SENTENÇA: "Mas são as vossas iniquidades que puseram uma separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados são os que lhe fizeram esconder de vós a sua face, para não vos ouvir" (Is 59, 2).
REFLEXÕES: Quão infeliz é a alma que cai em
pecado mortal, que assim atrai o desagrado do próprio Deus. A pessoa que vive
em pecado mortal, vive separado de seu Sumo Bem, que é Deus. Ela não é de Deus,
nem Deus é seu. "E o Senhor disse a
Oséias: Põe-lhe o nome de Não-meu-povo porque vós já não sois meu povo e eu não
serei mais vosso (Deus)" (Os I, 9). Falando contra os pecados de
idolatria diz a Sagrada Escritura: "Deus
aborrece igualmente o ímpio e a sua impiedade". Se alguém tem por
inimigo a um príncipe do mundo, não pode repousar tranquilo, receando a cada
instante a morte. E aquele que foi inimigo de Deus, como pode ter paz? Pode-se
escapar das mãos dos homens, mas das de Deus não: "A todo e qualquer lugar aonde vá, tua mão alcançar-me-á. E disse:
Talvez me ocultarão as trevas; mas a noite converte-se em claridade para me
descobrir no meio dos meus prazeres" (Sl 138, 10 e 11).
Além disso,
a pessoa que vive no pecado mortal, traz consigo a perda de todos os
merecimentos. Ainda que tivesse merecido tanto como uma S. Teresinha do Menino
Jesus, um Santo Cura d'Ars, e até tanto como S. Paulo, se tal pessoa cometesse
um só pecado mortal, perderia tudo. De filho de Deus, o pecador converte-se em
escravo do demônio; de amigo predileto torna-se odioso inimigo; de herdeiro da
glória, em condenado do inferno.
Como é
triste a gente ver como os homens em geral, no mundo, choram por ter perdido
algo de valor e/ou de estimação. Vi na Internet um sujeito chorando porque
perdeu seu macaco de estimação. Aliás S. Agostinho já dizia: "Aquele que
perde um cavalo, uma ovelha, já não come, já não descansa , mas chora e
lastima-se. Mas se perde a graça de Deus, come, dorme e não se queixa!".
S. Francisco de Sales dizia: "Se os anjos pudessem chorar, certamente
chorariam de compaixão ao verem a desdita de uma alma que comete um pecado
mortal e perde a graça divina". E S. Afonso comenta: "Entretanto, a
maior tristeza é que os anjos chorariam, se pudessem chorar, e o pecador não
chora".
Ó meu
dulcíssimo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, se na vida passada meu coração
andou mal, amando as criaturas e as vaidades do mundo, de agora em diante, só
viverei para Vós e só a Vós amarei, meu Deus, meu tesouro, minha esperança e
minha fortaleza. Inflamai meu coração em vosso santo amor. Maria, minha Mãe,
fazei que minha alma arda em amor de Deus.
EXEMPLO: Conta S. Jerônimo que no tempo dele
era permitido aos judeus de pisar o lugar de Jerusalém destruída, só uma vez ao
ano, no aniversário da conquista da cidade. Nesse dia, apareciam grandes
multidões de judeus, homens, mulheres, jovens e velhos, pais e filhos, trajando
todos de luto, com o cabelo desgrenhado e olhos baixos, pálidas de amargura
entrando processionalmente na cidade com muitas lamentações e gritos de dor.
Mal entravam no recinto da destruída Capital, estourava um alarido de partir o
coração; batiam violentamente aos peitos com suspiros e gemidos, arrancavam o
cabelo da cabeça, correndo com gestos de desesperados pelos sítios da cidade em
busca dos lugares santos dos seus antepassados. Não achando mais vestígios do
antigo Templo, duplicavam os gritos de tristeza e desespero, enchendo as ruas e
vielas de choros e lamentações. Assim permanecia o povo o dia inteiro, da manhã
até a noite, até serem obrigados pelos soldados a retirar-se quando o sol já ia
em declínio. Repetidas vezes davam aos soldados somas avultadas para que lhes
concedessem a graça de permanecer mais um pouco, chorando ainda algum tempo a
perda da santa Cidade de Jerusalém (S. Hieron. im cap. I. Sophon.).
Pobre
pecador: se assim os judeus lastimavam a perda temporal de uma cidade como hás
de chorar tu um dia, e isso sem mais remédio a perda da eterna e ditosa
Jerusalém Celeste, se não te converteres a tempo. Faze já penitência e não
perderás a felicidade suprema. (P. Miguel Meier, S. J. "A CATEQUESE").
Amém!.
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