LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Em Teologia usam-se os argumentos tirados das Sagradas
Escrituras e depois os argumentos da Tradição. Frequentemente, usam-se também
os argumentos da reta razão humana. Esta mostra a conveniência de uma determinada
tese. Assim, em se tratando da origem divina do Sacramento da Penitência,
vamos, com a graça de Deus, apresentar também os argumentos da reta razão, ou
também chamados argumentos do bom senso.
Pois bem! O mais simples bom senso nos mostra que a
confissão não pode ter senão uma origem divina. Suponhamos que seja uma
invenção humana; certamente, uma tal invenção é bastante notável para que se
conhecesse o seu autor. Sabe-se o primeiro cultor da ciência: foi Thales.
Arquimedes inventou as espelhos-ustórios; Nilton descobriu a lei da gravidade;
Gutemberg descobriu a arte de imprimir. Pedro Álvares Cabral descobriu o nosso
querido Brasil; Colombo descobriu a América etc. etc., ... quem é, pois,o
inventor da confissão? Foi, acaso, um grande santo? Mas acabamos de ver no
artigo anterior que os santos Padres desde os mais próximos dos Apóstolos já
supõem a confissão como um fato existente e conhecido. Logo, não foram eles que
inventaram a confissão. Se os padres, os bispos e os papas fossem isentos da
confissão, aquela afirmação teria alguma aparência de verdade; eles, porém,
estão sujeitos a ela como os simples fiéis. Onde, pois, a razão que os
induziria a impor-se uma obrigação tão humilhante? Por que força secreta teriam
eles podido constranger os reis a irem ajoelhar-se ante um pobre padre para lhe
fazer acusação de suas fraquezas, a submeter-se sem réplica às suas decisões, e
receber dele, com respeito, uma penitência proporcionada às suas faltas? Se os
padres tivessem inventado a confissão, teriam sido levados por um motivo
qualquer. Qual seria este motivo? O interesse? Evidentemente que não; pois o
confessor não recebe remuneração alguma pela confissão. O prazer? Mas sabeis o
que é ser confessor? - Ser confessor é
ser escravo de todos - depender dos outros desde a manhã até à noite - a
qualquer hora do dia e da noite. O confessor tem que sondar as chagas mais
repugnantes, sem tremer, ouvir os crimes por maiores que sejam, sem
arrepiar-se.
É sobretudo à cabeceira dos doentes e moribundos que os
padres devem estar presentes. O padre deve administrar os sacramentos aos
pestíferos com risco de contaminar-se do mal. Sua vida é uma vida de
sacrifícios, de prisão e de fadiga, sobretudo no confessionário e junto aos
leitos dos doentes.
Quem teria inventado a confissão? Talvez os fiéis? Mas esta
segunda suposição é tão absurda como a primeira. A confissão é um
constrangimento, um ato de humildade. Ora, o homem, em lugar de submeter-se de
boa vontade a uma coisa que o constrange e humilha, é ao contrário levado a
repelir tudo que o contraria.
Quando alguns do Anglicanismo quiseram introduzir a
confissão na Inglaterra; que resultou? As revoltas populares, os gritos
sediciosos levantaram-se ao mesmo tempo em todos os pontos do país. Uma tal
imposição por parte de fiéis só merece a irrisão pública. Só Deus tem
autoridade para impor este ato de humilhação como condição para se receber o
perdão dos pecados. Portanto, o homem não podia inventar a confissão; ela é
obra de Deus. Só Ele, o soberano Mestre, a poderia impor ao homem; e o homem,
qualquer que seja, rei ou súdito, rico ou pobre, é obrigado a submeter-se a
essa lei divina, sob a terrível pena de condenação eterna para os que, depois
do Batismo, tenham cometido pecado mortal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário