SENTENÇA: 1 - "Salvou-nos mediante o batismo de regeneração e de renovação do
Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós abundantemente por Jesus Cristo,
Nosso Salvador" (Tt III, 5 e 6).
REFLEXÕES: S. Agostinho, explicando as palavras "derramou com
abundância", acrescentou o comentário: "isto quer dizer, para
remissão dos pecados e abundância de
virtudes.
Deus,
Bondade infinita, depois de ter criado o homem com dons naturais espirituais e
extraordinários (a inteligência para conhecer a verdade; a vontade para desejar
e amar o bem) na sua infinita liberalidade, quis vir morar em nós. E mais: veio
para nos santificar e tornar o homem seu filho, e, portanto, herdeiro de seu
reino. Em outras palavras: quis tornar-nos participantes da sua Vida, da sua
Natureza e assim divinizar a criatura humana e torná-la semelhante a Si,
dando-lhe a capacidade de fazer obras meritórias para o Céu.
Para tanto,
o nosso Pai do Céu, elevou as nossas faculdades naturais (de si boas, porque
feitas por Ele) a uma ordem acima da natureza, i, é, SOBRENATURAL. A graça
santificante é o princípio vital desta vida que está acima de toda natureza
criada. Juntamente com esta graça habitual que recebemos no santo Batismo, Deus
infunde na alma as virtudes teologais, e, segundo doutrina comum dos teólogos,
também as cardeais.
Virtude é
uma disposição habitual e firme de fazer o bem. Há as virtudes morais (humanas)
e as teologais (divinas). As humanas (das quais as principais são as cardeais:
prudência, justiça, fortaleza e temperança) são perfeições habituais e estáveis
da inteligência e da vontade, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas
paixões e orientam a nossa conduta em conformidade com a razão e a fé. As
teologais (fé, esperança, caridade) têm como origem, motivo e objeto imediato o
próprio Deus (teologal=que se refere a Deus). Infundidas no homem com a graça
santificante, elas nos tornam capazes de viver em relação com a SS. Trindade e
fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes morais.
Observação
importante: Estas virtudes cardeais infundidas por Deus juntamente com a graça
santificante não nos dão a facilidade, mas o
poder sobrenatural próximo de praticar atos sobrenaturais. Ao chegar ao uso da razão, iluminado e movido
pelas graças atuais, será necessário que o homem repita atos destas virtudes e
assim, adquira o hábito delas, isto é, uma facilidade em colocar em prática aquele
poder infundido por Deus.
Com os atos
relativos a cada virtude teologal, porém, nós não as adquirimos, mas
exercitamo-las.
EXEMPLOS: 1
- Um dia um menino de Turim, o Marques Máximo de Azeglio, dirigiu às
pessoas de sua família esta pergunta: "Somos nobres?" O seu pai
respondeu: "Serás nobre se fores virtuoso!"
Este pai
disse uma grande verdade. Eram marqueses e, portanto, de linhagem nobre. Mas,
na verdade, a nobreza da linhagem nenhum mérito tem perante Deus, ao passo que
só a da alma, dada precisamente pela prática da virtude, tem grande valor
perante Deus.
2 - A
princesa Luíza de França (que mais tarde havia de entrar no Carmelo para expiar
os crimes de seu pai o Rei Luis XV) um dia, num momento de cólera, disse para
sua ama: "Não sabes que sou a filha de teu rei? --- E vós, replicou a ama,
não sabeis que sou filha de vosso Deus?
A esta
resposta inesperada, que lhe recordou a sua fé e a sua origem divina, a
irascível princesa instantaneamente se acalmou e passou a meditar na verdadeira
nobreza de ser filha de Deus. Terminou se convertendo, como veremos no próximo
artigo.
"O fim de uma vida virtuosa, diz S. Gregório de Nissa, consiste
em se tornar semelhante a Deus" Amém!
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