Quadro nº 18 - A graça santificante |
EXPLICAÇÃO DO QUADRO: Este quadro nos oferece no alto, à direita, um modelo admirável de fidelidade à graça atual na pessoa de Saulo. Converteu-se, foi perdoado e recebeu a graça santificante, pela gual, de perseguidor da Igreja, tornou-se um santo. São Paulo pôde dizer: "Vivo, mas não sou eu que vivo, é Jesus Cristo que vive em mim".
Vemos no alto, à esquerda, Nosso Senhor Jesus Cristo sentado à beira do poço de Jacó e dizendo à Samaritana: "Óh! se conhecesses o dom de Deus"! Este dom de Deus que está acima de todos os bens deste mundo, não é outro senão a graça.
A alma no estado de graça é representada no meio deste quadro por uma virgem revestida da veste da inocência e tendo um lírio na mão; ela olha o céu e traz o Espírito Santo em seu coração, segundo esta palavra de São Paulo: "Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós"? Ela está na luz, porque a graça é luz.
A alma em estado de pecado mortal é representada em baixo à direita, por uma moça mergulhada nas trevas, revestida de hábitos de luto e acorrentada pelo demônio que reina com autoridade de dono em seu triste coração. Seu semblante respira pavor e tristeza. Está cercada de animais ferozes e de répteis venenosos e repelentes, símbolos que são dos vícios capitais.
Em baixo, à esquerda, vemos Judas Iscariotes traíndo Jesus com um beijo. Jesus, momentos antes, havia dito que o Iscariotes não estava limpo porque estava com o demônio, portanto sem a graça de Deus. Ali no horto das Oliveiras, Jesus, poucos minutos antes de ser preso, disse: "Esta é a hora do poder das trevas". Nada mais triste do que o pecado mortal: o pecador, de filho de Deus passa a ser escravo do demônio. De herdeiro do Paraíso, passa a ser merecedor do inferno.
Esta é a explicação do quadro catequético. Vamos dar agora a explicação da DEFINIÇÃO de graça santificante, também chamada habitual.
Que é graça santificante ou habitual?
Graça santificante, também chamada graça habitual é um dom de Deus, sobrenatural e gratuito, inerente à nossa alma, conferido pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo para fazer-nos justos e filhos adotivos de Deus, participantes de Sua natureza divina, capazes de realizar obras sobrenaturais e meritórias e de nos tornar herdeiros do Paraíso.
EXPLICAÇÃO DOS TÊRMOS DA DEFINIÇÃO: Santificante: porque torna a alma justa e santa aos olhos de Deus.
Habitual: porque ela permanece na alma. Por isso é chamada estado de graça. A pessoa só perde a graça cometendo pecado mortal. É chamada também a vida da alma. Mesmo a pessoa estando dormindo, a graça habitual ou santificante permanece na alma. Portanto, é diferente da graça atual que é um auxílio de Deus essencialmente transitório.
Um dom de Deus: não há nenhuma exigência da parte de nossa natureza. Deus concede a graça santificante às almas por Sua bondade e liberalidade infinitas. Só temos a capacidade de recebê-la; o que os irracionais não têm. Mas esta capacidade chamada obediencial também nos foi dada por Deus. Por isso, também, é chamado um dom gratuito.
Sobrenatural: é um dom que excede toda natureza criada ou criável e que, portanto, só pode ser comunicada por Deus. Como vamos ver a seguir, a graça santificante é uma participação real, embora limitada e acidental da própria natureza de Deus. E a vida de Deus está acima de toda natureza, por mais perfeitas que sejam, como a natureza humana e a natureza angélica. A graça santificante diviniza a nossa alma; e o homem não tem direito algum ou exigência a sua divinização.
Inerente à nossa alma: Assim como a vida não é alguma coisa externa adicionada ao corpo, mas é unida intrinsicamente ao corpo assim também a graça não é algo adicionado apenas extrinsicamente à alma mas é uma qualidade permanente que dá a vida a nossa alma. É vida divina, sobrenatural. Vamos entender isto melhor quando falarmos da justificação.
