LEITURA
MEDITADA - Dia 5 de fevereiro
1 - Há uma eternidade. - A razão
demonstra-me a imortalidade da minha alma; a mais evidente revelação ensina-me
a ressurreição do meu corpo e a futura eternidade de todo o meu ser. O Divino
Mestre, Nosso Senhor Jesus Cristo falou de maneira tão clara que não há
possibilidade de interpretação em outro sentido, mas literalmente deixou claro
que existe uma eternidade feliz para os bons e uma eternidade infeliz para os
maus: "E estes [os maus] irão para o
suplício eterno; e os justos para a vida eterna" (Mateus XXV, 46). Sim,
depois desta vida em que tudo passa, entrarei na eternidade em que nada passa.
Os céus e a terra, que são obra das mãos de Deus, hão de acabar; mas Deus e eu
mesmo pela disposição da suprema vontade de Deus, permanecerei. Eis o que diz o
Divino Espírito Santo nos Salma CI, 28 e 29: "Tu porém és sempre o mesmo, e os teus anos não têm fim. O filhos
dos teus servos habitarão seguros, e a sua posteridade subsistirá diante de
ti". Deus quis que a eternidade estivesse ligada com o meu ser, assim
como o está n'Ele. Portanto, Deus e o homem subsistirão eternamente.
2 - Que é a eternidade? - Com relação a
nós, a eternidade é uma duração sem fim: nada pode medi-la; um estado sempre
fixo: nada pode mudá-lo; duração que não se pode medir e estado imutável, são
as ideias mais simples e mais verdadeiras que eu posso ter da eternidade. Na
verdade é uma duração sem fim, pois, qualquer que seja o número que se lhe
ajunte, não se aumenta; qualquer que seja a quantidade que se lhe tire, não se
abrevia. Sempre! nunca! não se pode
exprimir melhor a duração da eternidade. Poder-se-ia dizer, um dia, de um
homem: "Começa a us eternidade (quando acaba de morrer)"; e nunca se
dirá com verdade, que ele chegou à terceira, à quarta parte, que percorreu a
milésima parte da sua eternidade, ela estará sempre para ele tão inteira como
no momento em a principiou. Quanto tempo estará um santo gozando da sua suprema
felicidade no Céu? Sempre. Quando vai
acabar ou mesmo diminuir esta felicidade?
Nunca! Quanto tempo estará o condenado nos tormentos? Sempre! Quando vão acabar estes
sofrimentos ou, ao menos, diminuir? Nunca!
A eternidade nunca acaba e nunca muda. O Divino Espírito Santo no Livro do
Eclesiastes XI, 3, faz a seguinte comparação: " Se a árvore cair para a parte do meio-dia
ou para a do norte, em qualquer lugar onde cair, aí ficará". Quantas
gotas d'água há nos oceanos, quantos grãos de areia há em todas as praias,
quantas folhas de todas as árvores no mundo, quantas letras em todos os livros
e computadores da terra, tudo isto multiplicado por milhões de séculos não é
nada em comparação da eternidade. As
mudanças são próprias da nossa condição presente; a imutabilidade está ligada
ao nosso destino futuro. Aqui, as horas seguem-se umas às outras, sem se
ajuntarem; lá, tudo é invariável e permanente. Nenhuma mudança há de temer no
Céu; nenhuma mudança a esperar no inferno. Há uma coisa terrível na eternidade
infeliz: assim como há a eternidade do sofrimento, há também o sofrimento da
eternidade. A esperança de acabar um dia o sofrimento, não deixa de ser um
alívio. Pois bem, no inferno não há esta esperança.
Caríssimos, para terminar, quero fazer uma pergunta. Não há outra
alternativa: um dia cairei na eternidade. Qual será a minha eternidade? Ainda
bem que só depende de mim! E não posso esquecer nunca : há um só passo entre
mim e a eternidade. Pelo que acabamos de meditar devemos concluir que, em se
tratando de eternidade, todo cuidado é pouco. E não esqueçamos mais uma
verdade: não se pode voltar atrás. "A
vós que sois meus amigos, disse Jesus, quero dizer que não deveis temer aqueles
que só podem tirar a vida corporal e nada mais podem fazer; direi a quem deveis
temer: temei Aquele que tem poder de tirar a vida e depois lançar no inferno o
corpo e a alma".
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