LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, dia 18º
Antes de expor os argumentos da Tradição é sempre útil ver
quais são os adversários da tese e refutá-los. Pois bem, como todos sabem, os
grandes adversários do Sacramento da Penitência são os protestantes. Estes,
seguindo Calvino, e também os ímpios modernos ousam dizer que a confissão era
desconhecida nos primeiros séculos do Cristianismo. Sustentam que a confissão
data dos 4º Concílio de Latrão em 1215, época em que o Papa Inocêncio III
tê-la-ia inventado. Caríssimos, isto constitui um grave erro que denota a mais
grosseira ignorância, ou, pior ainda, é uma demonstração da mais insolente má
fé. Vamos ouvir Santo Afonso: este grande Doutor da Santa Igreja diz que o Papa
Inocêncio III, não fez senão determinar o tempo em que a confissão deve ser
feita pelos fiéis, isto é, ao menos uma vez por ano, como já haviam prescrevido
os papas Inocêncio I (+ 417), Leão I (+ 474), Zeferino (+218). Além disso,
sabemos que a Tradição e a História da Igreja se apoiam no Santo Evangelho de
S. João para provar que a confissão foi instituída por Jesus Cristo. Suponhamos
os Sacramento da Penitência como a Igreja o administra, realmente estabelecido
por Nosso Senhor Jesus Cristo: Eis aqui os fatos que se devem produzir e dos
quais a História Eclesiástica dá, sem dúvida, testemunho; os Padres da Igreja
falarão da Confissão em seus escritos, e dirão que ela vem de Jesus Cristo; hão
de afirmar que é necessária à salvação, que deve ser feita com sinceridade e
com contrição; que só os sacerdotes podem absolver, etc. Os Concílios traçarão
as regras aos confessores, para remediar os abusos que nascerão em diversas
épocas da história. Conservar-se-ão muitos nomes de confessores que prestaram o
socorro de seu ministério a personagens históricos. Talvez se encontre nas mais
antigas igrejas o lugar dos tribunais da penitência; enfim, as seitas separadas
da Igreja de Jesus Cristo, desde os primeiros séculos, terão provavelmente
conservado alguns vestígios dessa salutar instituição.
Consultando as antiguidades eclesiásticas obteremos
precisamente estes resultados que acabamos de enumerar. Até historiadores
protestantes, devendo ser sinceros diante da evidência, declararam que a
Confissão entre os Católicos já era exercida nos quatro primeiros séculos. Por
exemplo, o historiador protestante Gibbon diz: "o homem instruído não pode
resistir ao peso da evidência histórica que estabeleceu a Confissão como um dos
principais pontos da doutrina católica em todo o período dos quatro primeiros
séculos".
Entre outras seitas heréticas encontramos também quem dá
testemunho histórico da existência da Confissão já nos primeiros séculos da
Igreja Católica. Por exemplo: os eutiquianos, os jacobitas, os armênios, os
nestorianos, em um palavra, as Seitas do Oriente, separadas da Igreja Romana
desde o 4º e o 5º séculos, praticavam a confissão como necessária. Muitos
sábios autores atestam que se vêem nas catacumbas de Roma os confessionários
próximos aos altares, cujas pinturas, semelhantes às de Pompéia, remontam aos
primeiros séculos do Cristianismo.
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