sexta-feira, 26 de julho de 2019

O CORAÇÃO DE JESUS E A HUMILDADE

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, dia 26º

"Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração". Nosso Senhor Jesus Cristo, na verdade, é o modelo perfeito de todas as virtudes. No entanto quis fazer menção especial da humildade e da mansidão, virtudes estas que podemos chamar de irmãs. Os teólogos dizem que a humildade  com sua forma própria não se encontra em Deus, porque ela supõe pequenez e inferioridade. Como a humildade é a verdade, ela só se aplica a nós homens porque a verdade é que somos nada e um nada pecador. Reconhecer isto é humildade de inteligência mas ainda não é virtude. Aceitar ser tratado assim como pecadores e nada merecedores de elogios é a virtude da humildade. A virtude está na vontade. Reconhecer que o que temos de bom não é nosso mas vem de Deus é também humildade, porque esta é a verdade: por nós mesmos não podemos ter nem sequer um bom pensamento. Toda nossa capacidade para o bem vem de Deus. São Paulo diz: "Que tens tu, que não recebesses? E, se o recebeste, porque te glorias, como se o não tiveras recebido? (1 Cor., IV, 7).

A criatura, com efeito, se quiser ser justa e veraz, deve reconhecer que Deus é tudo e que ela é nada; que toda força, toda a virtude, toda a beleza, toda a bondade provêm de Deus, e que, por si mesma, não é senão fraqueza e miséria, ou antes é o próprio nada. A criatura, se quiser ser justa e sincera, não pode desconhecer as grandezas de Deus; e diante d'Ele deve se aniquilar. Deus é santo, a criatura é pecadora; Deus é a Justiça e a Bondade, e ela, injustiça e egoísmo; que Deus é paz e misericórdia, e ela, ira e maldade.

Até aqui falamos de uma humildade comum. Há uma humildade muito mais perfeita, mais difícil e consequentemente mais meritória. Consiste em nos rebaixarmos além do que merecemos. Jesus Cristo é o modelo acabado dessa humildade. O Homem-Deus, o Verbo Encarnado, como escreveu S. Paulo, humilhou-se até ao aniquilamento: "Tende entre vós os mesmos sentimentos que houve em Jesus Cristo, o qual, existindo no forma (=natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz!" (Filipenses, II, 5-8).

Na verdade, já desde o início de sua vida terrestre, o Verbo, fazendo-se carne praticou um ato sublime de humildade. E toda Sua vida foi uma série de atos de humildade. Entregou o seu espírito como fez ao recebê-lo no início (Eis que venho, ó Pai, para fazer a Vossa vontade", e fez-se obediente até a morte, e morte de cruz, que é a mais humilhante.

Em Jesus a natureza humana deixou livre campo à graça para realizar suas obras enquanto a vontade humana de Jesus foi plenamente submissa à vontade divina: "Seja feita a vossa vontade e não a minha", esta oração do Horto das Oliveiras é o resumo de toda a vida do Divino Mestre.

Nas leituras anteriores meditamos como o Coração de Jesus sempre renunciou à estima, à consideração, à reputação, coisas estas de que os homens se mostram tão ciosos.  Os Santos contemplando sempre este Divino Modelo de infinita humildade, se tornaram tão humildes, que às vezes, os mundanos são tentados a tachá-los até de loucos, quando eles mesmos, ou seja, os santos consideravam uma verdadeira loucura,  pretender elogios e estima sendo como eram um nada criminoso, enquanto que Jesus, a própria inocência e santidade, fez-se obediente até à morte e morte de cruz.


Caríssimos, já que Deus só dá sua graça e sua luz aos humildes, peçamos sempre a humildade. Pedindo, pois, a humildade, pedimos uma riqueza espiritual que vale bem longos anos de súplica. Deus nos dará a graça das ocasiões de praticarmos a humildade através das humilhações que sofrermos. Não deixemos passar estas graças, que elas não sejam vãs em nós. Rezemos sempre com grande desejo e sinceridade: "Jesus, manso e humilde de coração! Fazei o meu coração semelhante ao Vosso!" Amém!

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