LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
16º dia de junho
Caríssimos, contemplemos agora, embora brevemente, alguns
rasgos da inefável e terna caridade do Coração de Jesus.
Certa vez o divino Mestre caminhava perto do mar da Galileia
e subiu a um monte e ali sentou-se. Grande multidão seguira-O. Traziam cegos,
mudos, paralíticos, e muitos acometidos de outras enfermidades. Puseram todos
estes doentes perto de Jesus. Ele, movido de compaixão, curou-os a todos.
Feitas estas curas, levantando os olhos, avistou uma imensa
multidão, que O seguia, despreocupada do alimento corporal e ávida sobretudo
por alimentar suas almas com a doutrina celestial do Mestre divino. Diante
deste espetáculo de devotamento e de fé, o Coração de Jesus enterneceu-se e
disse aos seus discípulos: "Tenho
compaixão desta multidão de gente; porque há três dias que estão comigo, e não
têm o que comer; e se os mando para suas casas em jejum desfalecerão pelo
caminho, porque alguns deles vieram de muito longe. E lemos no evangelho de
S. Mateus XV, 32 e Marcos VIII, 2 e seguintes que tendo mandado que todos se
sentassem no chão, realizou o estupendo milagre da multiplicação dos pães e dos
peixes, e, assim, matou a fome corporal também daquele povo. Que bondade e
ternura do Coração de Jesus!
Meditemos em outro fato que S. Lucas narra no seu evangelho
capítulo VII, 11-15: Jesus estava a caminho de uma pequena aldeia chamada Naim.
Jesus Cristo ia acompanhado dos seus discípulos e de uma grande multidão.
Próximo já da porta da cidade, encontram-se com um enterro. O morto era filho
único de um pobre viúva. A mãe, mergulhada em profunda dor, derramava
abundantes lágrimas. O Coração de Jesus, a vista daquela mãe lagrimosa,
comoveu-se profundamente. "Não
chores", disse-lhe. Saída esta frase de quaisquer outros lábios, não
teria sentido, mas dos lábios do divino Salvador, era uma esperança certa não
só de consolo mas de alegria. Só Jesus podia estancar as lágrimas de uma mãe
enlutada, porque só Ele podia restituir a vida. E foi o que fez logo a seguir. Abeirando-se
do féretro, disse: "Jovem,
levanta-te". E logo se levantou o morto e começou a falar. E Jesus
entregou-o a sua mãe. Contemplemos a alegria do Coração de Jesus em ver aquela
mãe tão feliz abraçada ao seu querido filho, o único arrimo e a maior alegria
de sua vida.
Cena comovente com certeza seria Jesus chorando. E por duas
vezes são relatadas as lágrimas de Jesus Cristo: sobre Jerusalém e junto ao
túmulo de Lázaro. Do alto do Monte das Oliveiras, na última visita que faria a
cidade de Jerusalém, ao avistar lá de cima toda cidade, e ao ver com espírito
profético o terrível castigo que esperava esta cidade ingrata e que cometeria o
maior crime possível sobre a terra, isto é, o deicídio, Jesus começou a chorar.
E disse qual a razão de suas lágrimas: "Se ao menos neste dia, que te é dado, tu também conhecesses o que te
pode trazer a paz! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque virão
para ti dias em que os teus inimigos se cercarão de trincheiras, te sitiarão,
te apertarão por todos os lados, derrubarão por terra a ti e aos teus filhos,
que estão dentro de ti e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste
o tempo em que foste visitada" (S. Lucas VII, 11-1). No local foi construída a igreja do "Dominus Flevit" (= O Senhor chorou) e no seu interior há um mosaico de uma galinha acolhendo debaixo d asas os seus pintainhos. É em lembrança destas ternas palavras saídas do Coração de Jesus: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes eu quis juntar teus filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintainhos, e tu não quiseste!" (S. Mat. XXIII, 37).
Quanto às lágrimas de Jesus junto ao túmulo de seu amigo
Lázaro de Betânia, fala-nos o evangelista S. João no capítulo XI, versículos de
33 a 36: "Jesus, porém, vendo-a
[Maria] chorar, a ela e aos judeus, que tinham ido com ela, comoveu-se
profundamente e perturbou-se, e disse: Onde o pusestes? Eles responderam:
Senhor, vem ver. Jesus chorou. Disseram por isso os judeus: Vejam como ele o
amava". E nós também exclamamos: que imensa ternura e amabilidade
neste Coração divino! Amém!
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