domingo, 4 de setembro de 2016

OS NEO-MODERNISTAS.

INTRODUÇÃO
   Em primeiro lugar, creio haver mister uma observação preliminar, não ignorando da possibilidade de existir consciências falseadas. Aliás, a observação não é minha mas de São Pio X na Encíclica "Pascendi", com a qual condenou o Modernismo. Diz o imortal Pontífice: "Pasmem embora homens de tal casta (=os modernistas) que nós os ponhamos no número dos inimigos da Igreja; não poderá, porém, pasmar com razão quem quer que , postas de lado as intenções de que só Deus é juiz, (sublinhado meu) se aplique a examinar as doutrinas e o modo de falar e de agir de que lançam eles mão" (sublinhado meu). Ao falar dos neo-modernistas podemos e até devemos, aplicar o mesmo princípio acima enunciado. O próprio Divino Mestre declarou que pelos frutos se conhece a árvore. 
  Outra observação: Entre nós tradicionalistas, ou melhor dizendo, entre aqueles que, pela graça de Deus, permanecem fiéis à Santa Madre Igreja, e, portanto, devem combater o Modernismo, é extremamente necessário que não aja divisão e sobretudo REBELIÃO contra a autoridade legítima;  pois isto, é fazer papel de sapa no próprio exército. Em uma palavra: é, mesmo pretendendo combater o modernismo,  fazer o papel  dos mesmos.  
   Uma última observação que é de Santo Agostinho: "In principiis unitas, in dubiis libertas, in omnibus charitas" - Nos princípios unidade, nas coisas livres liberdade, em tudo a caridade. 
   O modernismo, nos últimos tempos, recebeu o nome de "Progressismo". É o modernismo colocado em prática através do fator "progresso". Como vimos na postagem anterior, os modernistas ensinam que a Igreja mostra-se incapaz de defender eficazmente a moral evangélica, porque adere obstinadamente a doutrinas imutáveis, que não podem conciliar-se com o progresso moderno; e o progresso das ciências exige que se reformem os conceitos da doutrina cristã sobre Deus, a Criação, a Revelação, a Pessoa do Verbo Encarnado e a Redenção. Como eles sabem que esta mudança na doutrina, nos dogmas da Igreja, não é aceita pelos católicos, nem mesmo por aqueles que só conhecem o Primeiro Catecismo, usam, então, o disfarce, para assim conseguirem uma baldeação ideológica inadvertida. Em outras palavras, não atacam de frente, têm paciência diabólica para trabalhar as mentes aos poucos e de maneira disfarçada. Fazem uma lavagem cerebral mudando as idéias tradicionais, aos poucos, sem a pessoa perceber. Agem mais através dos ambientes que vão criando com imprecisões de linguagem e termos ambíguos. Há, no entanto, um critério para surpreendê-los, critério este que não falha. Qual é? É o seguinte: Todas as suas imprecisões , ambiguidades,  novos formulários, etc., obedecem à mesma direção. Operam no sentido de afastar os fiéis da Tradição, das fórmulas tradicionais, dos limites precisos entre a verdade e o erro, dos costumes elaborados lenta e seguramente pelos séculos de Cristianismo, de tudo enfim que indique, sem o menor perigo de engano, o Cristianismo ortodoxo, a fidelidade à Revelação e ao Espírito de Jesus Cristo.
   Mas, leiamos o que D. Antônio de Castro Mayer, de santa memória, escreveu sobre o Neo-Modernismo:
   "Os modernistas foram sempre muito astutos, de maneira que, uma vez condenados, deixaram de se manifestar em plena luz do dia. Todavia, não desarmaram. Persistem em permanecer no seio da Igreja - pois fora de seu grêmio seria impossível levar adiante sua obra de sabotagem - (Sabotagem é o crime que consiste em invadir um estabelecimento para impedir ou atrapalhar o curso normal do trabalho ou danificar o estabelecimento) - e refugiam-se em sociedade secreta. É São Pio X quem o denuncia: "Os modernistas, mesmo depois que a Encíclica "Pascendi" arrancou-lhes a máscara com que se cobriam, não abandonaram seus desígnios de perturbar a paz da Igreja. Eles, com efeito, não cessaram de procurar e agrupar em uma sociedade secreta novos adeptos. (Motu Proprio "Sacrorum Antistitum", 1º de setembro de 1910).
           ESPÍRITO MODERNISTA
