terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A PUNIÇÃO DO PECADO DOS ANJOS

Que eram os Anjos antes do pecado, antes da sua queda? Que vieram a ser pelo pecado? Eram as criaturas mais perfeitas. Eram puros espíritos que Deus criou para sua glória e seu serviço. Parecem refletir-se neles todas as perfeições da divindade. Seus nomes ajudam-nos a compreender a excelência da sua natureza: Anjos, Arcanjos, Tronos, Potestades, Virtudes, Dominações etc. Que feliz estado! Mas que vieram a ser pelo pecado? Ouçamos o próprio Jesus Cristo: "Vi cair do Céu a Satanás, como um relâmpago. E onde cai o anjo que se tornou mau pelo pecado? Falando da sentença no Juízo Final, Jesus diz: "Ide, malditos, para o fogo eterno, preparado para os demônio e seus anjos' (S. Mateus XXV, 41). E quem é o autor de tão tremendo castigo? Um ser infinitamente sábio, sempre tranquilo, sem sombra de paixão; um Deus, que deixaria de ser Deus, cessando de ser justo, se punisse uma falta mais do que ela merece; mais: um pai infinitamente bom, que recompensa com gosto, e só castiga com desprazer. E quais são as vítimas de tão terrível punição? São nobres criaturas, que Deus amava como suas obras primas, e que Lhe teriam dado tanta glória, por toda a eternidade! Finalmente, que repreende e condena Deus nos Anjos? Quantos pecados cometeram? Um só pecado! Mas este único pecado transformou os Anjos em demônios. Ó justiça tremenda! A Bíblia diz: "Delicta, quis intelligit"(Salmo XVIII, 13): Quem é capaz de compreender toda a malícia do pecado?

São Bernardo compara a queda dos Anjos com a dos Homens: "O anjo pecou uma vez, eu muitas; o anjo pecou sem preceder castigo, eu depois de conhecer o castigo dos anjos; o anjo pecou contra seu Criador, eu contra meu Criador e meu Redentor; o anjo perseverou no pecado reprovado pela divina justiça, eu continuo pecando perseguido pela divina misericórdia; o anjo pecou contra Deus que o criou, eu contra Deus que me remiu".

Comparemos agora o castigo: O dos anjos foi imediato, o meu diferido; o castigo dos anjos forçoso, o meu voluntário; o castigo dos anjos justo, o meu misericordioso; o castigo dos anjos sem resgate, o meu expiado na Cruz.

Reflitamos, por último, sobre esta justiça de Deus castigando tão terrivelmente os anjos: Deus não teve contemplação com a multidão de culpados; portanto, não digas que há outros que fazem como tu. Deus não teve contemplação com a dignidade e excelência das vítimas: assim, não te julgues seguro com o alto estado que ocupas. Deus não teve contemplação com os serviços que os anjos arrependidos e perdoados poderiam render à sua glória: portanto, não te fies nos serviços que tens prestado e podes ainda prestar a Jesus Cristo. Deus não teve contemplação com o lugar que os anjos ocupavam no céu: assim, não te fies no lugar santo em que vives, pois também aí podes pecar. Deus não teve contemplação com a sua justiça e castigou sem compaixão; não te fies no perdão dos pecados passados, pois pode ser que não encontrem mais misericórdia para o futuro.

Na verdade, meu Deus, eu merecia o mesmo castigo e muito maior ainda; mas a vossa misericórdia superou as minhas iniquidades, e é por isto que o meu coração está mais oprimido, e aumenta a minha confusão, e também o meu amor por Vós pelo muito que misericordiosamente perdoastes. Amém!

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