sábado, 20 de julho de 2019

OCASIÃO PRÓXIMA VOLUNTÁRIA E ABSOLVIÇÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, dia 20º

Como já vimos anteriormente em outro artigo, todos os teólogos tradicionalistas concordam em que o mesmo preceito que nos proíbe pecar nos proíbe também de nos expor à ocasião próxima voluntária. Daí conclui-se que aqueles que estão na ocasião próxima voluntária não podem ser absolvidos, a menos que se proponham firmemente a fugir destas ocasiões; pois, só o fato de se exporem a elas é para todos um pecado grave, mesmo quando lhes acontecesse por vezes não sucumbir.

Quando a ocasião voluntária está atualmente presente, como ensina São Carlos Borromeu, o penitente não pode ser absolvido antes de ter afastado a ocasião; pois, sendo o afastamento de uma tal ocasião um ato que lhe custa muito, se o penitente não o executa antes de receber a absolvição, dificilmente se resolverá a isso depois de a ter recebido.

Com muito maior razão não poderia ser absolvido aquele que se recusasse a afastar a ocasião, prometendo apenas não mais recair no pecado.  Uma comparação: é possível alguém colocar uma estopa no fogo e ela não se queimar? Assim, como pode alguém ter a confiança de evitar o pecado, permanecendo na ocasião? E isso sobretudo em se tratando de ocasião de pecados contra a castidade com outrem. Na verdade,  a mulher é estopa, o homem fogo, e o demônio o soprador e atiçador.  Cabe aqui aplicarmos a palavra do próprio Espírito Santo: "Vossa fortaleza será como uma mecha de estopa, e a vossa obra como uma faísca; uma e outra se queimarão ao mesmo tempo e não haverá quem as apague" (Isaías, I, 31).

Um sacerdote ao exorcizar um possesso, obrigou o demônio a dizer qual de todos os sermões lhe desagradava mais, e confessou: "O sermão sobre ocasião". Contanto que a ocasião permaneça, pouco importa ao demônio que se façam bons propósitos, promessas, juramentos e mesmo muitas penitências; enquanto não se afastar a ocasião, o pecado permanecerá. A penitência que indica o verdadeiro arrependimento é justamente o fugir da ocasião próxima. Por exemplo: aquele e aquela que vivem em adultério, só podem ser absolvidos si se separarem de fato, não só de leito, mas também de casa. E para comungar exige-se um certo tempo que seja suficiente para todo mundo ver que realmente se converteram. Sem isto, dar a comunhão, seria motivo de escândalo, e, portanto, um enorme prejuízo para as almas.

A ocasião, principalmente em matéria sensual, é como que um véu que se tem ante os olhos, e que não mais permite ver nem Deus, nem inferno, nem paraíso. Enfim, a ocasião cega o homem; ora, quando cego, como poderá distinguir o caminho do céu? Tomará o caminho do inferno, sem saber para onde vai. É preciso, pois, que aquele que está em ocasião de pecar se esforce por sair dela; de outro modo, ficará sempre no pecado. Alguém dirá: ninguém pode ir para o inferno sem saber que está indo. Resposta: primeiro para os modernistas que procuram tranquilizar as consciências no pecado, devem ficar sabendo que isto pode enganar, mas não salva, porque o demônio é astuto. Que faz ele: leva a pessoa a encontrar argumentos facilmente com a cumplicidade das pessoas da Igreja, leva-a achar até santo aquilo que lhe é agradável à natureza. Mas o demônio tira esta venda dos olhos do moribundo e tenta-o ao desespero. E muitas almas podem se condenar por isso. Só a verdade é que salva. A mentira e o erro são  obras do demônio e só podem levar à condenação.  


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