Conferido pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo: porque Jesus Cristo é a única fonte da graça de tal modo que não se pode separar Jesus Cristo da graça. O homem não se volta para Deus senão por meio do Homem-Deus, único mediador entre Deus e o homem. Unidos a Jesus, participamos da Sua vida divina. Nossa união com Ele mediante a graça é o princípio e o meio de nossa transformação em Deus. A graça é laço que deve unir cada um de nós ao Nosso Jesus.
Para fazer-nos justos: quer dizer que Deus faz a justiça aparecer onde ela não estava. Justificação, portanto, é um ato divino pelo qual são remetidos os pecados, original e atuais se for o caso, e que traz os pecadores do estado de culpa ao estado de graça e de justiça. Jesus não cobriu apenas os nossos pecados, mas os lavou inteiramente com o Seu sangue divino. É precisamente o que São João Batista disse de Jesus: "Eis o cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo".
Para fazer-nos filho adotivos de Deus: Jeus Cristo unindo-nos a ele e nos fazendo participantes da natureza de Deus, nos eleva à diginidade de filhos adotivos de Deus. Mas a adoção feita pelos homens é uma ficção não é uma realidade. Em outras palavras: o pai adotivo transmite o seu nome e os seus bens, porque é uma lei passada no cartório, mas o filho adotivo não recebe dos seus pais adotivos o seu sangue e a sua vida. É como se fosse filho. A graça da adoção divina não é uma ficção; é uma realidade. Não só somos chamados como se fôssemos filhos de Deus, mas somos realmente filhos de Deus. Recebemos pela graça santificante uma participação da própria natureza de Deus. E é uma participação real, embora limitada e acidental da própria vida de Deus. Deus fêz o homem à sua imagem e semelhança. Pela queda o homem perdeu tudo. Mas, Nosso Divino Redentor restituíu-nos tudo de novo. E onde abundou o pecado, superabundou a graça.
Participantes de Sua natureza divina: Logo acima, acabamos de explicar um pouco. Vamos continuar a explicação, porque é algo extremamente sublime. Aqui está, pois, toda a verdadeira dignidade do homem. Na verdade, a graça santificante é uma vida nova, não igual , mas semelhante à vida de Deus, o que, segundo o testemunho da Santa Bíblia, supõe uma nova geração ou regeneração: "Quem não renascer por meio da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus" (S.João, III, 5). Por isso o batismo é chamado o sacramento da regeneração, pois ele faz-nos nascer para a vida da graça, para a vida divina (Tim. III, 5).
Capazes de realizar obras sobrenaturais e meritórias: isto porque as ações do homem em estado de graça não constituem uma atividade puramente humana, mas uma atividade divinizada. "Os dons mais extraordinários, diz o beato D. Marmion, os talentos mais caros, as empresas mais generosas, as maiores ações, os esforços mais consideráveis, os sofrimentos mais profundos, carecem de todo mérito para a vida eterna, sem a caridade, isto é, sem a amor sobrenatural que nasce da graça santificante como a flor do galho". Devemos observar ainda, que a vida da graça, embora distinta da vida natural, não se lhe sobrepõe simplesmente; penetra-a totalmente, transformando-a, elevando-a e tornando-a deiforme, isto é, semelhante à vida de Deus. Com efeito, ela assimila tudo o que há de bom na nossa natureza - educação, hábitos bons adquiridos, etc.--; aperfeiçoa e sobrenaturaliza todos estes elementos, orientando-os para Deus.
De nos tornar herdeiros do Paraíso: Por tudo o que já dissemos sobre a graça, fica mais fácil compreendermos como a graça, elevando-nos a ordem sobrenatural nesta vida, nos dá a possibilidade de conseguirmos a vida eterna ou o Paraíso na outra. As Sagradas Escrituras nunca separam nossa adoção divina de nosso destino, a herança de Deus e Sua visão face à face no Paraíso. A graça habitual é, no fundo, da mesma natureza que a glória do céu. É, dizem os Santos Padres, um antegozo da felicidade do céu, a aurora da visão beatífica, o botão que já contém a flor, posto que esta só desabroche mais tarde. A graça é semelhante às lâmpadas acesas, escondidas em vasos de barro, que Gedeão deu aos seus trezentos valentes na batalha contra os Madianitas. Quando no silêncio da noite quebrou-se o vaso, o inimigo foi desbaratado e posto em fuga. Assim também nós. Quando nosso corpo, frágil vaso de barro, se quebrar na noite da morte, brilhará a lâmpada de nossa alma, acendida com os resplendores da graça de Deus. O demônio será derrotado e como os valentes de Gedeão, cantaremos a vitória, que é toda de Deus.
