SENTENÇA: "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, o
qual, quando um homem o acha, esconde-o, e, contente com o achado, vai, vende
tudo o que tem, e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a
um mercador que busca pérolas preciosas, e, tendo achado uma de grande valor,
vai, vende tudo o que tem e a compra" (Mt XIII, 44-46).
REFLEXÕES: Jesus compara a graça santificante a
um tesouro e a uma pérola de grande valor. Depois do próprio Jesus, nada existe
mais precioso sobre a face da Terra.
Compara-a também a uma água viva que jorra
para a vida eterna (Jo IV, 4). Na verdade, é pela graça que entramos na família
de Deus. Somos seus filhos e, portanto, irmãos de Jesus Cristo. E assim, somos
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo. Pela graça santificante,
participamos da própria natureza divina. Pode haver tesouro maior do que este? A
graça santificante dará à alma a posse da vida eterna no céu, onde a sede de
felicidade e de amor será saciada inteira e eternamente, pela visão beatífica
de Deus face à face.
Os Santos
Padres e teólogos fazem, outrossim, muitas comparações sobre a graça
santificante no intuito de dar uma ideia mais clara deste dom extraordinário.
Eis algumas:
1ª - A alma
em estado de graça é semelhante a um globo de cristal iluminado pelo sol. Este
cristal transparente recebe a luz do sol e é como que penetrado por ele e assim
adquirindo um brilho incomparável que em seguida difunde em torno. Na verdade,
a alma recebe a luz divina, resplandece com vivíssimo clarão e reflete-o sobre
os objetos que a rodeiam.
2ª - A graça
santificante penetra no íntimo da alma: Assim como uma barra de ferro, metida
numa fornalha ardente, adquire o brilho, o calor e a maleabilidade do fogo,
assim a nossa alma, mergulhada na fornalha do amor divino, ali se purifica das
escórias, tornando-se brilhante, ardente e dócil às divinas inspirações. A
barra de ferro, sem deixar de ser o que é, parece-se com o fogo, de tal modo é
penetrada por ele. Mas, retirada da fornalha, volta a ser feia e fria.
3ª - Há
teólogos que comparam a graça ao enxerto. Fazem-no para mostrar que a graça é uma vida nova. A nossa alma é
a árvore silvestre. A graça santificante é o enxerto divino. Assim como o
enxerto não confere à árvore selvagem toda a vida da espécie a quem o foram
buscar, senão tão somente uma ou outra das suas propriedades vitais, assim a
graça santificante não nos dá toda a natureza de Deus, mas alguma coisa da Sua vida, que constitui para nós uma vida nova, i.
é, uma participação real mas limitada da vida de Deus.
4ª - A graça
santificante é já uma preparação para a visão beatífica no Céu. Neste sentido,
é comparada ao botão que já contém a flor, embora vá desabrochar só lá no
Paraíso. Assim, a graça habitual é chamada também de SEMENTE DA GLÓRIA. A graça
santificante é uma semente lançada em nós para aí fazer germinar a vida
celeste.
EXEMPLO: I Rs XVI narra como Elias ressuscitou
o filho da viúva de Sarepta; II Rs IV,
32 e 35 conta como Eliseu ressuscitou o filho da mulher Sunamita que o
hospedava. O profeta estendeu-se sobre o menino morto, aplicou a boca, as mãos,
os olhos sobre a cabeça, as mãos e os olhos da criança e esta voltou à vida.
Assim, o Espírito Santo faz o mesmo para ressuscitar a alma para a vida divina
mediante a sua graça: inclina-se para a alma, sua imagem; aplica sua boca à
nossa para se insuflar em nós; põe os seus olhos sobre os nossos, i. é, dá-nos
o conhecimento de si mesmo; junta as suas mãos às nossas, dando-nos a sua força
divina. A nossa alma renasce assim para
uma nova vida. A alma vive em Deus e Deus nela (C. Spirago).
Senhor, fazei que eu me apresente a Vós no Banquete Eterno, revestido da cândida veste nupcial! Amém!
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