segunda-feira, 5 de setembro de 2016

MÉRITO



   O princípio do mérito é, portanto, A GRAÇA SANTIFICANTE. Antes de alcançá-la, não pode o homem ter nenhum MERECIMENTO.
  Ora, não é na graça santificante que o homem nasce. Nasce com o pecado original que consiste precisamente nisto: na privação da graça santificante. Tem que haver, portanto, um momento na sua vida, em que ele passa do estado de pecado (ou seja pecado original só, ou seja pecado original e mais os pecados mortais que ele já cometeu) para o estado de graça santificante.

   Esta passagem se dá SEM MERECIMENTO algum de sua parte, não pode MERECÊ-LA COM AS SUAS OBRAS, dá-se GRATUITAMENTE, por mera misericórdia de Deus, e a razão é muito simples: a graça santificante é um DOM SOBRENATURAL, enquanto o homem não for elevado a um estado sobrenatural, não pode merecer este dom que supera a sua própria natureza.

   A graça nos torna participantes da natureza divina ( 2ª Pedro I-4) já nesta terra, para melhor ainda nos tornarmos participantes da natureza divina lá na glória do Céu. É uma altura a que não podemos chegar por nossas próprias forças; é preciso, portanto, que Deus mesmo nos coloque nela. 

   E quando se dá esta passagem do estado de pecado para o de graça santificante? Dá-se a primeira vez na nossa vida, quando recebemos o Batismo, que apaga na alma o pecado original, com o qual fomos concebidos, bem com perdoa todos os pecados cometidos até aquela hora, desde que seja recebido com as devidas disposições.

   Dá-se outras vezes na vida, quando a alma que, tendo cometido pecado mortal, perdeu a graça santificante, recebe o perdão dos pecados cometidos. Para isto é que foi instituída a Confissão ou o Sacramento da Penitência (João XX-23). O perdão é dado por pura misericórdia, "de graça", não por merecimento das obras humanas, mas o que nos conforta é o que a Escritura nos diz sobre a misericórdia de Deus que é de muita bondade para perdoar (Isaías LV-7). Ele é misericordioso e clemente, sofredor e de muita compaixão (Êxodo XXXIV-6). Não quebrará a cana rachada, nem apagará a torcida que ainda fumega (Isaías XLII-3), diz o profeta Isaías a respeito de Jesus. Ele é o primeiro, portanto, a sair em busca do pecador para lhe oferecer a sua graça, como Bom Pastor que se esforça por reabilitar a ovelha perdida. 

   

  

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