Por que dizemos que a participação da vida divina pela graça, é acidental e não substancial? Resposta: É para distigui-la da geração do Verbo, que recebe toda a substância do Pai. Também para distingui-la da união hipostática, que é uma união substancial da natureza humana e da natureza divina na única Pessoa do Verbo. Nós, efetivamente, conservamos a nossa personalidade.
Por se tratar de algo tão sublime e profundo, os Santos Padres lançam mão de comparações para nos fazerem compreender esta divina semelhança:
1ª - A nossa alma, dizem, é uma imagem viva da Santíssima Trindade, uma espécie de retrato em miniatura, pois que o próprio Espírito Santo se vem imprimir em nós, como um sinete sobre cera branda, e assim nela deixa a sua divina semelhança. Daqui concluem que a alma em estado de graça é duma beleza arrebatadora, pois que o artista, que nela pinta esta imagem, é infinitamente perfeito, visto ser o próprio Deus.
2ª - Comparam ainda a nossa alma a esses corpos transparentes que, recebendo a luz do sol, são como penetrados por ele e adquirem um brilho incomparável que em seguida difundem em torno; assim a nossa alma, semelhante a um globo de cristal iluminado pelo sol, recebe a luz divina, resplandece com vivíssimo clarão e o reflete sobre os objetos que a rodeiam.
3ª - Para mostrarem que a semelhança com Deus não fica à superfície, senão que penetra até o mais íntimo da nossa alma, recorrem à comparação do ferro e do fogo. Assim como, dizem eles, uma barra de ferro, metida em uma fornalha ardente, adquire bem depressa o brilho, o calor e a maleabilidade do fogo, assim a nossa alma, mergulhada na fornalha do amor divino, ali se desembaraça das escórias e ferrugens, tornando-se brilhante, ardente e dócil às inspirações divinas.
4ª - Querendo exprimir a idéia de que a graça é uma vida nova, comparam-na a um enxerto divino, inserido na árvore silvestre da nossa naturaza, o qual se combina com a nossa alma para nela constituir um princípio vital novo, e, por isso mesmo, uma vida muito superior. Mas, assim como o enxerto não confere à árvore selvagem toda a vida da árvore boa enxertada, senão tão somente uma ou outra das suas propriedades vitais, assim a graça santificante não nos dá toda a natureza de Deus, mas alguma coisa da Sua vida, que constitui para nós uma vida nova; participamos, pois, da vida divina, mas não a possuímos na sua plenitude.
Para completar, faremos mais alguns esclarecimentos:
Como se pode adquirir, aumentar ou perder a graça santificante?
1º - Adquire-se pela primeira vez a graça santificante no batismo. Quando a temos perdido por nossas culpas, recupera-se por meio do sacramento da penitência ou pelo ato de contrição perfeita. Conserva-se observando fielmente a lei de Deus e fugindo do pecado mortal.
2º - Aumenta-se a graça santificante pela oração, as boas obras, e especialmente a participação dos sacramentos que recebemos com as dividas disposições. Sempre pode crescer mais e mais; é neste sentido que o Espírito Santo falou: "A senda do justo, qual uma luz pura, eleva-se e alumia sempre mais, até chegar ao dia claro e perfeito" (Prov. IV, 18). No Apocalípse diz: "Quem é justo, justifique-se ainda; quem é santo, santifique-se ainda" (XXII, 11).
3º - A graça santificante perde-se pelo pecado mortal, e um único basta para nos arrebatar este tesouro e também todo o mérito de nossas boas obras anteriores. Se, porém, a alma culpada recuperar a graça santificante, seus méritos passados tornam a viver; mas as obras feitas no estado de pecado ficam inúteis para o céu.
Que é graça santificante ou habitual?
Graça santificante, também chamada graça habitual é um dom de Deus, sobrenatural e gratuito, inerente à nossa alma, conferido pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo para fazer-nos justos e filhos adotivos de Deus, participantes de Sua natureza divina, capazes de realizar obras sobrenaturais e meritórias e de nos tornar herdeiros do Paraíso.
