A GULA
LEITURA MEDITADA - Dia 18 de fevereiro
A gula é o gosto desordenado pelos prazeres no comer e no
beber. Para a conservação da vida Deus mesmo quis que um prazer legítimo
acompanhasse o comer e o beber. A desordem consiste em procurar o prazer do
alimento, em si mesmo, considerando-o
explícita ou implicitamente como um fim. Como diz São Paulo, os gulosos fazem
do seu ventre um deus: "Quorum Deus venter est" (Filipenses, III,
19). Também caracteriza gula quem procura o alimento com excesso, sem respeitar
as regras que dita a sobriedade, algumas vezes até com prejuízo da saúde. Quem
é dominado por este vício capital, parece que não come para viver, mas, ao
contrário, vive para comer.
Vamos detalhar mais esta questão para se precaver melhor contra este defeito muito mais danoso do que se pensa, e tanto para a salvação como para a saúde. De quatro maneiras pode alguém pecar de gula: 1 - comer antes de sentir necessidade, fora das horas marcadas para as refeições, e isto sem motivo legítimo, mas só para sentir o prazer; 2 - buscar iguarias especiais ou preparadas com demasiado apuro, para gozar dela mais; 3 - ultrapassar os limites do apetite ou da necessidade, ou seja comer ou beber demais, prejudicando, além da alma, também a saúde do corpo. 4 - comer com avidez, com sofreguidão, como fazem certos animais. Ensina a medicina que se deve comer de vagar, mastigando de 20 a 30 vezes cada bocado.
Vamos detalhar mais esta questão para se precaver melhor contra este defeito muito mais danoso do que se pensa, e tanto para a salvação como para a saúde. De quatro maneiras pode alguém pecar de gula: 1 - comer antes de sentir necessidade, fora das horas marcadas para as refeições, e isto sem motivo legítimo, mas só para sentir o prazer; 2 - buscar iguarias especiais ou preparadas com demasiado apuro, para gozar dela mais; 3 - ultrapassar os limites do apetite ou da necessidade, ou seja comer ou beber demais, prejudicando, além da alma, também a saúde do corpo. 4 - comer com avidez, com sofreguidão, como fazem certos animais. Ensina a medicina que se deve comer de vagar, mastigando de 20 a 30 vezes cada bocado.
Assim não é difícil averiguar como a gula escraviza a alma
ao corpo; materializa o homem, enfraquece a sua vida intelectual e moral.
Conduz ao prazer da volúpia, ou luxúria.
O piedoso autor do Livro da Imitação de Cristo diz:
"Prouvera a Deus que fôssemos isentos dessas necessidades, e que não
tivéssemos que pensar senão no alimento espiritual que, infelizmente, raras
vezes saboreamos".
Ouçamos a Santo Agostinho: "Enquanto espero, ó meu
Deus, que destruais os alimentos e o estômago que os consome, e que acalmeis o
fome que me devora, saciando-me de Vós mesmo, e revestindo de perpétua
incorruptibilidade este corpo corruptível: sinto-me obrigado a reparar dia a
dia os estragos, por meio da bebida e da comida... Porque é forçoso que esta
necessidade se haja de converter em prazer? Tenho o cuidado de o combater, para
me não deixar dominar; mas, por mais que empregue o jejum, para reduzir o corpo
à escravidão: o incômodo do jejum não acaba senão pelo prazer da refeição"
... "Vós mesmo, Senhor, é que me ensinastes a usar dos alimentos apenas
como remédios. Mas, no espaço de tempo que emprego em passar do estado de fome àquele
que a mitiga, arma-me a concupiscência nessa passagem uma cilada: porque essa
mesma passagem é uma prazer; e eu não posso chegar por outro caminho àquele
alívio que a necessidade me impõe... Nem chegamos a saber, muitas vezes, se é a
necessidade do corpo que nos obriga a comer, ou se é o prazer que nos seduz; e
a nossa alma é tão infeliz, que até gosta desta incerteza que é para ela uma
desculpa sempre à mão: pois ela sente-se bem, por não saber onde estão os
limites do que requer a saúde, afim de ter pretexto de satisfazer o seu
prazer" (Livro das CONFISSÕES, L. X, c. XXXI).
O demônio empregou esta arma com tão bom êxito no Paraíso
terrestre contra o primeiro Adão, que julgou devia começar por ela o combate
que ousou travar com o novo Adão no deserto: "Aproximando-se dele o
tentador, disse-Lhe: Se és o Filho de Deus, dize a estas pedras que se
convertam em pães" (S. Mateus, IV, 3). É por meio desta tentação ainda, que ele ataca as almas mais
elevadas, e que as faz cometer
inumeráveis pecados veniais. São Paulo recomendava a sobriedade, ao mesmo
discípulo cuja temperança tinha censurado em outra epístola, como excessiva.
Trata-se do Bispo Timóteo: "É necessário que o bispo seja sóbrio... (1 Tim. III, 2) e "Sê sóbrio" (2
Tim. IV, 5); "Não continues a beber
água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas
frequentes enfermidades". Como se
trata da Palavra de Deus, vê-se, que neste caso, ou seja, em pouca quantidade e
como benefício à saúde, não só não é pecado, mas recomendável pelo Espírito
Santo.
Caríssimos, na guerra que devemos fazer aos nossos vícios e
principalmente ao da gula, recomenda-se-nos, antes de tudo, uma contínua
vigilância. Se chegamos ao combate, sem o ter previsto, seremos fracos. Os
sentidos dominaram a primeira parte da nossa vida, pois a infância por eles se
rege em quase tudo; ficam por isso sempre prontos para recobrar o seu império.
Enquanto o homem sensual sucumbe aos prazeres do apetite e do gosto, o homem mortificado
modera-se, espera antes de começar a comer. Vai para a mesa como o soldado para
o combate, e começa a sua refeição com uma vitória, alcançada contra a
sofreguidão. Na verdade, nas refeições devemos estar sempre alegres pensando na
bondade de Nosso Pai do Céu. Abençoai, Senhor, a mesa deste lar, e na Mesa do
céu, reservai-nos um lugar.
Devemos atender a saúde: sabendo por experiência e melhor
ainda por indicação médica, que certo alimento é bom para a minha saúde, eu o
tomo mesmo se não me é gostoso. E, se ao contrário, se me é muito gostoso, mas
para a minha saúde não é bom, não o tomo. Duplo benefício, se oferecer isto
como penitência por amor a Jesus.
Um bom conselho: No momento da tentação, oponhamos ao prazer
que ela promete, o gozo que brevemente sentiremos de a ter vencido, a pena e as
consequências que nos viriam da nossa fraqueza. Para avaliar a importância deste
combate, lembremo-nos que não se trata somente de um ato passageiro, da iguaria
que se come ou do copo que se bebe, mas de uma multidão de atos semelhantes,
sobre os quais ele influirá. Se agora cedo, terei mais tarde menos energia para
resistir; ao contrário, se venço, esta vitória me facilitará um grande número
de outras. De uma abstinência ou de uma fraqueza passageira, pode depender uma
larga série de bens ou de males, a liberdade ou a escravidão da minha alma.
Terminemos com São Vicente Ferrer: "Se por amor a Jesus
Cristo, vos privais de tudo o que na comida serve só para agradar ao paladar,
sem ser útil à saúde, não duvido que ele vos preparará a doçura das suas
consolações, e que vos parecerão saborosos os alimentos frugais com que vos
contentais, para lhe agradar". Amém!
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