LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, dia 26º
"Aprendei de mim
que sou manso e humilde de coração". Nosso Senhor Jesus Cristo, na
verdade, é o modelo perfeito de todas as virtudes. No entanto quis fazer menção
especial da humildade e da mansidão, virtudes estas que podemos chamar de
irmãs. Os teólogos dizem que a humildade
com sua forma própria não se encontra em Deus, porque ela supõe pequenez
e inferioridade. Como a humildade é a verdade, ela só se aplica a nós homens
porque a verdade é que somos nada e um nada pecador. Reconhecer isto é
humildade de inteligência mas ainda não é virtude. Aceitar ser tratado assim
como pecadores e nada merecedores de elogios é a virtude da humildade. A virtude está na vontade. Reconhecer que o que temos de bom não é nosso mas vem de Deus é também
humildade, porque esta é a verdade: por nós mesmos não podemos ter nem sequer um
bom pensamento. Toda nossa capacidade para o bem vem de Deus. São Paulo diz: "Que tens tu, que não recebesses? E, se o recebeste, porque te glorias, como se o não tiveras recebido? (1 Cor., IV, 7).
A criatura, com efeito, se quiser ser justa e veraz, deve
reconhecer que Deus é tudo e que ela é nada; que toda força, toda a virtude,
toda a beleza, toda a bondade provêm de Deus, e que, por si mesma, não é senão
fraqueza e miséria, ou antes é o próprio nada. A criatura, se quiser ser justa
e sincera, não pode desconhecer as grandezas de Deus; e diante d'Ele deve se
aniquilar. Deus é santo, a criatura é pecadora; Deus é a Justiça e a Bondade, e
ela, injustiça e egoísmo; que Deus é paz e misericórdia, e ela, ira e maldade.
Até aqui falamos de uma humildade comum. Há uma humildade
muito mais perfeita, mais difícil e consequentemente mais meritória. Consiste
em nos rebaixarmos além do que merecemos. Jesus Cristo é o modelo acabado dessa
humildade. O Homem-Deus, o Verbo Encarnado, como escreveu S. Paulo, humilhou-se
até ao aniquilamento: "Tende entre
vós os mesmos sentimentos que houve em Jesus Cristo, o qual, existindo no forma
(=natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus,
mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante
aos homens e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo,
feito obediente até a morte, e morte de cruz!" (Filipenses, II, 5-8).
Na verdade, já desde o início de sua vida terrestre, o
Verbo, fazendo-se carne praticou um ato sublime de humildade. E toda Sua vida
foi uma série de atos de humildade. Entregou o seu espírito como fez ao
recebê-lo no início (Eis que venho, ó Pai, para fazer a Vossa vontade", e
fez-se obediente até a morte, e morte de cruz, que é a mais humilhante.
Em Jesus a natureza humana deixou livre campo à graça para
realizar suas obras enquanto a vontade humana de Jesus foi plenamente submissa
à vontade divina: "Seja feita a vossa vontade e não a minha", esta
oração do Horto das Oliveiras é o resumo de toda a vida do Divino Mestre.
Nas leituras anteriores meditamos como o Coração de Jesus
sempre renunciou à estima, à consideração, à reputação, coisas estas de que os
homens se mostram tão ciosos. Os Santos
contemplando sempre este Divino Modelo de infinita humildade, se tornaram tão
humildes, que às vezes, os mundanos são tentados a tachá-los até de loucos,
quando eles mesmos, ou seja, os santos consideravam uma verdadeira loucura, pretender elogios e estima sendo como eram um
nada criminoso, enquanto que Jesus, a própria inocência e santidade, fez-se
obediente até à morte e morte de cruz.
Caríssimos, já que Deus só dá sua graça e sua luz aos
humildes, peçamos sempre a humildade. Pedindo, pois, a humildade, pedimos uma
riqueza espiritual que vale bem longos anos de súplica. Deus nos dará a graça
das ocasiões de praticarmos a humildade através das humilhações que sofrermos.
Não deixemos passar estas graças, que elas não sejam vãs em nós. Rezemos sempre
com grande desejo e sinceridade: "Jesus, manso e humilde de coração! Fazei
o meu coração semelhante ao Vosso!" Amém!
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