EXPLICAÇÃO DOS TÊRMOS DA DEFINIÇÃO: Santificante: porque torna a alma justa e santa aos olhos de Deus.
Habitual: porque ela permanece na alma. Por isso é chamada estado de graça. A pessoa só perde a graça cometendo pecado mortal. É chamada também a vida da alma. Mesmo a pessoa estando dormindo, a graça habitual ou santificante permanece na alma. Portanto, é diferente da graça atual que é um auxílio de Deus essencialmente transitório.
Um dom de Deus: não há nenhuma exigência da parte de nossa natureza. Deus concede a graça santificante às almas por Sua bondade e liberalidade infinitas. Só temos a capacidade de recebê-la; o que os irracionais não têm. Mas esta capacidade chamada obediencial também nos foi dada por Deus. Por isso, também, é chamado um dom gratuito.
Sobrenatural: é um dom que excede toda natureza criada ou criável e que, portanto, só pode ser comunicada por Deus. Como vamos ver a seguir, a graça santificante é uma participação real, embora limitada e acidental da própria natureza de Deus. E a vida de Deus está acima de toda natureza, por mais perfeitas que sejam, como a natureza humana e a natureza angélica. A graça santificante diviniza a nossa alma; e o homem não tem direito algum ou exigência a sua divinização.
Inerente à nossa alma: Assim como a vida não é alguma coisa externa adicionada ao corpo, mas é unida intrinsicamente ao corpo assim também a graça não é algo adicionado apenas extrinsicamente à alma mas é uma qualidade permanente que dá a vida a nossa alma. É vida divina, sobrenatural. Vamos entender isto melhor quando falarmos da justificação.
Conferido pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo: porque Jesus Cristo é a única fonte da graça de tal modo que não se pode separar Jesus Cristo da graça. O homem não se volta para Deus senão por meio do Homem-Deus, único mediador entre Deus e o homem. Unidos a Jesus, participamos da Sua vida divina. Nossa união com Ele mediante a graça é o princípio e o meio de nossa transformação em Deus. A graça é laço que deve unir cada um de nós ao Nosso Jesus.
Para fazer-nos justos: quer dizer que Deus faz a justiça aparecer onde ela não estava. Justificação, portanto, é um ato divino pelo qual são remetidos os pecados, original e atuais se for o caso, e que traz os pecadores do estado de culpa ao estado de graça e de justiça. Jesus não cobriu apenas os nossos pecados, mas os lavou inteiramente com o Seu sangue divino. É precisamente o que São João Batista disse de Jesus: "Eis o cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo".
Para fazer-nos filho adotivos de Deus: Jeus Cristo unindo-nos a ele e nos fazendo participantes da natureza de Deus, nos eleva à diginidade de filhos adotivos de Deus. Mas a adoção feita pelos homens é uma ficção não é uma realidade. Em outras palavras: o pai adotivo transmite o seu nome e os seus bens, porque é uma lei passada no cartório, mas o filho adotivo não recebe dos seus pais adotivos o seu sangue e a sua vida. É como se fosse filho. A graça da adoção divina não é uma ficção; é uma realidade. Não só somos chamados como se fôssemos filhos de Deus, mas somos realmente filhos de Deus. Recebemos pela graça santificante uma participação da própria natureza de Deus. E é uma participação real, embora limitada e acidental da própria vida de Deus. Deus fêz o homem à sua imagem e semelhança. Pela queda o homem perdeu tudo. Mas, Nosso Divino Redentor restituíu-nos tudo de novo. E onde abundou o pecado, superabundou a graça.
Participantes de Sua natureza divina: Logo acima, acabamos de explicar um pouco. Vamos continuar a explicação, porque é algo extremamente sublime. Aqui está, pois, toda a verdadeira dignidade do homem. Na verdade, a graça santificante é uma vida nova, não igual , mas semelhante à vida de Deus, o que, segundo o testemunho da Santa Bíblia, supõe uma nova geração ou regeneração: "Quem não renascer por meio da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus" (S.João, III, 5). Por isso o batismo é chamado o sacramento da regeneração, pois ele faz-nos nascer para a vida da graça, para a vida divina (Tim. III, 5).
