecução desta pureza que habilita a pessoa a ver a Deus? A limpeza do coração se faz com o exame frequente do mal cometido e com o arrependimento e propósito firme e eficaz. Depois é mister fazer obras de penitência ou satisfação. Finalmente, aproximar-se com estas devidas disposições, dos sacramentos da confissão e da comunhão. É óbvio que tudo isto será valioso com a fé, segundo diz São Paulo: "A fé que purifica seus corações" (Atos, XV, 9). O mérito da fé consiste em crer firmemente no que não se vê, assim a sua recompensa correspondente será ver claramente aquilo em que se creu firmemente.

Ficando o homem bem disposto com as bem-aventuranças precedentes, estará preparado para aproximar-se de Deus. Jesus exigindo a pureza como condição para merecer ver a Deus, está advertindo que não basta ter o coração terno. É preciso também tê-lo puro. É necessária diante de Deus uma plena pureza interior, e não somente uma pureza de superfície qual era a dos fariseus.  Mas já não foi citado Tobias, XII, 9: "A esmola purifica dos pecados"? Sim! Mas uma coisa é fazer esmola para alcançar de Deus a graça de sair do pecado, outra coisa bem diferente, é fazê-la com o fim de permanecer na lama até o fim e depois pretender salvar-se. Isso significaria que a pessoa com a esmola estivesse querendo fomentar a vida de pecado.

O dom da inteligência corresponde a esta bem-aventurança. Se o homem animal não pode compreender as coisas de Deus, o homem puro de coração, ao contrário, recebe de Deus uma luz especial sobretudo para entender bem as Sagradas Escrituras e dar-lhe a legítima interpretação. O Espírito Santo não quer infundir o sentido das Escrituras em um coração impuro. Daí vemos que os santos doutores da Igreja, se distinguiam por uma grande pureza e ao mesmo tempo tinham um dom todo especial para entender os textos sagrados. Amém!


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