LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
14º dia de junho
14º dia de junho
"Tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o
fim" (S. João, XIII, 1)
Na quinta-feira depois do terceiro domingo após o
Pentecostes, celebra a Santa Madre Igreja a Festa do Coração Eucarístico de
Jesus.
Jesus Cristo nos amou até ao extremo, dando-nos todo a nós
na Santíssima Eucaristia, Divindade e Humanidade. E no mistério da Eucaristia temos
o Coração vivo de Jesus Cristo. Na verdade, se Jesus o Filho de Deus,
onipotente e capaz de operar a maravilha das maravilhas, diz-me mostrando o
pão: "Isto é o meu corpo", sou obrigado a tomar a sua palavra
literalmente, a menos que Ele mesmo me explique doutra forma. Mas Jesus Cristo
não o explica: exige que seus discípulos
assim o creiam. É um mistério de fé. E "bem-aventurados os que não viram e
creram".
O Coração de Jesus instituiu a Santíssima Eucaristia de tal
modo que as hóstias consagradas pudessem se multiplicar em milhares e milhões
sobre a terra. Este prodígio foi possível porque o Corpo de Nosso Senhor Jesus
Cristo está na Eucaristia enquanto substância, a modo de substância, como
explica Santo Tomás de Aquino. Despojado das proporções que toma a quantidade
mensurável de seus elementos e que lhe determinam um lugar nos espaço. Assim, a
substância, em si mesma, não tem superfície, nem contorno, nem comprimento, nem
largura, nem profundeza. A substância, enquanto substância, é distinta dos seus
acidentes, pode ser separada deles, por conseguinte libertada dos limites que
aprisionam o corpo. Na Hóstia consagrada vemos as aparências do pão, mas a substância não é mais a de pão, mas sim a substância do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta maneira de ser, diz Santo Tomás de Aquino, é própria
do Sacramento do Altar, Jesus Cristo está, aí, presente não como um corpo num
lugar, mas sob um modo especial, isto é, a modo de substância. Assim pode estar
sacramentalmente presente simultaneamente em todos os lugares do mundo. E
também, sendo partida a Hóstia consagrada e, mesmo, em cada fragmento, Jesus
está realmente presente. Este é o motivo porque se usa a patena para amparar qualquer fragmento que possa se desprender da Hóstia.
A Santíssima Eucaristia é um mistério de fé e também de
amor. "Tendo amado os seus que
estavam neste mundo, amou-os até o fim". Este "até o fim" é
interpretado mais comumente pelos Santos Padres como "até o último
limite", "até ao extremo". Jesus Cristo morrendo na Cruz para
nos salvar, deu-nos a maior prova de seu amor. Deu a sua vida por nós, para que
de escravos do demônio, pudéssemos nos tornar "filhos de Deus e herdeiros
do Céu". Quis que Sua imolação por nós se perpetuasse pela Eucaristia como
Sacrifício, isto é, pela Santa Missa; e quis que a Eucaristia como sacramento
fosse o alimento de nossa alma. Assim, exclama Santo Agostinho: "Sendo
poderosíssimo, não poderia fazer mais do que fez; sendo riquíssimo, não teria
nada mais precioso para nos dar; sendo sapientíssimo, não saberia nos dar algo melhor".
Ele é o sumo Bem e deu-Se a si mesmo através da Santíssima Eucaristia.
Aqui nos lembramos da estrofe do hino "Adore Te
devote": Piedoso Pelicano, Jesus Cristo, lava a imundície da alma com teu
sangue, do qual uma só gota salvar pode de toda a culpa, todo o mundo inteiro.
Santo Tomás com toda propriedade chama Jesus na Eucaristia,
de "Piedoso Pelicano". Quantas vezes, caríssimos, ouvimos,
enternecidos, a lenda do pelicano: Ouvindo as lamúrias de fome de seus
filhotes, o pássaro materno abre as grandes asas e parte. Perscrutou as águas,
percorreu matagais e nada encontrou. Pousa sobre um rochedo e ouve o pipilar
dos filhinhos famintos. Aproxima-se do ninho, e, de repente, num surto de indescritível
ternura maternal, lança-se sobre o ninho. Nada trouxe. Apenas o coração
materno. Sem titubear e subitamente leva
o grande bico cortante sobre o peito e o
dilacera. O sangue salta. Os filhos avançam sôfregos sobre coração do pássaro
materno e nesta fonte rubra de sangue, sugam e comem loucamente. E o pássaro
cai morto vítima de amor pelos seus filhotes.
Jesus também, para não nos deixar órfãos, sem o alimento da
alma, dá-nos a sua Carne e o Seu Sangue precioso no Sacramento da Eucaristia.
Agora o Piedoso Pelicano não morre, mas é o seu corpo imolado na Cruz e o seu
Sangue derramado aí até a última gota por nosso amor que nos são dados em
alimento na Comunhão. Amém!
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