Capazes de realizar obras sobrenaturais e meritórias: isto porque as ações do homem em estado de graça não constituem uma atividade puramente humana, mas uma atividade divinizada. "Os dons mais extraordinários, diz o beato D. Marmion, os talentos mais caros, as empresas mais generosas, as maiores ações, os esforços mais consideráveis, os sofrimentos mais profundos, carecem de todo mérito para a vida eterna, sem a caridade, isto é, sem a amor sobrenatural que nasce da graça santificante como a flor do galho". Devemos observar ainda, que a vida da graça, embora distinta da vida natural, não se lhe sobrepõe simplesmente; penetra-a totalmente, transformando-a, elevando-a e tornando-a deiforme, isto é, semelhante à vida de Deus. Com efeito, ela assimila tudo o que há de bom na nossa natureza - educação, hábitos bons adquiridos, etc.--; aperfeiçoa e sobrenaturaliza todos estes elementos, orientando-os para Deus.
De nos tornar herdeiros do Paraíso: Por tudo o que já dissemos sobre a graça, fica mais fácil compreendermos como a graça, elevando-nos a ordem sobrenatural nesta vida, nos dá a possibilidade de conseguirmos a vida eterna ou o Paraíso na outra. As Sagradas Escrituras nunca separam nossa adoção divina de nosso destino, a herança de Deus e Sua visão face à face no Paraíso. A graça habitual é, no fundo, da mesma natureza que a glória do céu. É, dizem os Santos Padres, um antegozo da felicidade do céu, a aurora da visão beatífica, o botão que já contém a flor, posto que esta só desabroche mais tarde. A graça é semelhante às lâmpadas acesas, escondidas em vasos de barro, que Gedeão deu aos seus trezentos valentes na batalha contra os Madianitas. Quando no silêncio da noite quebrou-se o vaso, o inimigo foi desbaratado e posto em fuga. Assim também nós. Quando nosso corpo, frágil vaso de barro, se quebrar na noite da morte, brilhará a lâmpada de nossa alma, acendida com os resplendores da graça de Deus. O demônio será derrotado e como os valentes de Gedeão, cantaremos a vitória, que é toda de Deus.
Por que dizemos que a participação da vida divina pela graça, é acidental e não substancial? Resposta: É para distigui-la da geração do Verbo, que recebe toda a substância do Pai. Também para distingui-la da união hipostática, que é uma união substancial da natureza humana e da natureza divina na única Pessoa do Verbo. Nós, efetivamente, conservamos a nossa personalidade.
Por se tratar de algo tão sublime e profundo, os Santos Padres lançam mão de comparações para nos fazerem compreender esta divina semelhança:
1ª - A nossa alma, dizem, é uma imagem viva da Santíssima Trindade, uma espécie de retrato em miniatura, pois que o próprio Espírito Santo se vem imprimir em nós, como um sinete sobre cera branda, e assim nela deixa a sua divina semelhança. Daqui concluem que a alma em estado de graça é duma beleza arrebatadora, pois que o artista, que nela pinta esta imagem, é infinitamente perfeito, visto ser o próprio Deus.
2ª - Comparam ainda a nossa alma a esses corpos transparentes que, recebendo a luz do sol, são como penetrados por ele e adquirem um brilho incomparável que em seguida difundem em torno; assim a nossa alma, semelhante a um globo de cristal iluminado pelo sol, recebe a luz divina, resplandece com vivíssimo clarão e o reflete sobre os objetos que a rodeiam.
3ª - Para mostrarem que a semelhança com Deus não fica à superfície, senão que penetra até o mais íntimo da nossa alma, recorrem à comparação do ferro e do fogo. Assim como, dizem eles, uma barra de ferro, metida em uma fornalha ardente, adquire bem depressa o brilho, o calor e a maleabilidade do fogo, assim a nossa alma, mergulhada na fornalha do amor divino, ali se desembaraça das escórias e ferrugens, tornando-se brilhante, ardente e dócil às inspirações divinas.