   "Pois, de seus antros secretos, eles dirigem uma campanha tenaz contra o Catolicismo tradicional, e em favor de um espírito revolucionário no seio de família de Deus. Não se observa mais tanto a doutrina modernista explícita, a não ser aqui e acolá como notava Bento XV. A obra modernista prossegue através do espírito modernista, difuso um pouco por toda parte. Na sua primeira Encíclica "Ad Beatíssimi", Bento XV caracteriza a maneira de agir dos que se acham tomados do espírito modernista: "rejeitam com náusea o que tem sabor de antigo, procuram avidamente e em toda parte o novo, na maneira de falar das coisas divinas, na celebração do culto sagrado, nas instituições católicas e mesmo nos exercícios da piedade privada". A estas notas podemos ajuntar outras fornecidas por Pio XI, cuja primeira Encíclica, ao declarar que ao modernismo dogmático sucedeu o modernismo moral e jurídico e social, assim descreve os neomodernistas: "nos seus discursos, nos seus escritos, e no todo de sua vida agem exatamente como se os ensinamentos e as ordens promulgadas várias vezes pelos soberanos Pontífices, nomeadamente por Leão XIII, Pio X e Bento XV, tivessem perdido seu primeiro valor, ou mesmo não devessem mais ser tidos em consideração" (Enc. "Ubi Arcano", 23 de dezembro de 1922).
           FINALIDADE, TÁTICA E ESTRATÉGIA DOS MODERNISTAS
 "Os modernistas queriam reformar a Igreja, de maneira a reduzi-la a uma das muitas manifestações religiosas que há no mundo, dando-lhe por base um mero e cego sentimento religioso; pois que o modernista não acredita na verdade do conteúdo dos dogmas revelados. Para ele tudo não passa de fenômenos ou manifestações de algo incognoscível. O Cristianismo, portanto, não é para o modernista mais que um dos muitos coloridos religiosos que sossegam a excitação sentimental do fiel. Para chegar à sua finalidade, precisavam os modernistas arruinar a estrutura monárquica da Igreja, em que foi Ela constituída pelo seu Divino Fundador; era mister desprestigiar o Magistério Eclesiástico, intérprete autêntico da verdade revelada; era necessário destruir a confiança nas tradições da Igreja, a adesão à Escolástica, o apego às devoções populares, tudo enfim que constitui o arcabouço do edifício multissecular da Igreja de Cristo, e que lhe dá solidez e vida concreta entre os homens.
 "Por isso, os modernistas:
 - "põem todo o empenho em diminuir e enfraquecer o Magistério Eclesiástico" (Enc. "Pascendi").
- "ostentam certo desprezo das doutrinas católicas, dos Santos Padres, dos Concílios Ecumênicos, do Magistério Eclesiástico" ( ibid.); 
- declaram que "o católico, não se importando com a autoridade, com os conselhos e com as ordens da Igreja, e até mesmo desprezando as suas repreensões, tem direito e dever de fazer o que julgar mais oportuno para o bem da pátria" ( ibid.);
- apregoam que "devem ser transformadas as Congregações Romanas, e antes de todas a do Santo Ofício e do Índice" ( ibid.) - que como sabeis, deve zelar pela pureza da Fé e tem como Prefeito o próprio Papa; 
- desterram "a filosofia escolástica para a história da filosofia, entre os sistemas obsoletos" ( ibid.). (Este ódio à Escolástica é tão fundamental nos modernistas, que São Pio X declara que "não há sinal mais manifesto de que começa alguém a volver-se para o modernismo do que começar a aborrecer a Escolástica");
- no estudo das Sagradas Escrituras, abandonam a interpretação dos Padres da Igreja e as normas do Magistério, para se aterem exclusiva e preponderantemente à crítica textual ou crítica interna, assim chamada (cf. "Pascendi");
clamam que se deve diminuir as devoções externas e proibir que aumentem", e "procuram a todo transe desfazer as piedosas tradições populares" (ibid.);
- dizem que "as virtudes ativas devem antepor-se às passivas" e "desprezam os trabalhos da ascese" (ibid.);
           - desejam mesmo "ver suprimido do sacerdócio o sagrado celibato" (ibid.).
AJUSTAMENTO ÀS CONDIÇÕES MODERNAS
"Acobertam a revolução que entendem promover através das medidas táticas acima enumeradas, com a capa de ajustamento da Igreja às condições hodiernas. "A Igreja, dizem, por dentro e por fora deve se pôr de acordo com a consciência moderna" (ibid.). Como estratégia, ocultam o desprezo das repreensões e condenações sob o véu da mais apurada humildade; elevam às nuvens qualquer autor, ainda que medíocre ou nulo, desde que concorde com suas idéias; ao passo que "aos católicos defensores denodados da Igreja, votam-nos ao ódio mais despudorado, não havendo injúrias que lhes não atirem em rosto; chamam-nos especialmente de ignorantes e obstinados. Se, porém, a erudição e o acerto de quem os refuta os atemoriza, procuram descartá-lo, recorrendo ao silêncio" (ibid.). Como conseqüência de semelhante audácia, criam um ambiente de desconfiança em torno dos bons, inutilizando-lhes o trabalho apostólico; enganam os menos avisados, e atemorizam os pusilânimes. Como observa São Pio X: "Da prepotente imposição dos extraviados, do incauto assentimento dos pusilânimes, produz-se certa corrupção da atmosfera que penetra em toda parte e difunde o contágio" (Enc. "Pascendi", de 8 de setembro de 1907). 
     
