SENTENÇA:"Ó se conhecêsseis o dom de Deus!" (Jo IV, 10).
REFLEXÕES: Poderíamos dirigir às multidões
pecadoras e sedentas de felicidade, o mesmo lamento que Jesus Cristo expressou
à mulher samaritana: "Ó se conhecêsseis o dom de Deus!". Porque não conhecem o valor da graça divina,
muitos e muitos trocam-na por ninharia, um fumo subtil, um punhado de terra, um
deleite irracional.
A graça santificante,
vida da alma, participação real, embora limitada da própria natureza divina, é
um tesouro de valor infinito, que nos torna dignos da amizade de Deus. O
próprio Jesus Cristo disse: "Quem é
meu amigo, guarda os meus mandamentos". Se estou na graça de Deus, sou
amigo de Deus, sou seu filho. Filho adotivo, na verdade, mas esta adoção é
infinitamente superior à da terra, porque esta
é só questão de assinatura de um documento (o sangue é outro). A adoção
pela graça, porém, é uma participação REAL da natureza de Deus: "participantes da natureza divina" (Cf.
II Pe I, 4). Tanta é esta dignidade que Jesus Cristo no-la mereceu por sua
Paixão! Jesus Cristo nos comunicou, de certo modo, o resplendor que recebeu de
Deus: "Eu (disse Jesus
dirigindo-se a seu Pai) dei-lhes a glória
que tu me deste, para que sejam um, como também nós somos um" (Jo
XVII, 22). A alma que está na graça está
intimamente unida a Deus: "Ao que
está unido ao Senhor é um só espírito com ele" (1 Cor. VI, 17). O
próprio Jesus disse que a Santíssima Trindade vem habitar na alma que está no
estado de graça: "Aquele que retém
os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me ama, será
amado por meu Pai, e eu o amarei (também), e me manifestarei a ele... Se alguém
me ama, guardará a minha palavra, meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos
nele morada" (Jo XIV, 22).
"Que
tesouros de merecimentos, diz S. Afonso de Ligório, pode adquirir uma alma em
estado de graça! Em cada instante lhe é dado merecer a glória; pois, segundo
disse S. Tomás de Aquino, cada ato de amor, produzido por tais almas, merece a
vida eterna". Estando na graça de Deus, podemos adquirir continuamente as
maiores grandezas celestes.
"Muita
paz aos que amam a tua lei" (Sl 118, 165). A paz que provém dessa união com Deus excede a quantos prazeres
possam oferecer os sentidos e o mundo: "E
a paz de Deus, que está acima de todo o entendimento, guarde os vossos corações
e os vossos espíritos em Jesus Cristo" (Fl IV, 7).
Donde,
devemos pedir sempre o amor de Deus, a sua graça e a perseverança neles; pedir
forças a Nosso Senhor para sofrermos com paciência todas as cruzes que Ele nos
destinar, já que merecemos a separação e o fogo eternos se perdida a graça
tivéssemos morrido assim. Devemos estar resolvidos a servir unicamente a Jesus
Cristo, mesmo que for necessário vencer todo respeito humano. Devemos procurar
agradar só a Jesus, e fazer de tudo para evitar o pecado mortal, e lutar também
por evitar o venial.
Só quero
viver na graça de Deus, e quero, pelas graças atuais, crescer sempre mais na
graça santificante.
EXEMPLO: 1 - A irmã Carmelita Santa Maria Madalena
de Pazzi recebeu um dia de Deus uma revelação especial acerca da suprema
preciosidade e beleza da graça santificante na alma. Entrou em êxtase. Tornada
a si, a santa, não podendo descrever quanto vira, porque não encontrava
palavras apropriadas, contentou-se em dizer que "se uma alma, adornada com
a graça santificante, conhecesse o amor e a estima que goza junto de Deus,
morreria por excesso de alegria; e disse
que, caso oposto, "desejaria voltar para o nada, se visse a sua fealdade
quando está privada da graça".
2 - Dizia S.
Brígida que ninguém seria capaz de ver a beleza de uma alma em estado de graça,
sem morrer de alegria. Santa Catarina de Sena, ao contemplar uma alma em estado
tão feliz, disse que preferia dar sua vida para que aquela alma jamais viesse a
perder tanta beleza. Era por isso que a Santa beijava a terra que os sacerdotes
pisavam, considerando que por seu intermédio recuperavam as almas a graça de
Deus. Amém!
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