quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O ESTILO DA BÍBLIA E O TEOR DAS DIVINAS PROMESSAS - ( 4 )

   82.  A EFICÁCIA DA ORAÇÃO (a).

   Vejamos agora outro exemplo.

   Nosso Senhor disse: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede recebe, e o que busca acha, e ao que bate se lhe abrirá (Lucas XI-9 e 10).

São palavras bem claras, enunciando a PROMESSA que faz Deus de atender a todas as nossas orações.

   Ora, a experiência de cada dia nos mostra evidentemente que há muitas coisas que se pedem a Deus e não se alcançam. Quando adoece o pai ou a mãe, ou qualquer outro membro de uma família, nada mais natural do que a família inteira pôr-se em oração e pedir a Deus que cure aquela pessoa, e que livre a todos daquele golpe. É o que frequentemente acontece. E no entanto muitas e muitas vezes esta prece não é atendida. Quantos pedidos sobem aos Céus (uma moça quer casar-se, um homem quer conseguir um melhor emprego, outro quer meios para fazer uma viagem, o encarcerado quer livrar-se da prisão etc, etc,) e não são satisfeitos!

   Que significa isto? Que Deus falta com a sua promessa? Não; a palavra de Deus é infalível. Quer dizer que num texto vem a PROMESSA; NOUTROS vêm explicadas AS CONDIÇÕES  sob as quais ESTA PROMESSA SE REALIZA. 

   Está visto que uma destas condições é que aquilo que nós pedimos seja realmente bom e conveniente para nós. Se um pai diz a seus filhinhos: darei tudo quanto Vocês pedirem - aí logo se subentende que dará só o que for bom e útil para eles. Um quer uma peixeira bem amolada para brincar de vendelhão com seus irmãozinhos; o outro quer uma motocicleta para sumir-se no meio das ruas movimentadas com risco da sua própria vida; a outra quer a liberdade de passear com certas companheiras que não se recomendam. Que faz o pai extremoso? Nega-lhes inapelavelmente o que lhe pedem, embora esperneiem e se zanguem, porque quer somente o bem de seus filhos e reserva alguma coisa melhor, de outro gênero, para coroar de qualquer maneira, o seu pedido. Somos diante de Deus como crianças inexperientes; não sabemos o que havemos de pedir, como convém (Romanos VIII-26); é o que nos diz São Paulo. A família toda se reúne para rezar pela saúde do pai ou da mãe ou de qualquer outro membro que se acha enfermo; mas se, por exemplo, aquele  é o momento propício para a salvação daquela criatura que se acha contrita e, se ficar boa, pode, quem sabe? perder-se mais tarde; não é o caso de Deus negar o pedido, porque a salvação daquela alma está acima de tudo? O emprego melhor remunerado ou o casamento, a viagem ou o livramento do cárcere podem ser contrários aos desígnios altíssimos de Deus, segundo os quais a salvação se poderá tornar muito mais fácil na pobreza, na renúncia e na penitência. E assim por diante. 

   Por isto Jesus mesmo se encarrega de esclarecer que a promessa da eficácia da oração subentende que Deus dará coisas boas, não coisas que nos são nocivas ou que não nos aproveitam. Se vós outros, sendo maus, sabeis dar BOAS DÁDIVAS  a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos Céus, dará BENS aos que lhos pedirem! (Mateus VII-11). São Paulo nos diz que pediu a Deus que o livrasse de certas angústias e aflições no seu corpo, mas Deus não o atendeu, porque queria elevá-lo a uma maior perfeição da virtude: Permitiu Deus que eu sentisse na minha carne um estímulo que é o anjo de Satanás para me esbofetear. Por cuja causa roguei ao Senhor três vezes que ele se apartasse de mim. E então me disse: Basta-te a minha graça; porque a virtude se aperfeiçoa na enfermidade (2ª Coríntios XII-7 a 9). E São Jerônimo diz que sobre este fato: "Bom é o Senhor que muitas vezes não nos concede o que queremos, para nos conceder o que preferiríamos". 

   

Nenhum comentário:

Postar um comentário