            

Um comentário:

  1. ... "Outra observação: Entre nós tradicionalistas, ou melhor dizendo, entre aqueles que, pela graça de Deus, permanecem fiéis à Santa Madre Igreja, e, portanto, devem combater o Modernismo, é extremamente necessário que não haja divisão e sobretudo REBELIÃO contra a autoridade legítima; pois isto, é fazer papel de sapa no próprio exército. Em uma palavra: é, mesmo pretendendo combater o modernismo, fazer o papel dos mesmos.
    Uma última observação que é de Santo Agostinho: "In principiis unitas, in dubiis libertas, in omnibus charitas" -
    DE COMO ENFRENTARMOS PROBLEMAS DE NÃO SERMOS SUPOSTOS AGENTES DA DESUNIÃO EM VISTA DE CERTAS SITUAÇÕES, SEM NOS OPORMOS A TRECHOS, COMO:
    "Nesta breve repassada, podemos comprovar que a Palavra de Deus não é mostrada como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem ..." (AL, 22).
    ... "se trata de integrar a todos, deve-se ajudar a cada um a encontrar a sua própria forma de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto de uma misericórdia imerecida, incondicional e gratuita. Ninguém pode ser condenado para sempre, porque essa não é a lógica do Evangelho "(AL, 297).
    .... há que se integrar a todos... Não me refiro somente aos divorciados em nova união, mas a todos, em qualquer situação que eles se encontrem" (AL, 297).
    ... "A partir do reconhecimento da gravidade dos condicionamentos concretos, podemos associar que a consciência das pessoas deve ser melhor incorporada à prática da Igreja em algumas situações em que não realizam objetivamente nossa concepção de matrimônio". (AL, 303).
    ... Os divorciados em nova união, por exemplo, podem ser encontrados em situações muito diferentes, que não tem de ser catalogadas ou fechadas em afirmações demasiadamente rígidas sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral. É o caso de uma segunda união consolidada no tempo, com novos filhos, com fidelidade comprovada, generosa dedicação, compromisso cristão, conhecimento da irregularidade da sua situação e grande dificuldade de se voltar atrás sem sentir na consciência que se cai em novas culpas' (AL, 298).
    ... já não é mais possível dizer que todos os que se encontram em uma situação assim chamada "irregular" vivem num estado de pecado mortal, privados da graça santificante" (AL, 301).
    ... um juízo negativo sobre uma situação objetiva não implica um juízo sobre a imputabilidade ou a culpabilidade da pessoa envolvida" (AL, 302).
    … é mesquinho deter-se somente a considerar se o ato de uma pessoa responde ou não a uma lei ou a uma norma geral, porque isso não basta para discernir e assegurar uma plena fidelidade a Deus na existência concreta de um ser humano" (AL, 304).
    ... um pastor não pode se sentir satisfeito somente aplicando leis morais sobre aqueles que vivem em situações "irregulares" como se fossem pedras que são jogadas na vida das pessoas" (AL, 305).
    "Por acreditar que tudo é branco ou preto, às vezes, fechamos o caminho da graça e do crescimento, e desencorajamos formas de santificação que dão glória a Deus" (AL, 305).

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