domingo, 14 de junho de 2020

O CORAÇÃO DE JESUS E A EUCARISTIA

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
14º  dia de junho

"Tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim" (S. João, XIII, 1)

Na quinta-feira depois do terceiro domingo após o Pentecostes, celebra a Santa Madre Igreja a Festa do Coração Eucarístico de Jesus.

Jesus Cristo nos amou até ao extremo, dando-nos todo a nós na Santíssima Eucaristia, Divindade e Humanidade. E no mistério da Eucaristia temos o Coração vivo de Jesus Cristo. Na verdade, se Jesus o Filho de Deus, onipotente e capaz de operar a maravilha das maravilhas, diz-me mostrando o pão: "Isto é o meu corpo", sou obrigado a tomar a sua palavra literalmente, a menos que Ele mesmo me explique doutra forma. Mas Jesus Cristo não o explica: exige  que seus discípulos assim o creiam. É um mistério de fé. E "bem-aventurados os que não viram e creram".

O Coração de Jesus instituiu a Santíssima Eucaristia de tal modo que as hóstias consagradas pudessem se multiplicar em milhares e milhões sobre a terra. Este prodígio foi possível porque o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo está na Eucaristia enquanto substância, a modo de substância, como explica Santo Tomás de Aquino. Despojado das proporções que toma a quantidade mensurável de seus elementos e que lhe determinam um lugar nos espaço. Assim, a substância, em si mesma, não tem superfície, nem contorno, nem comprimento, nem largura, nem profundeza. A substância, enquanto substância, é distinta dos seus acidentes, pode ser separada deles, por conseguinte libertada dos limites que aprisionam o corpo. Na Hóstia consagrada vemos as aparências do pão, mas a substância não é mais a de pão, mas sim a substância do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Esta maneira de ser, diz Santo Tomás de Aquino, é própria do Sacramento do Altar, Jesus Cristo está, aí, presente não como um corpo num lugar, mas sob um modo especial, isto é, a modo de substância. Assim pode estar sacramentalmente presente simultaneamente em todos os lugares do mundo. E também, sendo partida a Hóstia consagrada e, mesmo, em cada fragmento, Jesus está realmente presente. Este é o motivo porque se usa a patena para amparar qualquer fragmento que possa se desprender da Hóstia. 

A Santíssima Eucaristia é um mistério de fé e também de amor. "Tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim". Este "até o fim" é interpretado mais comumente pelos Santos Padres como "até o último limite", "até ao extremo". Jesus Cristo morrendo na Cruz para nos salvar, deu-nos a maior prova de seu amor. Deu a sua vida por nós, para que de escravos do demônio, pudéssemos nos tornar "filhos de Deus e herdeiros do Céu". Quis que Sua imolação por nós se perpetuasse pela Eucaristia como Sacrifício, isto é, pela Santa Missa; e quis que a Eucaristia como sacramento fosse o alimento de nossa alma. Assim, exclama Santo Agostinho: "Sendo poderosíssimo, não poderia fazer mais do que fez; sendo riquíssimo, não teria nada mais precioso para nos dar; sendo sapientíssimo, não saberia nos dar algo melhor". Ele é o sumo Bem e deu-Se a si mesmo através da Santíssima Eucaristia.

Aqui nos lembramos da estrofe do hino "Adore Te devote": Piedoso Pelicano, Jesus Cristo, lava a imundície da alma com teu sangue, do qual uma só gota salvar pode de toda a culpa, todo o mundo inteiro.

Santo Tomás com toda propriedade chama Jesus na Eucaristia, de "Piedoso Pelicano". Quantas vezes, caríssimos, ouvimos, enternecidos, a lenda do pelicano: Ouvindo as lamúrias de fome de seus filhotes, o pássaro materno abre as grandes asas e parte. Perscrutou as águas, percorreu matagais e nada encontrou. Pousa sobre um rochedo e ouve o pipilar dos filhinhos famintos. Aproxima-se do ninho, e, de repente, num surto de indescritível ternura maternal, lança-se sobre o ninho. Nada trouxe. Apenas o coração materno. Sem titubear e subitamente  leva o grande bico cortante  sobre o peito e o dilacera. O sangue salta. Os filhos avançam sôfregos sobre coração do pássaro materno e nesta fonte rubra de sangue, sugam e comem loucamente. E o pássaro cai morto vítima de amor pelos seus filhotes.

Jesus também, para não nos deixar órfãos, sem o alimento da alma, dá-nos a sua Carne e o Seu Sangue precioso no Sacramento da Eucaristia. Agora o Piedoso Pelicano não morre, mas é o seu corpo imolado na Cruz e o seu Sangue derramado aí até a última gota por nosso amor que nos são dados em alimento na Comunhão. Amém!


Nenhum comentário:

Postar um comentário