LEITURA ESPIRITUAL
MEDITADA
12º dia de junho
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus".
Esta bem-aventurança vem por último porque, na verdade, é a
pedra de toque das demais. É o crisol de toda virtude. O sofrimento suportado
por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo é a prova insofismável da verdadeira
santidade. Ser zombado e insultado, caluniado e até conduzido à morte,
justamente por querer comportar-se como autêntico cristão inteiramente fiel a
Nosso Senhor Jesus Cristo, é o testemunho do verdadeiro amor ao divino
Salvador, que foi perseguido, alvo de contradição e deu a vida por nosso amor. "Sofrer
perseguição" é segundo mostra Jesus,
algo violento que pretende tirar-nos a paz, os bens, a reputação e até a
vida. E com esta particularidade que mais assusta a nossa natureza: não é algo
que passa, mas que nos segue diuturnamente e com tenacidade. O ouro das
virtudes não é jogado no crisol e logo tirado, mas deve permanecer aí até ao
fim para só assim sair puríssimo e esplendidamente reluzente. "Tu me provaste com o fogo e não foi
encontrada em mim iniquidade" (Salmo 16, 3). "Todos os que querem viver piamente em Jesus Cristo, padecerão
perseguição' (2 Timóteo III, 12).
Esta bem-aventurança pressupõe em nós todos os méritos das
sete bem-aventuranças precedentes e, outrossim, pressupõe todos os seus
prêmios. Já houve milagres da graça pelos quais pessoas que estavam na
idolatria passaram imediatamente para o martírio cristão e foram logo para o
céu. Mas ordinariamente não acontece assim: para se tolerar com paciência
alguma grave perseguição, se exige uma longa prática de todas as virtudes como
Nosso Senhor mostrou nas bem-aventuranças anteriores, e é a
"justiça", ou seja, o compêndio de todas as virtudes. Como na
primeira bem-aventurança, também aqui Jesus diz: "porque deles é o reino
dos céus". Assim, quem é perseguido por seguir a Jesus Cristo com
fidelidade, é julgado no céu como quem é dono de um reino, mas que ainda não
tomou posse dele. Por isso que Jesus também disse alhures: "Aquele que perseverar até ao fim, este será salvo". Não podemos descer da cruz. Para tanto, Nosso
Divino Mestre está sempre nos apresentando o seu Coração coroado de espinhos.
Não há um só que nos fira e que, antes, já não O haja amargurado. Caríssimos, é
mister ter sempre em mente o mistério profundo da Cruz. É esta a lembrança que
nos traz contentamento nas perseguições como, de si mesmo, atesta São Paulo.
Contemplemos sempre na Cruz o Coração transpassado de Jesus, coração assim por
primeiro contemplado e adorado pela Mãe das Dores e pelo discípulo mais amado.
Enquanto, com relação às outras bem-aventuranças, a cada uma
corresponde um dom do Espírito Santo, a esta última correspondem todos os dons
do Espírito Santo. Correspondem-lhe: o dom do Temor de Deus, pois, é a primeira
armadura contra qualquer perseguição; o dom da Piedade, porque ele dá a
reverência, o amor filial; o dom da Ciência, porque esta nos faz conhecer o
sumo bem que há em permanecer firme
durante a perseguição. A ciência mostra-nos, também, o mal que há em
fugir das perseguições; o dom da Fortaleza, que nos dá a coragem necessária
para desprezar a perseguição; o dom do Conselho, porque nos faz escolher os
meios mais seguros para conseguirmos a vitória contra nossos perseguidores que
são insuflados pelo demônio; o dom da Inteligência que nos ilumina para
sabermos orar pedindo o socorro divino, a assistência de Jesus e de Nossa
Senhora; o dom da Sabedoria, porque ela nos faz agir nas perseguições com
aquela segurança que é própria de um comandante experimentado, aguerrido e
destemido.
Caríssimos, vede como é importante pedir sempre a Deus Nosso
Senhor as virtudes e também os sete dons do Espírito Santo. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário