segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A PERDA DA GRAÇA SANTIFICANTE

SENTENÇA: "Mas são as vossas iniquidades que puseram uma separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados são os que lhe fizeram esconder de vós a sua face, para não vos ouvir" (Is 59, 2).

REFLEXÕES: Quão infeliz é a alma que cai em pecado mortal, que assim atrai o desagrado do próprio Deus. A pessoa que vive em pecado mortal, vive separado de seu Sumo Bem, que é Deus. Ela não é de Deus, nem Deus é seu. "E o Senhor disse a Oséias: Põe-lhe o nome de Não-meu-povo porque vós já não sois meu povo e eu não serei mais vosso (Deus)" (Os I, 9). Falando contra os pecados de idolatria diz a Sagrada Escritura: "Deus aborrece igualmente o ímpio e a sua impiedade". Se alguém tem por inimigo a um príncipe do mundo, não pode repousar tranquilo, receando a cada instante a morte. E aquele que foi inimigo de Deus, como pode ter paz? Pode-se escapar das mãos dos homens, mas das de Deus não: "A todo e qualquer lugar aonde vá, tua mão alcançar-me-á. E disse: Talvez me ocultarão as trevas; mas a noite converte-se em claridade para me descobrir no meio dos meus prazeres" (Sl 138, 10 e 11).

Além disso, a pessoa que vive no pecado mortal, traz consigo a perda de todos os merecimentos. Ainda que tivesse merecido tanto como uma S. Teresinha do Menino Jesus, um Santo Cura d'Ars, e até tanto como S. Paulo, se tal pessoa cometesse um só pecado mortal, perderia tudo. De filho de Deus, o pecador converte-se em escravo do demônio; de amigo predileto torna-se odioso inimigo; de herdeiro da glória, em condenado do inferno.

Como é triste a gente ver como os homens em geral, no mundo, choram por ter perdido algo de valor e/ou de estimação. Vi na Internet um sujeito chorando porque perdeu seu macaco de estimação. Aliás S. Agostinho já dizia: "Aquele que perde um cavalo, uma ovelha, já não come, já não descansa , mas chora e lastima-se. Mas se perde a graça de Deus, come, dorme e não se queixa!". S. Francisco de Sales dizia: "Se os anjos pudessem chorar, certamente chorariam de compaixão ao verem a desdita de uma alma que comete um pecado mortal e perde a graça divina". E S. Afonso comenta: "Entretanto, a maior tristeza é que os anjos chorariam, se pudessem chorar, e o pecador não chora".

Ó meu dulcíssimo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, se na vida passada meu coração andou mal, amando as criaturas e as vaidades do mundo, de agora em diante, só viverei para Vós e só a Vós amarei, meu Deus, meu tesouro, minha esperança e minha fortaleza. Inflamai meu coração em vosso santo amor. Maria, minha Mãe, fazei que minha alma arda em amor de Deus.

EXEMPLO: Conta S. Jerônimo que no tempo dele era permitido aos judeus de pisar o lugar de Jerusalém destruída, só uma vez ao ano, no aniversário da conquista da cidade. Nesse dia, apareciam grandes multidões de judeus, homens, mulheres, jovens e velhos, pais e filhos, trajando todos de luto, com o cabelo desgrenhado e olhos baixos, pálidas de amargura entrando processionalmente na cidade com muitas lamentações e gritos de dor. Mal entravam no recinto da destruída Capital, estourava um alarido de partir o coração; batiam violentamente aos peitos com suspiros e gemidos, arrancavam o cabelo da cabeça, correndo com gestos de desesperados pelos sítios da cidade em busca dos lugares santos dos seus antepassados. Não achando mais vestígios do antigo Templo, duplicavam os gritos de tristeza e desespero, enchendo as ruas e vielas de choros e lamentações. Assim permanecia o povo o dia inteiro, da manhã até a noite, até serem obrigados pelos soldados a retirar-se quando o sol já ia em declínio. Repetidas vezes davam aos soldados somas avultadas para que lhes concedessem a graça de permanecer mais um pouco, chorando ainda algum tempo a perda da santa Cidade de Jerusalém (S. Hieron. im cap. I. Sophon.).

Pobre pecador: se assim os judeus lastimavam a perda temporal de uma cidade como hás de chorar tu um dia, e isso sem mais remédio a perda da eterna e ditosa Jerusalém Celeste, se não te converteres a tempo. Faze já penitência e não perderás a felicidade suprema. (P. Miguel Meier, S. J. "A CATEQUESE"). Amém!.

  

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