quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A GRAÇA SANTIFICANTE EXPLICADA ATRAVÉS DE COMPARAÇÕES


SENTENÇA: "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, o qual, quando um homem o acha, esconde-o, e, contente com o achado, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um mercador que busca pérolas preciosas, e, tendo achado uma de grande valor, vai, vende tudo o que tem e a compra" (Mt XIII, 44-46).

REFLEXÕES: Jesus compara a graça santificante a um tesouro e a uma pérola de grande valor. Depois do próprio Jesus, nada existe mais precioso sobre a face da Terra.

 Compara-a também a uma água viva que jorra para a vida eterna (Jo IV, 4). Na verdade, é pela graça que entramos na família de Deus. Somos seus filhos e, portanto, irmãos de Jesus Cristo. E assim, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo. Pela graça santificante, participamos da própria natureza divina. Pode haver tesouro maior do que este? A graça santificante dará à alma a posse da vida eterna no céu, onde a sede de felicidade e de amor será saciada inteira e eternamente, pela visão beatífica de Deus face à face.

Os Santos Padres e teólogos fazem, outrossim, muitas comparações sobre a graça santificante no intuito de dar uma ideia mais clara deste dom extraordinário. Eis algumas:

1ª - A alma em estado de graça é semelhante a um globo de cristal iluminado pelo sol. Este cristal transparente recebe a luz do sol e é como que penetrado por ele e assim adquirindo um brilho incomparável que em seguida difunde em torno. Na verdade, a alma recebe a luz divina, resplandece com vivíssimo clarão e reflete-o sobre os objetos que a rodeiam.

2ª - A graça santificante penetra no íntimo da alma: Assim como uma barra de ferro, metida numa fornalha ardente, adquire o brilho, o calor e a maleabilidade do fogo, assim a nossa alma, mergulhada na fornalha do amor divino, ali se purifica das escórias, tornando-se brilhante, ardente e dócil às divinas inspirações. A barra de ferro, sem deixar de ser o que é, parece-se com o fogo, de tal modo é penetrada por ele. Mas, retirada da fornalha, volta a ser feia e fria.

3ª - Há teólogos que comparam a graça ao enxerto. Fazem-no para mostrar que a graça é uma vida nova. A nossa alma é a árvore silvestre. A graça santificante é o enxerto divino. Assim como o enxerto não confere à árvore selvagem toda a vida da espécie a quem o foram buscar, senão tão somente uma ou outra das suas propriedades vitais, assim a graça santificante não nos dá toda a natureza de Deus, mas alguma coisa da Sua vida, que constitui para nós uma vida nova, i. é, uma participação real mas limitada da vida de Deus.

4ª - A graça santificante é já uma preparação para a visão beatífica no Céu. Neste sentido, é comparada ao botão que já contém a flor, embora vá desabrochar só lá no Paraíso. Assim, a graça habitual é chamada também de SEMENTE DA GLÓRIA. A graça santificante é uma semente lançada em nós para aí fazer germinar a vida celeste.

EXEMPLO: I Rs XVI narra como Elias ressuscitou o filho da viúva de Sarepta;  II Rs IV, 32 e 35 conta como Eliseu ressuscitou o filho da mulher Sunamita que o hospedava. O profeta estendeu-se sobre o menino morto, aplicou a boca, as mãos, os olhos sobre a cabeça, as mãos e os olhos da criança e esta voltou à vida. Assim, o Espírito Santo faz o mesmo para ressuscitar a alma para a vida divina mediante a sua graça: inclina-se para a alma, sua imagem; aplica sua boca à nossa para se insuflar em nós; põe os seus olhos sobre os nossos, i. é, dá-nos o conhecimento de si mesmo; junta as suas mãos às nossas, dando-nos a sua força divina. A nossa alma renasce assim para uma nova vida. A alma vive em Deus e Deus nela (C. Spirago).

Senhor, fazei que eu me apresente a Vós no Banquete Eterno, revestido da cândida veste nupcial! Amém! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário