segunda-feira, 1 de junho de 2020

COMO AUMENTAR A GRAÇA SANTIFICANTE



"Quando fazes alguma coisa boa, diz Santo Agostinho, faze-a por amor da vida eterna. Se por isso a fazes, estás seguro, porque assim o mandou Deus". Aqui na terra os eleitos começaram a amar merecendo, e lá no Céu continuaram a amar eternamente amando por prêmio.

A primeira causa capaz de aumentar os nossos méritos é o GRAU DE UNIÃO COM DEUS. Como sabemos, pelo Batismo o homem é realmente incorporado em Cristo; ora, sendo Ele a fonte de todos os nossos méritos, quanto mais intima, habitual e atualmente estivermos unidos a Ele, mais mereceremos. "Eu sou a videira, disse Jesus, e vós os ramos... Aquele que permanece em mim e eu nele dá muito fruto" (S. João, XV, 1-6). É por isso que a Santa Igreja nos exorta que pratiquemos as nossas ações por Ele, com Ele e n'Ele. POR ELE, porque ninguém vai ao Pai sem passar por Ele (S. João XVI, 6); COM ELE, porque sem Ele não podemos nada, e Ele quer ser o nosso colaborador; N'ELE, isto é, na sua virtude e sobretudo segundo as suas intenções. Assim fazendo, podemos dizer com S. Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu quem vive,é Cristo que vive em mim" (Gal. II, 20). Na vida prática, o cristão deve unir-se frequentemente, sobretudo no começo dos atos que vai praticar, a Jesus Cristo e às suas intenções, com a plena consciência de que é incapaz de fazer qualquer coisa de bom por si mesmo e uma indefectível confiança de que Ele pode remediar a sua fraqueza.

O segundo meio para aumentar a graça santificante é a PUREZA DE INTENÇÃO, isto é, a PERFEIÇÃO DO MOTIVO que nos leva a agir. Assim, como a caridade é a rainha e a forma de todas as virtudes, toda a ação inspirada pelo amor de Deus e do próximo tem mais mérito do que se for inspirada apenas pelo temor ou pela esperança. Portanto, todas as nossas ações, até as mais comuns como as refeições e recreios honestos e moderados, podem tornar-se atos de caridade e participar do valor dessa virtude, sem perderem o seu valor próprio. Demos um exemplo: comer para restaurar as forças é um motivo digno e meritório; mas refazer as forças para melhor trabalhar por Deus e pelas almas é um motivo de caridade muito superior, que lhe confere um valor meritório muito maior. Contudo não deve haver inquietação de espírito: os autores espirituais aconselham que aceitemos as intenções que se nos apresentarem espontaneamente e subordiná-las à caridade divina. Mas como a vontade humana é inconstante, é mister explicitar e atualizar frequentemente estas  nossas intenções sobrenaturais. Pois, pode acontecer que a gente comece merecendo muito, e durante a execução da obra, chegue a perder, pelo menos, uma parte de seu merecimento. O Santo Cura d"Ars dizia que, quando sentimos que o fervor está diminuindo e se desviando, devemos fazer oração jaculatória. Por ex.: MEU JESUS, TUDO POR VOSSO AMOR; MEU PAI DO CÉU, EU VOS AMO.

Daí o terceiro meio para aumentar a graça santificante: A INTENSIDADE DO AMOR, isto é, O FERVOR com que se age. Não basta fazer o bem, é preciso evitar a indolência, o pouco esforço, a negligência. E pode até acontecer de haver pecados veniais nestas negligências. Com certeza, uma obra boa mas feita com indolência trará pouco merecimento para a alma. Pelo contrário, se oramos, trabalhamos e nos sacrificamos COM TODO CORAÇÃO, cada uma das nossas ações merece um grau apreciável de graça habitual. Caríssimos, como vale a pena renovar frequentemente os esforços, com energia e perseverança!

A DIFICULDADE DO ATO, não em si mesma mas porque exige mais amor de Deus, despende um esforço mais enérgico e mais demorado, e enquanto não provém de uma imperfeição atual da vontade, também aumenta o mérito da alma. Devemos prestar atenção no seguinte: adquire-se uma virtude com atos repetidos desta virtude e aí torna-se fácil agir assim. No entanto, isto não diminui o mérito. Essa facilidade, quando dela nos servirmos para continuar e até aumentar o esforço sobrenatural, favorece o FERVOR do ato, e por conseguinte, aumenta, outrossim o mérito. Assim os santos que, pela prática das virtudes, fazem mais facilmente que os outros, atos por exemplo de humildade, de obediência e de religião, não têm menos mérito, pois praticam mais fácil e frequentemente o amor de Deus, e por outro lado, continuam a fazer esforços, sacrifícios, sempre que sejam necessários. A dificuldade aumenta o mérito, mas na medida em que suscita mais entusiasmo e amor.

Devemos ter sempre em mente que ser santo, é ocupar-se tranquilamente em cumprir os deveres do seu estado, para agradar a Jesus, é suportar por seu amor as penas da vida e deixar-Lhe plena liberdade para dispor a seu grado da alma e do corpo, da saúde e de todos os bens. Jesus pede o nosso coração, ou seja, quer o nosso amor. Amando-O, tudo está bem. Genoveva e Pascoal Bailão eram pastores, mas amavam a Jesus e eram santos. Isidoro era um lavrador, Zita uma criada. Crispim um sapateiro, Bento Labre um mendigo. Que importa? Não tinham senão um emprego: amavam a Jesus com o máximo fervor e esqueciam-se de si mesmos.

Devemos santificar todas e cada uma das nossas ações, mesmo as mais comuns. Quanto progresso na santidade podemos fazer num só dia! Não há meio mais eficaz, mais prático, e mais ao alcance de todos para se santificarem do que sobrenaturalizar todas as ações, com estes três meios de que acabamos de falar: recolhermo-nos um momento antes de agir, renunciarmos positivamente a toda a intenção natural ou má, unirmo-nos, incorporarmo-nos em Cristo e oferecermos por Ele a nossa ação a Deus para sua glória e bem das almas. Ponhamos em prática o conselho do Espírito Santo por boca de S. João Apóstolo no Apocalipse, XXII, 11: "Aquele que é justo se torne mais justo ainda; e aquele que é santo se santifique ainda mais". É assim que juntamos um tesouro no Céu, que o ladrão não rouba, a traça não rói e nem a ferrugem consome. Amém!

Um comentário:

  1. Que esclarecedor!! Quando li sobre o fervor,a intensidade do amor com que se age,me veio uma dúvida: Como rezar com fervor? E como rezar quando se está sem vontade sem ser indiferente e tíbia? Sofro muito com uma certa tibieza na oração,e por vezes refaço-as pedindo perdão a Deus por me achar tão fria...sei que a oração não é sobre sentir,ainda mais na onda de sentimentalismos que o mundo está hoje,creio que nós leigos carecemos de explicação a respeito de como rezar bem ,ao contrário dos arrobos espirituais e sentimentos que alguns movimentos pregam... Vossa benção padre!

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