ATO DE PERFEITO AMOR A DEUS
"Conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor; quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele"... "Nós, portanto, amemos a Deus, porque Deus nos amou primeiro" (1 S. João, IV, 16 e 19).
"Conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor; quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele"... "Nós, portanto, amemos a Deus, porque Deus nos amou primeiro" (1 S. João, IV, 16 e 19).
Primeiramente um esclarecimento: Habitualmente, em nosso amor de Deus há mistura de amor puro e de amor de esperança, o que quer dizer que amamos a Deus por Si mesmo, porque é infinitamente bom, e também porque é a fonte de nossa felicidade. Estes dois motivos não se excluem, pois Deus quis que em O amar e glorificar encontrássemos a nossa felicidade. Não nos inquietemos, pois, desta mistura, e, pensando no céu, digamo-nos somente que a nossa felicidade consistirá em possuir a Deus, em O ver, amar e glorificar; então o desejo e a esperança do céu não impedem que o motivo dominante das nossas ações seja verdadeiramente o amor de Deus.
O Ato de Amor a Deus é a maior e mais preciosa ação que se possa ser feito, tanto no céu como na terra. A alma que faz mais Atos de Amor a Deus, é a alma mais amada por Deus no céu e na terra. O Ato de Amor a Deus é o mais poderoso e eficaz meio para chegar bem depressa, e facilmente, a mais íntima união com Deus, à mais alta santidade e à maior paz da alma. (Beato Olier).
O Ato de perfeito Amor a Deus realiza imediatamente o mistério da união da alma com Deus. E se esta alma fosse culpada dos maiores erros, ainda que numerosos, adquiriria imediatamente a Graça de Deus com este Ato, com a condição de desejar se confessar o quanto antes. Não pode comungar antes da confissão. Mas queremos dizer que feito o Ato de perfeito Amor a Deus, a alma por mais pecadora é perdoada por este Ato e se morrer antes de se confessar não vai para o inferno. Está salva.
Este ato purifica a alma dos pecados veniais, das imperfeições, dá o perdão do pecado, dá também a remissão da pena por todos os pecados e restitui os méritos perdidos. O Ato perfeito de Amor a Deus torna a dar a alma imediatamente, a inocência batismal. É este ato o meio eficaz para converter os pecadores, salvar os moribundos, libertar as almas do Purgatório, e para consolar os que sofrem, para ajudar os Padres, para ser útil às almas e à Igreja.
Um Ato perfeito de Amor a Deus aumenta a glória exterior do próprio Deus, da Santíssima Virgem e de todos os Santos do Paraíso; soergue todas as almas do Purgatório; obtém acréscimo da graça para todos os fiéis sobre a terra, reprime o poder maligno do inferno sobre as criaturas. O menor Ato de amor a Deus chega como bênção e graça até o selvagem que mora na última choupana abandonada nos limites da terra.
O Ato de Amor a Deus é o mais poderoso meio de evitar o pecado, de vencer as tentações e também para adquirir todas as virtudes e merecer todas as graças.
"O menor Ato de perfeito Amor a Deus tem mais efeito, mais merecimento e mais importância, que todas as boas obras em conjunto". (São João da Cruz) É óbvio que São João da Cruz está se referindo às obras boas mas não feitas com perfeito amor a Deus.
O Ato de Amor a Deus é a ação mais simples, mais fácil, mais curta ou rápida que se pode fazer, pois basta dizer com toda simplicidade: "Meu Deus, eu Vos amo".
É tão fácil fazer um Ato de Amor a Deus. Pode-se realizá-lo a todo momento, em todas as circunstâncias, no meio do trabalho, entre a multidão humana, seja qual for o lugar, e num instante de tempo. O Bom Deus está sempre presente, ouvindo, esperando afetuosamente colher do coração da criatura essa expressão de amor. Ele deseja somente que a alma que faz um Ato de Amor conserve-se atenta um momento para poder Ele, Deus responder-lhe por sua vez: "Eu também te amo; Eu te amo muito!"
O Ato de amor não requer esforço nem inteligência. Não interrompe a atividade, não exige fórmulas particulares.
O Ato de Amor não é um ato de sentimento; é um ato da vontade. Elevado infinitamente acima da sensibilidade e é também imperceptível aos sentidos. Basta que a alma diga ou mesmo exprima sem palavras ao bom Deus: "Meu Deus, eu Vos amo!"
