quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MEIOS SOBRENATURAIS CONCEDIDOS AO HOMEM PARA ALCANÇAR O SEU FIM ÚLTIMO

LEITURA MEDITADA - Dia 3 de fevereiro

Deus, que é Pai, concede-nos a sua graça e dá-Se a si mesmo ao homem. Quis ser o nosso fim e também o Meio para chegarmos a Ele. "Amou-nos tanto, que nos deu o seu Filho unigênito" (João, III, 16).

   1º - Deus concede a sua graça. São todos os auxílios que nos são dados, pelos merecimentos de Jesus Cristo, para nos conduzirem à salvação: graças exteriores: como a palavra de Deus, os exemplos do Salvador e dos Santos, as ocasiões favoráveis que nos são oferecidas para nos santificarmos; tudo o que, fora de nós, pode nos desviar-nos do mal, e induzir-nos ao bem.

  Graças interiores: graça habitual, graça atual; luz que nos ilumina, moção interior que nos move. Temores, desejos, impressões salutares; tudo o que nos desapega das criaturas e de nós mesmos, para nos unir a Deus; tudo o que nos mantém na prática da virtude, e nos ajuda a vencer as tentações. E, meditando sobre a graça, podemos pensar no que Jesus disse a mulher samaritana: "Ó se tu conhecesses o dom de Deus!" (Jo. IV, 10). Na verdade, a graça é um bem, que excede, sem comparação, todos os tesouros do mundo; e esta graça é oferecida a todos, sob tantas formas diversas! Deus concede-ma com prodigalidade: os  exercícios de piedade todos os dias, para muitos há a possibilidade da santa missa também todos os dias, ou, ao menos, frequentemente; quase a todo momento, alguma luz da verdade, alguma santa inspiração. E qual tem sido minha correspondência? Receio muito, que Deus lance o mesmo anátema que a Saul: "Como tu rejeitaste a palavra do Senhor, o Senhor te rejeitou a ti; as graças e os favores novos, que eu te destinava, dei-os a outro melhor que tu" (1 Reis XV, 23 e 28). Caríssimos, pode alguém reconhecer-se infiel à graça, e não tremer, vendo este precioso dom passar de Heli a Samuel, de Saul a Davi, de Judas Iscariotes a S. Matias? Mas, Senhor, já que vos lembrais da vossa misericórdia, ainda quando estais irado (Habacuc, III, 2) suplico-Vos que me faleis de novo; o vosso servo escuta-Vos com um coração dócil.
   2º - Deus dá-se a si mesmo. - A liberalidade de Deus para com o homem chegou ao mais prodigioso excesso. Achou que era pouco ter-nos dado os Anjos para nossa guarda, e ter posto ao nosso serviço, as suas inumeráveis criaturas; quis, Ele que é o nosso fim, ser, também, o nosso meio.  "Deus amou-nos de tal modo que nos deu o seu Filho Unigênito" (Jo III, 16). Este filho adorável deu-se a si próprio: " (Tit. II, 14). Nascendo no presépio de Belém, fez-se nosso irmão; no Cenáculo, nosso alimento; no Calvário morrendo na cruz, fez-se nosso resgate; reinado no Céu dá-se-nos como nosso prêmio eterno.  E este dom máximo de si mesmo é justamente para nos facilitar a salvação, isto é, como meio de soberana eficácia.
Tendo a Jesus, que nos falta, para preenchermos todas as condições da salvação? É na verdade, a inefável misericórdia de Nosso Pai do Céu! Eis: O Eterno Pai diz-me: Toma o meu Filho, dou-to; o Filho diz: Toma-me, e oferece-me, por ti, a meu Pai. Meditemos nisto: sem Jesus Cristo, que valeriam as minhas adorações, as minhas ações de graças, as minhas orações, as minhas satisfações? Mas, quando uno o meu pensamento ao pensamento de Jesus Cristo, os meus afetos aos seus, as minhas fracas penitências às suas infinitas satisfações,  os testemunhos do meu respeito, do meu amor aos que Ele mesmo oferece a seu Eterno Pai, em seu nome, e em nome de todos os seus membros; quando uno a minha oração à sua, a voz do meu coração contrito à voz do seu sangue: é óbvio que o Pai fica satisfeito; e, assim, já não temo que rejeite as minhas homenagens e as minhas petições! Sou muito feliz em ter certeza que assim posso cobrir a minha soberba com a humildade do meu Salvador, as minhas revoltas com a sua obediência, as minhas culpas com a sua santidade, a minha vida abominável com a sua vida adorável! Assim, não obstante o meu nada e a minha profunda indignidade, posso desempenhar-me para com o meu Deus. Basta recorrer ao seu Filho; n'Ele encontro tudo o que me falta a mim.

Caríssimos, tomemos a resolução de nos unirmos muitas vezes, a Jesus Cristo, à sua intenção, à sua ação. Façamo-lo principalmente quando participarmos da Santa Missa. Amém!

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