sábado, 10 de setembro de 2016

JUSTIFICAÇÃO E GRAÇA NA EPÍSTOLA A TITO



   Outra confusão bem semelhante é a que fazem os protestantes com o trecho da Epístola a tito, capítulo 3º, versículos 3 a 8. São Paulo fala aí evidentemente na PASSAGEM DO ESTADO DE PECADO PARA O DE GRAÇA SANTIFICANTE e diz que esta transição não foi merecida pelas obras, foi efeito da misericórdia de Deus. E daí concluem os protestantes que a salvação, a passagem desta vida para o Céu não depende das nossas obras, o que é muito diferente.
   Vejamos as palavras do Apóstolo.

   Primeiramente ele descreve a corrupção a que estavam sujeitos os cristãos antes de se converterem ao Cristianismo. Estavam num deplorável ESTADO DE PECADO: Também nós algum tempo éramos insensatos, incrédulos, metidos no erro, escravos de várias paixões e deleites, vivendo em malícia e em inveja, dignos de ódio, aborrecendo-nos uns aos outros (Tito III-3).

   Ora, o Evangelho estava sendo pregado havia pouco tempo. Inúmeros daqueles cristãos ouviram a pregação do Evangelho, quando já tinham mais de 7 anos, e foram batizados como adultos. Assim foi o Batismo que neles realizou esta passagem do estado de corrupção em que se encontravam para o estado de graça santificante, pois, como dissemos, o Batismo apaga o pecado original e perdoa todos os pecados cometidos antes de se receber este Sacramento, desde que haja as disposições necessárias. Esta graça do Batismo não foi merecida pelas obras de cada um, pois, se estavam no estado de pecado, não podiam MERECER  a graça de Deus, como já explicamos. É a esta transformação gratuita, por pura bondade de Deus, e não pelas obras, a transformação de pagãos em cristãos, de pecadores em criaturas justificadas pela graça que São Paulo se refere: Mas quando apareceu a bondade do Salvador nosso Deus e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça QUE TIVÉSSEMOS FEITO nós outros, mas segundo a sua misericórdia, NOS SALVOU PELO BATISMO DE REGENERAÇÃO E RENOVAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO, O QUAL Ele difundiu sobre nós abundantemente por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, justificados pela sua graça, sejamos herdeiros segundo a esperança da vida eterna (Tito III-4 a 7).

   É interessante notar que o Apóstolo não diz - herdeiros com a certeza da vida eterna - mas - herdeiros segundo a ESPERANÇA da vida eterna, para no versículo seguinte exortar às BOAS OBRAS: Esta é uma verdade infalível e quero que isto afirmes, para que procurem avantajar-se, em BOAS OBRAS os que crêem em Deus (Tito III-8).

   Está evidente, portanto, que aquele NÃO POR OBRAS DE JUSTIÇA QUE TIVÉSSEMOS FEITO, se refere a obras de justiça que tivessem feito os cristãos quando se encontravam em estado de pecado, e isto está de acordo com a nossa doutrina católica: estas obras feitas no estado de pecado, não têm MERECIMENTO para os bens da vida eterna, não vogam para a salvação, pois só vogam as obras feitas no estado de graça santificante.

OBSERVAÇÃO: Todos os artigos até agora publicados e os que a seguir ainda serão publicados aqui  sobre a JUSTIFICAÇÃO são "ipsis litteris" extraídos do livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA", autor: Lúcio Navarro. 

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