LEITURA MEDITADA - Dia 24 de fevereiro
"...Não és nem frio nem quente; oxalá foras frio ou quente; mas,
porque és morno, nem frio nem quente, começar-te-ei a vomitar da minha
boca..." (Apocalipse III, 15 e 16).
A nossa vida espiritual deve ser fervorosa. O nosso amor a Deus
deve ser acima de tudo. Donde, qualquer apego às criaturas não só impede o
nosso progresso espiritual, mas além disto, por causa do hábito de pecados
veniais, as luzes e forças da alma tendem a diminuir. O pecado venial
deliberado e não combatido, embora não destrua a caridade, opõe-se-lhe,
diminuindo o seu vigor, e impedindo o seu desenvolvimento. Quando estes pecados
veniais se cometem habitualmente, diminuem a tendência da alma para Deus
aumentando, pelo contrário, a tendência para a satisfação egoísta de si
própria, para as criaturas. Assim a alma perde, pouco a pouco a sensibilidade
quanto à ofensa de Deus e chega a um estado de alma que se chama TIBIEZA.
Tibieza é, portanto, uma espécie de sonolência, em que a
alma quer evitar o que é pecado mortal, mas não o que é ou parece pecado
venial. É um relaxamento espiritual que amortece as energias da vontade,
inspira horror ao esforço e conduz assim ao afrouxamento da vida cristã. A
tibieza tira o seu nome de um fenômeno que todos conhecemos: quando se tira do
fogo a água que ferve, esta perde aos poucos o calor, e, quando já não está
mais quente e ainda não está fria, então está morna, tépida, tíbia. Esta
palavra aplica-se perfeitamente à alma. Enquanto está bem unida a Deus por um
amor forte, ardente, então, a alma é quente, fervorosa, mas à medida que se
afasta de Deus e se orienta para as criaturas, perde o calor. Se ainda não
chegou ao estado de frieza do pecado mortal, já está morna, tíbia, em via de se
tornar fria.
Pela citação supra do Apocalipse, pode surgir uma dúvida: O
pecado mortal é o mal absoluto, máximo. A alma fria, é a que tenha cometido
pecado mortal. Ora, Deus diz :"oxalá foras frio". É óbvio, que Deus
assim fala no sentido em que a alma fervorosa que, de repente, se torna fria,
ou seja, comete um pecado mortal, leva um susto como alguém que cai de uma
altura maior e logo procura se levantar. É o caso do pecado de São Pedro. Mas
quando a alma chega ao pecado mortal paulatinamente, isto é, cometendo
habitualmente pecados veniais, chega ao fundo do poço como que se escorregando
por uma rampa. Não se assusta e pode até não querer se convencer que já está no
fundo, ou seja no pecado mortal. Como dissemos acima, pelo hábito dos pecados
veniais, a pobre alma vai perdendo as luzes e forças do divino Espírito Santo,
e aí fica, além de fraca, cega. E neste estado de alma tem mais dificuldade em
se arrepender e se converter. Podemos dar o exemplo de Judas Iscariotes:
certamente ele não caiu imediatamente no pecado mortal. Foi caindo aos poucos,
não combateu a avareza no seu início, e esta se tornou um hábito e um vício
capital.
Pelas palavras do próprio Deus, vemos o cuidado que devemos
ter em não cair na tibieza; e se alguém constatou que está tíbio, deve procurar
logo os remédios para se curar desta tuberculose espiritual. E quais são os
sintomas de tibieza? 1º - Omitir ou fazer negligentemente os exercícios de
piedade; 2º - Sentir um certo constrangimento
na presença de Deus, no pensamento de que não está satisfeito conosco. A
pessoa não gosta de fazer visitas ao Santíssimo Sacramento e, quando a faz,
parece que tem pressa em sair da presença de Jesus. 3º - A alma perde o desejo
de se esforçar sempre para progredir, ou seja, contenta-se com a mediocridade.
5º - Desprezar as coisas pequenas, os pequenos atos de virtude, os pequenos
deveres. 5º - Pensar mais no bem que se fez do que naquele que se deveria
fazer. 6º - Comparar-se com os que procedem mal e assim achar que tudo vai
bem. 7º - Quanto às práticas espirituais, a primeira que abandona é a leitura
espiritual. 8º - Por tudo o que já
dissemos, vemos que o principal sinal de tibieza é o pecado venial, deliberado
e habitual. E geralmente são estes os pecados provenientes da liberdade da
língua para criticar os outros; pelo grande desejo de descanso e repouso e daí
pecados de falta de zelo.
A alma fervorosa tem facilidade em se recolher e gosta de se
ocupar nas coisas de Deus. A alma tíbia, pelo contrário, gosta de dar-se as
ocupações exteriores, em ocupar-se de bagatelas e isto talvez como meio de
afastar o tédio.
O melhor remédio para a tibieza é o Santo Retiro. E enquanto
não puder fazê-lo procurar se esforçar para em fazer os exercícios de piedade. Fazer frequentemente orações jaculatórias pedindo a Deus a graça de progredir sempre na vida espiritual, no amor de Deus e do próximo. Amém!
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