Na dor sofrendo em paz e com paciência, a alma manifesta seu Ato de Amor deste modo: "Eu Vos amo Meu Deus, por isto sofro tudo por amor a Vós!"
Em meio aos trabalhos e preocupações exteriores, no cumprimento do dever cotidiano: "Meu Deus, eu vos amo, trabalho comVosco, para Vós, por Vosso Amor".
Na solidão, no isolamento, na imolação, na desolação: "Obrigado, meu Deus, sou assim mais semelhante a Jesus. Basta-me amar-Vos muito!"
Por ocasião de defeitos, mesmo graves: "Meu Deus, sou fraco, perdoai-me. Recorro a Vós, refugio-me em Vós porque Vos amo muito!"
Nas alegrias, nas horas de felicidade: "Meu Deus, obrigado por este dom. Eu Vos amo".
Quando a última hora se aproximar: "Obrigado, meu Deus por tudo. Amei-Vos sobre a terra; espero amar-Vos para sempre no Paraíso!"
Pode-se fazer o Ato de Amor a Deus de mil modos diversos. Mas ele é realizado de modo particular pela vontade sempre disposta a cumprir a Santa Vontade de Deus, de qualquer modo que ela se apresente e nos seja manifestada.
Faz-se o Ato de Amor a Deus, também, quando se cumpre mesmo uma pequenina obrigação, quando se sofre uma bem pequena pena ou frui-se qualquer ventura ou alegria, tudo por seu Amor.
"Para o bom Deus, vale mais apanhar um alfinete do chão por seu Amor, do que realizar ações notáveis por outros objetivos, ainda que honestos", - diz um santo.
Faz-se Atos de Amor a Deus todas as vezes que se Lhe diz pela vontade: "Meu Deus, eu Vos amo".
Uma pobre alma, ignorada de todos, pode fazer por dia 10.000 Atos de Amor a Deus. Na realidade, uma alma simples, e que vive no meio do mundo, e no meio da agitação e das preocupações, pode repetir cada dia 10.000 vezes: "Meu Deus, eu Vos amo".
A ALMA PODE FAZER O ATO DE AMOR A DEUS EM TRÊS GRAUS DE PERFEIÇÃO.
1º) - Vontade de sofrer quaisquer penas e até mesmo a morte para não ofender gravemente o Senhor. "Meu Deus, antes morrer que cometer um pecado mortal".
2º) - Vontade de sofrer qualquer pena e até mesmo a morte de preferência a consentir num pecado venial. "Meu Deus, antes morrer que ofender-Vos, mesmo levemente".
3º) - Vontade de escolher sempre o que for mais agradável a Deus. "Meu Deus, uma vez que Vos amo, quero somente o que quereis".
Cada um destes três atos contém um Ato perfeito de Amor a Deus.
Santo não é quem faz milagres, tem êxtases ou visões, mas quem faz mais Atos de Amor a Deus no decorrer do dia.
Santo não é quem nunca consente num pecado, mas quem faz pecados por fraqueza mas logo se reergue e encontra em sua própria fraqueza nova razão de amar ainda mais o bom Deus e de se abandonar melhor nos braços divinos.
Santo não é quem se flagela, usa de fortes mortificações ou que foge ao mundo, ou que realiza obras notáveis que maravilham os homens, mas quem diz maior número de vezes e com mais amor ao bom Deus: "Meu Deus, eu Vos amo muito, e por vosso amor, quero florescer onde me semeastes".
Santo é quem repete com maior vontade e maior número de vezes o Ato de Amor pela jornada diária afora: "Meu Deus, eu Vos amo muito".
A alma mais simples e escondida, ignorada de todos, mas que faz o maior número de Atos de Amor a Deus, é muito mais útil às almas e à Igreja do que aquelas que fazem grandes obras com menor amor.
As obras grandiosas e maravilhosas de alguns santos tiveram muito valor justamente porque tiveram como motivo o grande amor a Deus que lhes inflamava a alma.
Esta postagem é um folheto distribuído por Religiosas no alto da "Escada Santa" em Roma. Foi traduzido para o português e publicado em 1958. Recebeu para tanto o Nihil obstat do Cônego Vital B. Cavalcanti ( Censor ad hoc); e o "imprimatur" = pode imprimir-se - foi dado pelo Mons. Caruso , Vigário Geral no Rio de Janeiro.
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