4ª - Querendo exprimir a idéia de que a graça é uma vida nova, comparam-na a um enxerto divino, inserido na árvore silvestre da nossa naturaza, o qual se combina com a nossa alma para nela constituir um princípio vital novo, e, por isso mesmo, uma vida muito superior. Mas, assim como o enxerto não confere à árvore selvagem toda a vida da árvore boa enxertada, senão tão somente uma ou outra das suas propriedades vitais, assim a graça santificante não nos dá toda a natureza de Deus, mas alguma coisa da Sua vida, que constitui para nós uma vida nova; participamos, pois, da vida divina, mas não a possuímos na sua plenitude.
Para completar, faremos mais alguns esclarecimentos:
Como se pode adquirir, aumentar ou perder a graça santificante?
1º - Adquire-se pela primeira vez a graça santificante no batismo. Quando a temos perdido por nossas culpas, recupera-se por meio do sacramento da penitência ou pelo ato de contrição perfeita. Conserva-se observando fielmente a lei de Deus e fugindo do pecado mortal.
2º - Aumenta-se a graça santificante pela oração, as boas obras, e especialmente a participação dos sacramentos que recebemos com as dividas disposições. Sempre pode crescer mais e mais; é neste sentido que o Espírito Santo falou: "A senda do justo, qual uma luz pura, eleva-se e alumia sempre mais, até chegar ao dia claro e perfeito" (Prov. IV, 18). No Apocalípse diz: "Quem é justo, justifique-se ainda; quem é santo, santifique-se ainda" (XXII, 11).
3º - A graça santificante perde-se pelo pecado mortal, e um único basta para nos arrebatar este tesouro e também todo o mérito de nossas boas obras anteriores. Se, porém, a alma culpada recuperar a graça santificante, seus méritos passados tornam a viver; mas as obras feitas no estado de pecado ficam inúteis para o céu.
CONCLUSÃO PRÁTICA
Devemos ter horror ao pecado mortal e também ao pecado venial que termina levando a alma a cair no mortal. Devemos empregar todos os meios para vivermos sempre no estado de graça. Este deve ser o estado normal de um cristão. Devemos, outrossim, trabalharmos sempre para crescermos mais e mais na graça de Deus. Jesus disse que estivéssemos sempre preparados e que trabalhássemos enquanto é dia.
Há, no entanto, uma reflexão com que não podemos deixar de tremer: é esta palavra das Sagradas Escrituras: "Ninguém sabe se é digno de amor ou de ódio" (Eclesiastes, IX, 1). A Santa Madre Igreja, porém, nos dá a resposta: Ninguém pode, realmente, estar certo, com a certeza da fé, de que se acha justificado. (Conc. de Trento contra os Protestantes). Os teólogos concordam, no entanto, que podemos ter certeza moral de que se possui o estado de graça. Os sinais que nos dão esta certeza são: o sincero amor de Deus, o fervor na oração, o propósito firme de evitar o pecado, o desprezo dos bens deste mundo, a prática da mortificação e, sobretudo, o testemunho da consciência. Todas estas coisas reclamam a presença da caridade e da graça habitual. Nosso Senhor Jesus Cristo dá-nos uma palavra consoladora: "Quem me ama, guarda os meus mandamentos; meu Pai também o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada" (S.Jo. XIV, 23). E o apóstolo da caridade, São João, completa esta certeza moral dizendo: "Se o nosso coração não censurar nada, podemos ter plena confiança em Deus". E o apóstolo São Pedro, primeiro papa, diz; "Aplicando todo o cuidado, juntai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade a caridade... Quem não tem estas coisas é cego e anda às apalpadelas, e esquece-se de que foi purificado dos seus pecados antigos. Portanto, irmãos, ponde cada vez maior cuidado em tornardes certa a vossa vocação e eleição por meio das boas obras, porque, fazendo isto, não pecareis jamais. Deste modo vos será dada largamente a entrada no Reino eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo"(2ªS. Pedro, I, 5-11).
Há ainda uma outra maravilha da graça santificante: o justo passa a ser Templo da Santíssima Trindade. Mas isto será explanado numa próxima postagem com o título: A SANTÍSSIMA TRINDADE NA ALMA.
Há ainda uma outra maravilha da graça santificante: o justo passa a ser Templo da Santíssima Trindade. Mas isto será explanado numa próxima postagem com o título: A SANTÍSSIMA TRINDADE NA ALMA.
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